sábado, 23 de setembro de 2017

Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura

Na janela embaciada do nosso quarto observo um quadro bucólico do Noronha da Costa onde consta a silhueta de uma mulher com um vestido escuro do século XV que acena um adeus que amargamente retribuo, e enquanto o vidro é salpicado por chuviscos que tingem a sombrinha de lágrimas deito-me numa cama de lençóis intempestivos impregnados de sémen e do perfume a lírios líricos da sua vulva, e tento abstrair-me da melancolia de quando era adolescente e testemunhava os dias de Setembro a se curvarem poeticamente perante a sedução do Outono, fecho os olhos e revivo o seu sono profundo de quem está num labirinto de onde não consegue sair; encontro-me no Salão Brazil onde irão decorrer três concertos: A Jigsaw; Raquel Ralha & Pedro Renato; Victor Torpedo reunidos com o objectivo de angariar fundos para socorrer os gatos urbanos de Coimbra; A Jigsaw apresentam-se sem um dos seus elementos nucleares o João Silva (que se encontrava a musicar a peça “TOMEO Histórias Perversas” levada à cena pela Escola da Noite) e assim restava o João Rui (guitarra acústica/voz) com os convidados: Tracy Vandal (voz); Victor Torpedo (guitarra eléctrica); Pedro Antunes (baixo eléctrico); e é o João Rui e a Tracy Vandal que são os centros narrativos de histórias de amor e sangue emolduradas em universos em que predomina o rock e o western billy, que ganham uma considerável dimensão sónica através da qual é transmitida uma imprevisibilidade excelsa; quando a Tracy Vandal é a protagonista as canções ganham um pendor poético em que a esperança é uma tragédia que ama o pathos; e um fio de lã orienta-a para uma cascata e do céu pende uma corda que trepa e vislumbra um galeão com corsários que vogam por entre as nuvens de algodão doce cor-de-rosa, e secretamente está perturbada por se encontrar ausente da nossa casa com vista para o mar e uma convulsão repercute-se pelo seu organismo como um garrote de dor que é incapaz de contrariar e por instantes sente em si o amor que nutro por ela e o desejo que me corrompe as veias carcomidas pelo tempo, e tem ao seu lado um fantasma e quando trocam de olhares o seu rosto é reflectido nessa personagem e fundem-se e respira fundo e quando abre os olhos a lua é um papagaio manipulado por uma criança esquecida pelos pais num ventre em que predominava a solidão e tenta rasga-lo mas não lograva perpassar o casulo, pensa em gritar mas fraqueja e se ouve o seu choro julga que é de uma outra criança e em vão desespera; a Raquel Ralha (voz) e o Pedro Renato (guitarra eléctrica) fazem-se acompanhar pelo Sérgio Costa (guitarra eléctrica) e por um Mac que introduz a base das canções que correspondem a versões de originais da segunda metade do século XX, às quais é-lhes adicionado um negrume que as torna tão belas quanto tóxicas algo que paradoxalmente as revitaliza enquadrando-as no século XXI, sobrevém a voz da Raquel Ralha que lhes dá uma profundidade impar que conduz o ouvinte por universos estranhos mas que é incapaz de lhes fugir dada a sedução dramática do seu timbre de voz, visceral; e tenta saltar do galeão mas é impedida pela Outra X (1) e são-lhe colocados agrilhoes e movimenta-se como se fosse uma pata choca a arrastar os pés pelo convés em direcção à proa, e lentamente passa a mão pelo seu cabelo preto e as ondas repercutem-se à sua volta e julga que está a ser penteada pela sua mãe de mãos de gigante e sussurra o seu nome na esperança que a salve, porém o horizonte é-lhe imposto num rascunho que descreve em numeração romana os rostos dos seus familiares que em fila indiana mergulham da lua para o além, e o primeiro choro de um recém-nascido é liberto da sua boca em botão de rosa vermelha e desperta as algas e os limos que abandonam o mar e impedem a persecução do galeão, e Outra X (1) julga que embateu contra uma nuvem de chumbo e ordena aos escravos para apontarem os canhões para o inimigo invisível, e ao desencalhar descobre que a prisioneira desapareceu e dá violentamente com a bengala sobre a cabeça de um anão sinistro que desmaia, e corre à volta do navio e desesperada espreita para baixo e vê-a a escorregar por um halo e gradualmente desaparece da sua vista; Victor Torpedo veste o seu fato de astronauta e no ecrã surgem os vídeos das canções pop-lo-fi com a respectiva letra, raramente se fixa no palco preferindo enfrentar e desafiar o público a cantar os refrães absurdos, e ainda compôs uma canção “I Love Cats” que demonstra a paixão do cantor/performer pelos felinos, e instituiu a festa; e uma ínsula sob um lusco-fusco intermitente com palmeiras e um mar de topázio voam gaivotas de papel que grasnam e acordam-na e toca no seu tornozelo onde se encontrava um bilhete em hebraico e desolada olha em seu redor e o ar a fugir-lhe e as margens da ilha cada vez mais pequenas e ela cada vez mais grande e dá um grito que irrompe em trovões e assusta as andorinhas do mar, e o silêncio angustia-a e põe as mãos sobre as orelhas com brincos de madrepérola da avó e agacha-se como um índio à espera de um sinal de fogo e com um lápis desenha na areia um universo em que as estrelas e os planetas se conjugavam em seu redor para a amar.

A Jigsaw + Raquel Ralha & Pedro Renato + Victor Torpedo (a receita angariada reverteu a favor do Fundo de Socorro Animal do Grupo Gatos Urbanos de Coimbra), 22 de Setembro, Salão Brazil, Coimbra.

(1)- Nome de uma canção dos GNR com poema de Rui Reininho e composição de Tóli César Machado incluída em "Retropolitana" (2010).

Em memória do Cícero.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Eu Hei-de Amar uma Pedra

A minha mãe dá-me a mão e descemos a estrada que dá acesso à praia da Zambujeira do Mar, o meu irmão ficou com o meu pai no Rita enquanto esperava que acaba-se o segundo café da manhã, na curva cruzamo-nos com uma senhora alta e imponente que empurra um carrinho de bebé cor-de-rosa, e pede-lhe para espreitar para o interior e quando se inclina vê uma bebé rechonchuda de olhos bem fechados a sonhar com o futuro que sorri, “que bonita es su hija”; a minha mãe adora recém-nascidos e crianças aos quais descobre motivos para se deslumbrar continuamente, e é por esta razão que eu nunca desejei crescer apesar dos meus doze anos fazerem de mim um “homem” aos olhos orgulhosos do meu pai, que me incentivava a esquecer a infância e a ambicionar a idade adulta mas infelizmente ficarei retido na adolescência; “como se llama?”, encontrava-se em Portugal há quatro anos e ainda não dominava o português e pede-me ajuda, “como é o seu nome?”; na praia pontuavam guarda-sóis como azulejos num padrão heterogéneo e o sol cavava na areia uma brilhantina prateada onde cintilavam conchas e migalhas de restos das lágrimas do atlântico, e a maré destapava o que pareciam ser bustos de africanos contornados por um punhado de peões; sentado num sofá preto inscrevo num caderno as ondas sonoras de uma guitarra eléctrica tocada por um americano baptizado de Hudson Ritchie, que tem a honra de estrear o palco diurno do Festival Gliding Barnacles instalado à frente da praia do Cabedelo, e o seu som é monótono e desprovido de chama que seja capaz de alguma estilização; o segundo é um jovem que não nasceu O Gajo é Parvo que manipula uma guitarra eléctrica acompanhada de loops e o resultado é de um anacronismo exasperante; quanto à dupla Urso Bardo divididos entre bateria e a guitarra eléctrica misturam o rock e o psicadelismo e quando este tem um maior pendor as canções ganham dimensão sónica; o segundo palco está instalado na garagem Auto-Peninsular no Bairro Novo da Figueira da Foz, o horário é noctívago e o indutor sonoro é da responsabilidade dos Drunks on The Moon que apresentam canções de teor delicado e soturno, a luz advém da voz da Manon Capelline que serena qualquer alma perturbada, a viagem entre o universo rural americano e o vaudeville parisiense é dolorosamente bela; os Subway Riders inscrevem um conjunto de canções que ora são versões de clássicos ou originais que sofrem com uma decomposição implementada de forma visceral que conduz a amar o absurdo como se fosse o centro da consciência humana; a minha mãe ouviu a resposta e instantaneamente reage, “que hermoso nombre!”; e delira por a bebé perfazer hoje um mês de nascida, “feliz cumple años baby!”, e obriga-me a espreitar para o interior do carrinho e a sombra enquadrava-a numa beleza de anjo puti a soprar um sopro como se estivesse a devolver a fantasia à realidade ou como se fosse Isolda e Julieta siamesas, “maravilloso mama”, e é feliz por ter visto um milagre que somente ela e eu testemunhara-mos e continuamos o nosso percurso até à praia, onde atravessamos um caudal de água doce que julgava suja e obriga-me a lavar as sandálias e os pés ao mar; e besunta-me de Nívea apesar dos meus protestos, “Jimmy el sol puede matarte!”, contra este argumento restava-me ficar calado mas tenho vontade de rebolar-me na areia como um caniche com sarna mas encontrava-se a escaldar e ficaria salpicado de varicela; no palco da praia do Cabedelo está Calcuta que tem uma voz poeticamente envolvente e a sua guitarra eléctrica é de uma flutuação assertiva que evoca um bucolismo pop que não se espelha neste dia ventoso que o sol teima preguiçosamente em aquecer, quando deriva para um esoterismo bíblico quase resvala no ridículo; Red Italian Hunter executam as canções num contínuo e perpassam diversos géneros musicais: rock, rock psicadélico, jazz, reggae, new wave, surf rock, as que sobressaem devido ao seu pendor sónico são as rock; quanto aos Daltonic Zebra dividem-se entre o decalque ao grunge e à soul/blues e são estas canções que devem ser ouvidas com atenção porque demonstram laivos de originalidade; no palco da garagem da Auto-Peninsular estão os Ditch Days que são um conjunto indie-pop mas que são naturalmente descartáveis porque se resumem a clichés; a dupla Ghost Hunt confisca uma sonoridade synth rock e ou kraut rock e a relação entre o baixo eléctrico do Pedro Chau e dos sintetizadores e da mesa de mistura do Pedro Oliveira erigem uma estrutura que subliminarmente se impõe em ângulos tão diversos quanto complexos, as novas canções não têm como objectivo a dança mas antes a dos neurónios intoxicados com tal procedimento épico; no palco instalado no Jardim Municipal, que em tempos patinhos feios mergulhavam num charco enquanto as crianças desciam do escorrega, os Cosmonauts têm uma secção rítmica tão poderosa quanto a dos Stone Roses e este groove permite a que as guitarras sejam de um psicadelismo estonteante e quando a dupla de guitarristas dividem as vozes instituem um romantismo de adolescente dominado pela libido, alucinante; o meu pai está deitado de barriga para baixo com o EXPRESSO dobrado numa mão a ler a crónica do MEC e a rir a espaços como se encontra-se na perspectiva irónica do jornalista sobre os portugueses a sua, pergunto-lhe se quer ir até a outra ponta da praia onde os rochedos formam uma piscina natural, mas não tira os olhos do jornal e resta-me acompanhar o meu irmão a lavar os pés numa poça de água para o proteger da corrente ténue, e não foge à creme da minha mãe que nos acarinha preferencialmente quando nos sente vulneráveis num espaço que estávamos a iniciar a descobrir; no palco na praia do Cabedelo, El Bastard realizam demoradamente o sound check; e as suas canções derivam do hard rock ao qual não conseguem injectar insulina para lhes dar outra perspectiva que ainda não tenha sido derramada para um vinil com mais de três décadas de edição; YGGL somente com uma guitarra eléctrica e uma caixa de ritmos institui um percurso que passa pelo rock, psico-billy, kraut rock, pós-rock, rock industrial, efectivamente perturbante; e os Moon Preachers oferecem um compêndio que tem como princípio o psicadelismo que segregam através do rock de forma tão equilibrada quanto subtil; na garagem da Auto-Peninsular os 800 Gondomar libertam-se da raiva da adolescência com canções rápidas e distorcidas que são de um pragmatismo canibal (pena que o público não tenha correspondido a este chamamento); seguem-se The Twist Connection que canção após canção estabelecem uma lógica de rock and roll tão sólida quanto vibrante e urgente e o público responde ao Carlos Mendes instituindo a anarquia; no palco do jardim onde se passeavam na Primavera reformados cabisbaixos que procuravam o dominó, estão os TT Syndicate e a sua estrutura musical é assumidamente o blues que ganha outros parasitas que o revigoram, porém há um academismo que os coloca num passado que não conseguem revitalizar; e passeamos por entre os africanos talhados a cinzel e a escopro pela força das marés e suponho que seja triste serem encavalitados por gaivotas que lhes cagam nos ombros caspa, procuramos em desfiladeiros caranguejos que lentamente se deslocavam para trás num suave movimento de quem vislumbrou dois dinossauros que os queriam devorar enquanto palitavam os dentes; e sentamo-nos numa sombra mortiça que gradativamente se emagrece numa lenta contracção perante os raios de sol oblíquos que nos aquecem as cabeleiras, passam senhoras que mencionam o “Platini” numa língua estranha que lhes oferecem um mistério que me instiga a olhar para os seus seios nus como se fosse a primeira vez, e um pescador trepa um preto e fica sentado a inspirar a maresia que exala uma pureza de pérolas luzidias num sentido olhar das marés sobre o céu, em que os peixes descobrem uma força que os conduz aleatoriamente por entre limos e algas que se emaranham como se fossem cabelos da terra a tingir-se com as cores amargas da velhice, o anzol com chumbo e a minhoca esperam desvia-los da corrente para gáudio dos seus amigos e familiares num repasto para celebrarem a pescaria demolhada em vinho carrascão; no palco da praia do Cabedelo estão os Wipeout Beat que têm como base sonora teclados que implementam melodias lo-fi mas de um romantismo ao qual está inerente um kitsch decadente, as novas canções poderão ser avaliadas segundo o parâmetro da excelência; o Rapaz Improvisado com a sua guitarra eléctrica introduz um universo predominantemente western com variações que por vezes são citações de clássicos de filmes de Hollywood; e os surfistas do Gliding Barnacles com os fatos de gala escolhem-no para realizar uma parada em que se colocam lado a lado com as long boards empinadas de costas para o horizonte como se fossem descendentes do louco do Neptuno; El Senor discorre pelo surf-pop-rock e neste triângulo amoroso delimita fronteiras que as impregnam de um equilíbrio pronunciável; Tigre y Diamante é uma dupla dividida pela voz/guitarra eléctrica e bateria, se inicialmente usam o castelhano sobre amores frustrados e que por vezes são pirosas, quando o substituem pelo inglês e o agrupam ao rock transformam-se numa força de cariz indominável ao qual se associa o desejo pelo risco através de pontuais e soberbos improvisos; quando o lusco-fusco cobre o mar de cinzento atiram as peças da bateria para a praia onde se amaram dois estranhos em Junho, memorável; no palco da garagem Auto-Peninsular os Miami Flu não conseguem estabelecer um fio estético homogéneo com a agravante de as referências serem a fonte primordial das suas composições, salva-se a versão dos Deep Purple; quanto aos Thee Eviltones são uma constante deflagração de géneros que têm como centros, o punk, o rock garage e o rock and roll, isto com uma violência atroz que é inegavelmente vital, há a realçar a performance do Rambllin Erikk que desafia o público a reagir violentamente às suas ordens/investidas, épico; no palco do jardim onde os pombos se encontravam para copularem atrás de arbustos de papelão, está quase a surgir o Legendary Tigerman; e o concerto tem uma primeira parte em que predomina o rock/blues e confisca a consciência dos presentes, e uma segunda onde domina o rock que liberta o corpo dos fãs; e quando a multidão está hipnotizada Legendary Tigerman atira-se para os seus braços que o transportam para o palco sem um único arranhão, assim perde-se o sentido do risco a que está inerente um concerto de rock and roll e apresenta-se um espectáculo devidamente encenado para as massas; regressamos para junto dos nossos pais e o meu progenitor surpreendentemente toma a iniciativa de seguirmos “numa corrida” até ao tanque de rochas; onde entramos lentamente ofegantes um a um através de uma racha que nos refresca com uma brisa ténue e por entre os seixos que caíram do tecto entro na água que me encobre gradualmente até ao peito e mergulho e volto a mergulhar a experienciar a liberdade que somente a natureza é capaz de ofertar, e deixo-me em suspenso no fundo com os braços a prenderem as pernas como no ventre da minha mãe na esperança secreta de jamais ser expulso por mau comportamento, sinto o que cheira e o que come alimenta-me e se ri eu rio e se dorme e acorda a chorar eu choro copiosamente como se estivesse a ser abandonado pela sua doçura ancestral, oiço um eco longinquamente a gritar: “Jimmy! Jimmy!”, mas pouco me importa e a mão de um guindaste puxa-me abruptamente para fora do teu útero, “estás louco! Que é que te passa pela cabeça?”, e expiro e não percebo a agressividade do meu pai; e na nossa praia sob o guarda-sol a minha mãe olha para mim a censurar-me pelo acto que julga tresloucado para uma criança, que guarda para si o que me tem para dizer e assim não acicatava a vontade do meu pai em pespegar-me uma palmada, e dou-lhe um beijo para lhe pedir desculpa e leva-la a crer que me irei corrigir e que jamais terei a tentação de me imiscuir novamente no seu útero com o aroma do mediterrâneo de onde nasci; sentado num sofá preto observo no palco da praia do Cabedelo o surfista Beau Young que com a guitarra acústica canta alguns clássicos e nos intervalos fala como se estivesse em sua casa num lugar remoto da Austrália, muito relaxante e dou a mão à Sagres que me beija com hálito à THZ…; antes do meio-dia somos obrigados a abandonar a praia por causa “del cáncer” e eu dou-lhe a minha mão e o meu irmão dá-a ao nosso pai e seguimos para o “chiringuito”, isto é, um café que distava uns míseros oitenta passos e na esplanada estava sentado o António Tavares-Teles (que foi quem nos convidou a conhecer a Zambujeira do Mar), e tem a seus pés um galgo branco afegão deitado numa posse imperiosa a dominar o espaço à sua volta, o nome do cão é-me impronunciável já que me dividido diariamente entre o português e o castelhano, algo que irrita o jornalista desportivo: “Afegasthan!”, e não esconde que está em vias de exaltar-se mas contém-se depois de beber um trago do seu “fino”, estava nervoso porque logo o Futebol Clube do Porto entra em campo para defrontar uma equipa da segunda divisão nacional para o primeiro jogo de preparação da época 1984-1985, “já liguei ao Jorge Nuno Pinto da Costa a desejar boa sorte!”, e o salitre que ainda se encontrava nas minhas narinas causa-me uma comichão desmedida e não consigo conter um espirro violento que assusta o animal que atira duas cadeiras e uma mesa para o chão e saltita pela praia como um espanador de bailarina por entre as toalhas dos banhistas em direcção ao mar.

Gliding Barnacles, 30 e 31 de Agosto; 1, 2 e 3 de Setembro, Praia Mário Silva (Cabedelo), Garagem Auto-Peninsular; Jardim Municipal--Figueira da Foz

Dedicado ao António Tavares-Teles; e em memória da Sílvia Freitas