sábado, 11 de junho de 2011
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Cabo Verde
Ilha isolada pelas margens do mar é o centro de beleza chama-se: Mayra Andrade e é fruto maduro. A bossa nova é pejada por uma tonalidade africana, a bateria a proporcionar um início perfeito a que se junta o contrabaixo, surge Maya Andrade veste de vermelho, é um vulcão ou a sua lava, ambos ao mesmo tempo. “Uma mulher”, a narradora onisciente, “uma beleza que me aconteceu”, “o seu corpo contra o seu”, “me falou que o bem é mau e o mal cruel”, pausa, guitarra acústica, “dor”, solo do contrabaixo, “quis inventar”, “natureza feliz”, “como é bom tocar um instrumento”, solo da bateria, “besteiras de menina, disse não”, a precursão é batuque de samba. Mayra Andrade irrompe pelo scat: “LelE”, “como é bom tocar”, pausa, “um instrumento”, “OoOOOo”. Segundo tema: Mayra segura um instrumento ritmico, que oferece à canção uma perspectiva infantil, o corpo da música pretende aproximar-se de um jazz tropical, o crioulo coloca-a em São Vicente, “decionario”, “magia”, “realidade de hoje em dia”, “democracia”, “pra buscar”. “Muito obrigada a todos muito contente por estar nesta sala magnifica. Nesta sala não sei… Não vou dizer de 1910. Mas pus um vestido assim”, sorri e coloca a mão sobre a anca esquerda e parece puja-lo como se fosse uma sereia a apresentar-se ao noivo na noite de núpcias. Bateria, contrabaixo, “esse milagre”, guitarra, “onde é maior”, “bandeira que tem”, em crioulo, “AlAlAlao”, “na bandeira”, “Aiooaiooai”, com repetição oral por parte do guitarrista, o solo deste prolonga-se, “bandeira”, “lha bandera”, “AioAioAioAi”. “Obrigado”. Na quarta canção, a guitarra impõe acordes curtos, que servem de métrica à letra: “deixem-me contar uma história”, “de um amor”, “tanta história para contar”, “eternidade”, embalada por um funk imposto pelo contrabaixo e pela bateria: “leliai leiliai leiliai”, “leilia oliae laie laia”, com voz grave do baterista a fazer de coro, solo do contrabaixo, “tanta história pra contar”, “filhos do Atlântico”, “Cabo Verde”, “laileilailadia”, coro “leeileiaa”, Mayra: “Lelalaielllalaei”, “leilaielaielaia”, abana as ancas enquanto dança de costas para o público sentado em cadeiras estofadas no Casino da Figueira da Foz. As escovas da bateria impõe um ritmo lento e intimista, à quinta canção, “AA” sem microfone a criar um eco, “sonho grande, bonito cheio de luz”, “que grande cruz”, “estrela brilhante”, falseto: “EEEEE”, “venganza”, solo da guitarra em paralelo com o contrabaixo, o ritmo quase se esquiva para o silêncio, “tem um sonho”, “sonho grande”, “segura”, “grande cruz”, “venganza”, “estrela brilhante”, tensão rítmica, “abbabebe”, com a boca fechada: “Mmmmye”, boca aberta: “EeEEEEE”. Sexta canção: Bateria/baixo, progressão gradual, scat: “OOOO”, “OOOOOO”, “OOO”, “OOO”, “OOOO”. A sétima canção começa como a anterior, o meio tempo serve de base que por vezes é reprimido por uma alegria contagiante: “Muita saudade”, a dor que não magoa mas que nos fere porque Mayra Andrade chora como uma viúva cabo-verdiana: “AIAIAIAIAI”, “AIAIAIAIA”, “OOO Byeyeye”, solo da guitarra, “fica a saudadi”, “AIAIAI”, break beat, Mayra Andrade dança como se estivesse abraçada ao seu amor. O ritmo lento mantém-se na oitava canção, a guitarra desafia esta estrutura e apresenta-se um pouco revoltada, “sem sinal”, “dispedida”, “chicotadas”, solo do contrabaixo, chora: “eieiuaaaeaaa”: “OOOOOO”: “AIAAAAAEEE”: “AAOOOOOO”, o ritmo acelera ligeiramente e o contrabaixo salpica-a de um dramatismo intenso. A guitarra acústica é substituída por uma eléctrica picola, a melodia é uma morna de alterne cantada em castelhano, “Bessame com passion”, “mira-me porque quiero alcançar tu alma”, “quiero Salir de tus braços”, “perder la calma”, “bessame com passion”, “sentimiento”, “sentimiento”, solo de guitarra, “mas puro sentimiento”, “como lo siento”, “lha sé mas bien el camino”, “el camino percorrido por la guitarra”, Mayra Andrade dança de frente para o público. “Uma salva de palmas para Pablo Milanes”, o autor da canção. “Tu nunca”, a percursão é apenas um elemento postiço, já que é o contrabaixo que acompanha a voz da diva, “tu nunca”, “corazon”, “corazon”, “nacionalidade”, palmas, bateria/guitarra, “embarca para São Tomé”, palmas, “tu nunca”, a guitarra incendeia a canção e orienta-a para o fim, com ajuda da pequena percursão que Mayra Andrade toca. O décimo primeiro tema, tem por base o djambé, e o contrabaixo, Mayra não gosta da cor amarela das luzes, “Maria Bethania, disse um dia: ´Tira-me esse amarelo de cima de mim, não sou nenhuma bananeira`”, o técnico demora a perceber a ironia da princesa de Cabo Verde, “comme si non pleuveux”, tem um coro que lhe dá uma alegria que a letra não contém, “jolie le soir”, “chaque jour”, coro: “comme si non pleuvex”, “a pris”, “Lalala”, coro: “Comme si non pleuveux”. Scat: “Lalalala”, coro: “Comme si non pleuvex”. Décimo segundo: bateria/guitarra, “I need”, “until I do”, “I `m hoping”. “I love you”, estas três palavras saídas da boca de vulcão de beleza, ganha a certeza de serem de um erotismo magico, a canção é uma versão de um tema dos Beatles, um dos mais medíocres que estes criaram: “I Want”, “I Want”, “I Want”, “I love you”, “Michele”, “The words I now”, “Michele ma belle”. Á decima terceira canção, Mayra Andrade pede uma “participação fortíssima do público”, “Oh! Senhora da magia”, palmas, “mostram cultura”, palmas, “Obé, obé, obé”, palmas, “OH! Mulher sabida”. “Carrossel”, insere-se num ritmo brasileiro, “et la vie sorrie”, a esperança é uma tontice: “dans la folie de l`espoir”, “de mon couer”, “dans le ciel”, “revê”. Mayra dança enquanto a guitarra eléctrica picola prossegue e inconscientemente lhe responde, mas Mayra não a ouve e continua a desfiar a sua tristeza: “Dans le ciel”, que não contagia o público que lhe responde com palmas e a pérola dança: “Caroussel, tourné ma vie”. O cavaquinho remete-a para Cabo Verde, assim como o creoulo, “Marinheiro”, é uma ou traz uma “melodia”, que tem “poesia”, “animal”, “melodia”, “poesia”, “balanço de mar” este verso é o espelho do ritmo da canção, “turbulento o tempo”, saudade: “OAAAAAA”, “balanço de mar”, “um tempo”, e a sequência seguinte é preenchida com solo do cavaquinho, bateria e baixo, seguram o ritmo, “brisa de mar”, “balanço de mar”, “um tempo abençoado”, “balanço de mar”, “tempo abençoado”, ritmo 2x2, scat: “AAAAAAAAAAAAAA”, “TATATAAATA” que é repetido pela bateria. Palmas. O penúltimo tema é slow em creoulo, e que tem como correspondente a “lua”, sponken word, “na boca”, canta: “lua”, “OIOIIOIOIOIOIOIO”, “lua nova, cheia, redonda”, a guitarra eléctrica picola é dedilhada nota após nota, o solo deixa a sala em chamas que ardem como a pedra nas mãos da lava. A percursão dá sequência à morna pop, “OIOIOIOIOIOIOIO”, coro: “OIOIOIOIOIOIOIO”. A última é mais uma morna de cariz arrebatador, “nina”, “EEEE”, “menina oi”, “menina EEEE”, “vo pra casa jantar”, “sucupira”.
Mayra Andrade, 9 de Maio, Casino da Figueira @ Figueira da Foz
Mayra Andrade, 9 de Maio, Casino da Figueira @ Figueira da Foz
quarta-feira, 1 de junho de 2011
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