domingo, 24 de outubro de 2010

The Beat Generation

Um intro de discoteca londrina do final dos anos oitenta marca a entrada em palco The Psychedelic Furs, que poderiam ter sido uma criação de Andy Warhol, se não tivessem nascido em Inglaterra, no pós-punk. O Teatro Sá da Bandeira tem cadeiras de napa que deveriam ter sido removidas, entram os irmãos Butler o que segura o baixo veste um blazer negro com uma caveira de prata na lapela, é alto e o seu rosto ossudo é cortado pelos óculos escuros. À sua direita Richard Butler, a sua voz é grave e confunde-se com o saxofone, empunhado por um homem baixo e sem pescoço, tem a cabeça grisalha e uns óculos escuros a esconder o olhar. Tem a seu lado um guitarrista que raramente se dá conta da sua existência, assim como os teclados dedilhados por uma loura elegante. De realçar que o Sá da Bandeira revela-se como o maior inimigo dos Furs, a acústica é inócua. Após o hino “Pretty in Pink”, “ins`t she?”, “last dress”, “pretty in pink ins`t she?”, Richard Butler, ri, e pousa para as máquinas fotográficas que o captam de preto e óculos de lentes transparente, solo do saxofone, “she”. Bateria, saxofone, soma-se o baixo e a voz: “Stop”, solo do saxofone, “she said”, “sweet dreams”, “scream”, “yes she is a heart beat”, sax, “yeah”, “nobody talk”, “I need a heart beat”, “I need a heart beat”, "I need a heart beat”. Banda, sax, voz, baixo, Richard enquanto imita a gestualidade de uma marioneta de canto desarticulado, desdenha as “movies stars”, “I don`t Want”, punk-rock nova-iorquino, “movies stars”, teclado. Palmas. O público coloca-se à frente do palco abandonando as cadeiras, instala-se uma histeria miudinha. “Thank You!!!”, sorri. “Don`t cry”, “don`t cry”, “Come and go”, funk-rock, “hit me like a train”. O baixo ouve-se gradualmente mais encorpado o que é uma mais valia para se sentir a pulsação dos Furs, “Play”, o saxofone emerge num solo magistral, assim como a guitarra, “all the time”, “memories”. Guitarra, meio tempo, e a bateria e o baixo aumentam o ritmo, sax-solo, progressão, “driving a car”, “but I understand”, electro, guitarra, solo de sax prolongado de Mars Williams numa linha inapropriada que se aproxima de Andy Mackay com ácidos. “Anyway, can you understand? But I can can understand”, “promises”, finalizada com solo louco do saxofonista. O meio tempo “get away”, pop, “absolut crazy”, “parachutes”, “pray”, uma música enrolada num estranho remoinho que leva os corpos para a fogueira mas em simultâneo é a partir do fogo que lhes dá vida. “So romantic”, “crazy”, “AAAAAAAAAA”. A cruzada pelo meio tempo é ganha “talk”, “sister”, “oh yeah”, “morphine?”, “OH Yeah!, “Radio”, tétrica, “dreams”, “oh yeah!”. A equação pop surge através de “papers”, “love”, “she”, “she won`t wait for you”, Richard aperta as mãos dos fãs que dançam aos seus pés, “she can`t wait”, com a pandeireta a ser executada pelo saxofonista a exalar cascavéis. Pop: “land”, artilhada numa wall of sound inspirada em Phil Spector, vertida para um frasco de veneno ao dispor de qualquer criança, psicadélica, “regret”, “head”, “I hear of you”, “pray”, solo do sax. “Full of people”, hard rock, “push”, “I can see”, “Play”, “big cities, big stars, big cars”, “big town”, “get lost”, “who cares? Big cities, big stars, big cars”, suspende os braços à volta do corpo e atira-os para trás a exorcizar o passado. Richard Butler na boca de cena imita o movimento de uma chinesa dentro de uma caixa da música, “Heaven”, pop-psicodramatica, solo do saxofone, “and heaven”, “don´t you fall apart”, “Heaven”, “Heaven, don`t tell you apart”. Richard Butler abandona a banda que dá progressão à canção. Richard Butler, regressa, fica fixo na boca de cena, e ergue o braço direito e estende-o e abre a mão, é a demência da pop surrealista, o saxofone desloca-se para a direita, Richard para a esquerda a berrar: “I DON`T WANT TO CHANGE”, “DON`T LIES”; “NO TEARS”, junto ao público na boca de cena: “Happy”, “say yeah”, “it`s said”, “don`t cry”, “OOOOOOOO”, rock and roll com fonte Velvet Underground, suja. “OOOOOAAAAAAA”. Quando pára de rodopiar, uma ovação eclode, e a electricidade mantêm-se estática à espera do regresso dos Furs, acendem as luzes e as reticencias são saudade.

The Psychedelic Furs, 20 de Outubro, Teatro Sá da Bandeira @ Porto

sábado, 23 de outubro de 2010

Nobel

“No Blue Skies” é cantado por Lloyd Cole, vestido de negro, o seu cabelo grisalho tem uma madeixa branca e uma barba que contorna o seu rosto de 49 anos, sobressaem os olhos escuros que se emocionam enquanto ele narra. “Tell the stars of the skie”, “Looking for someting”, “someone else”, “maybe”, “When I cry to your feet”, “All I `m gona do is cry”, “read”, “baby”, “to prestige”, “feet”, “baby”, “to well read”, “anymore”, “What `s gona fappen when you open your eyes, it`s a brand new day babie, No blue skies”, revista numa versão com três guitarras acústicas. O eterno Commotions apresenta “Broken Record”, com um small ensemble composto por mais dois músicos, sob as luzes estáticas do palco do Teatro Academico Gil Vicente: “Most of the time, so We drink Spanish wine”, “tell the morning”, “the Tv on”, “she`s everyting I need” , country-pop, “Happy most of the time”, “just tired”, “Spanish Wine”, “telling lies”, “We feel fine”, “What`s true”, “crime”. Palmas. “Obrigado”, “Desculpe eu não falo portugues”. Estamos sentados a olhar para o escritor de dramas sociais-sentimentais contemporâneos, que reflecte a perífrase que encaixa nos seus acordes. “Your language is very dificult” . “Perfect Skin”, reflecte uma mulher de pele jovem, morena ou loura, tanto faz, pouco importa, ela é “Louise”, “the way she smiles my way”, solo, as guitarras repetem os acordes, “she takes me down to the baseman”, “Perfect skin”. “Like a Broken Record” , é apresentado com duas guitarras e um bandolim, a profunda ironia: tudo o que a receptora representa soa a um disco partido. “Some of you are drunk? Are you drinking? Because you are students or because you were once students? I Was student once”. “Don't Look Back”, minimal, “a bootle besides her, looks like an angel”, “Faith is never easy when you are young”, “When you are young”. “Woman in a bar”, inspira uma tragédia numa perspectiva estética de Johnny Cash misturada com os U2. Com o bandolim a projectar os acordes de “Writers Retreat” que se instalam na canção como um sample, que varia segundo a voz de Lloyd Cole profundamente melancólica em acordes épicos que inspiram “to ride”, “you can get a beat from a broken heart", “you have nothing to do” , “but to ride”, “you can Write a book, wile falling apart”, “I´m already gone”. Lloyd Cole dá liberdade à sua musa mas em simultâneo abandona-a, antes que tudo se desmembre. É uma sentença, que lhe diz que irás perder a minha atenção, nem é sensível ao seu choro falso, “going for the Sun”, é a Cool América a nascer em Coimbra. “Did you cry When you saw the hole in the skies?”, “radiation?”, resposta: “It´s only sunlight!”, “SO YOU LIKE TO SAVE THE WORLD!” , solo do bandolim, com as duas guitarras a acompanha-lo. “Did I mention that I Have a new record? And the show is on two parts? We can make a break and you can go to the lobby and bye it”. “Are you ready to be heartbroken?”, é a questão mais perniciosa que se projecta numa certeza: “Heart broken”, a guitarra em slide do músico a esquerda de Lloyd, substitui o piano no original. “You are so Happy now”, “are ready to belive?”, nenhum dos estudantes responde à questão, solo do guitarrista à esquerda de Lloyd Cole. “Very, very rock and roll”, é uma narrativa que desconstrói a figura de Lloyd Cole: é rock and roll, mas canta a melancolia associada ao tédio, com as guitarras a conjugar os acordes distorcidos pela mudança de temperatura das cordas da guitarra que as desafina. Bandolim doa à canção um tremelim kitch, “London Sun”, cruel, “precious time”, perdido ao ritmo do tédio. “Love you more undressed”, “It`s really”, pop-country, “disconnect the telephone”, “tell your mother We Went to Rome”. O slow suporta a voz off the Lloyd Cole: “Oh! Los Angeles can you sleep”, “you look so full of cocaine. Los Angeles how can you sleep? So full of cocaine, can you give me some? I `ll take it and I run”, “I ´m suppose to sleep all alone”, “in a mini-bar”, “spectre vision girl” com Lloyd Cole a afastar-se gradualmente do microfone como um uivo a romper a noite. “Like lovers do” é transportado ao ritmo slow progressivo, paranóico, “I like her a lot”, “like lovers Do”, “Julie came, Friday the four, four forty”, “she ran away like lovers do”, minimal, “like lovers do, like lovers do”. A piromania “if she won`t come down, she `ll burn like a forest fire”, o hino de uma inoclastia çega, de tão violenta ao manifestar-se a perífrase, “forest fire”, “let`s go for a spin”, “I Belive in love”, “I Belive in anything is going to get me at, I Want take off my needs”, “there`s a Forest Fire every time we get together”, no fim solo de Lloyd Cole. Bandolim + guitarra acústica, banjo, palmas, “Lost weekend nobody else to blame”, “last Weekend”, “Amesterdam”, “nobody else”. “But they say Love is blind”, “Her name is on you”, “Jennifer in Blue”, “her name on you”, “forever She said”, “you change like the weather this is the rain”. Cole toca os acordes finais, as luzes apagam-se e cai o pano.

Broken Record, Lloyd Cole and Small Ensemble, 19 de Outubro, Teatro Académico Gil Vicente @ Coimbra

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Space Oddity

Tarde de Outubro chuvosa espera ansiosamente pela aparição dos irlandeses U2, que apresentam a digressão “360º Degrees”, no Estádio Cidade de Coimbra, composto por corpos com capas transparentes que ouvem a M80. A banda promove o álbum “No Line on The Orizon”, a capa é uma fotografia de Hiroshi Sugimoto cinzenta tal como as nuvens que rodeiam o palco, composto por um centro onde estão instalados os amplificadores da guitarra, a bateria, e as colunas do baixo, entre estes o microfone de Bono. Este à sua frente terá um fosso de pessoas e duas pontes móveis que lhe permitem estar mais alto do que o palco principal e consequentemente alcançar o segundo palco. Nas extremidades exteriores da circunferência há uma estrutura em metal que se divide em quatro colunas, que progressivamente se vão alongando e se encontram no topo, sob este ponto encontra-se um ecrã circular que tem duas funções: a de projectar imagens e em simultâneo luz. Esta cenografia retro-cibernetica-futurista, é devedora à digressão de David Bowie, “The Glass Spider Tour”, do fim da década de oitenta do século passado. “Space Odditity”, é a música que com as luzes acesas dá sinal para a entrada do quarteto pela esquerda alta. Bono é The Fly, a sua persona que imita Charlot pela passadeira e abre a boca como se as cinquenta e cinco mil pessoas se estivessem a vir na sua boca projectada pelo ecrã. The Edge é o condutor da nave espacial, o impulsionador de uma métrica que oferece a descarga eléctrica sobre o estádio. “Beatiful Day”, “tell me?”, “See the World in green and Blue!”, “get aaway”, “touch me”, a voz ainda não se encontra afinada mas a guitarra mimetiza-a, como se The Edge fosse o duplo de The Fly. “New years Day” é reproduzido com exactidão e melodicamente o teclado é dominante e entrecortado por solos marciais distorcidos circulares e mecânicos da guitarra. “On the Way”, “night and day”, “on the red sky”. “PORTUGAL!”. O hino da ONU dá início a “Get on your Boots”, o universo que predomina é a paz “love and eternity”, “you don´t know”, “you are”, The Edge projecta acordes melódicos distorcidos, estabelecendo-se como o desfibrilador da multidão histérica. “Magnificent” quando perde o pendor progressivo da guitarra, e esta se estabelece num nível inferior em relação à voz, o vídeo ganha relevo, “to be with you”, pop, “I Was born to sing for you”. O reggae cibernético da década de noventa em “Mysterious Ways”, com bailarinas no ecrã a movimentarem-se ao ritmo dos acordes da guitarra, “she moves”, “Living in the ground!”, “love”, “she took a shot”, “to hurt is to steal”, “She sees a man the side of a chiiiild”, “It's all right, it's all right, all right, She moves in mysterious ways”. A voz The Fly é abafada pela multidão, “hands in the air”, “sing with me: ´E-L-E-V-A-T-I-O-N”. Distorção sobre os espectadores que pululam ao ritmo sincopado: “E-L-E-V-A-T-I-O-N”, distorção da guitarra, “E-L-E-V-A-T-I-O-N”, distorção da guitarra, “E-L-E-V-A-T-I-O-N”, distorção da guitarra, “E-L-E-V-A-T-I-O-N”, finalizada num solo angular de tão violento. A turbulência fílmica sobrepõe-se à narrativa de Jesus na “Última Seia”, a papel químico azul: “Killing time”, “Last time We meet”, “I Drank the Wine”, “Everybody having a good time”, os acordes a meio tempo suportam Bono, assim como a secção rítmica: “I took the Money”, “I Kiss your lips”, “Inocent eyes”, The Fly ajoelha-se: “I Kiss your lips”, “Until the End of the World”, “I reach to the one I tray to destroy”, nesse instante as pontes que unem os U2 separam-se com The Edge a encarnar Jesus. “Thank you! Obrigado! Thanks to feel us at Home”, “In our home, it´s bad, bad for our countries. But, That ins`t going to stop this evening”. “I Still Haven't Found What I'm Looking For”, os acordes de uma América idílica é monótona com o público a ter o protagonismo, o ritmo é pop, facilita o sing along. “Pride (In The Name Of Love)”, “one man”, “on a empty beach”,“of love”, público: “LoooVVEE”, “April four”, “Memphys Sky”, “PrIDE”, a distorção afasta-se do original como se fosse uma granada de Delays, a secção rítmica segura e concentrada, público: “In the name of LoveEE”. The Fly veste a capa de estudante católico, “F-R-E”, resposta do público: “Frí!, Fró! Frú! Frá-fré-frí-fró-frú! Áli-quá-li-quá-li-quá! Hurra! Hurra! Hurra”, é o momento em que The Fly é dono das massas, conquistador: de cabedal preto, óculos escuros. The Edge de camisa sintética e o tampão enfiado na cabeça. Larry e Clayton de claro. The Fly: “Público fantástico”. “We are going to Play a new song”, “that we never played before”, “This `s ´A Boy falling from the sky”`, uma canção pop a meio tempo perfurada por solos épicos minimais progressivos da guitarra, “Sky”, “AHAHAHHA”, “AHHAHAH”, “wonder if he is far away from home”, “save yourself”, “try to fly” , “Sky”, “tonight”, “from the sky”. The Fly na guitarra procura acompanhar Jesus, “melody”, “humanity”, “You and I”, “there`s no way”, “you and me”, “EEEEEEE”. “In A Little While”, “Miss Sarajevo”, “City Of Blinding Lights”, todas inserem-se no mesmo ritmo com variações diversas mas maioritariamente a nível melódico. “That girl, that girl is mine”, no ecrã surge o Planeta Terra, “a man takes a spaceship, in to the sky”, surge um astronauta numa nave espacial suspensa no Universo. Na segunda, canção-hino o Pavarotti compareceu, numa estranha relação entre a pop e a ópera, unir culturas é o objectivo de um pacifista, no ecrã: “Roubavas por amor?”. Na terceira o ecrã desce, tem uma steel guitar a encurtar as notas, como se fossem naves espaçais a percorrer, “advertising in the sky for people Like Us”. A multidão acorda com “Vertigo”, “Un, dos, três… catorce”, “is dark”, “hole”, “I ask for the cheque Jesus by the neck”, “feeeeeel”, o ecrã projecta a banda circularmente e rapidamente, o wall of sound da guitarra transporta-a para uma dimensão futurista. “Relax don´t do it, if you want to come” , The Fly de joelhos, “turn on your raadios”, funk, introduz: “Crazy Tonight”, em versão “Discoteque”, com os músicos em movimento constante, os seus rostos surgem no ecrã e sobressai cada um ritmicamente. The Edge e Adam Clayton, a encostarem as costas no centro da passadeira circular, Larry Mullen Jr. com o tambor a marcar o ritmo de uma rave espacial. No ecrã surge um texto em islâmico, estes lançaram a fatwa a Salman Rushdie após a publicação de “Os Versículos Satânicos”: “I Can´t belive the News today”, “Sunday Bloody Sunday”, o solo marcial é a representação da canção alicerçada numa melodia rítmica que pontua “tears away” com uma distorção. No ecrã a eterna Aung San Suu Kyi, o seu rosto sobre um fundo vermelho, Nobel da Paz em 1991, em prisão domiciliária imposta pelos militares da Birmânia. “Radio free radio national”, “to the people of Burma, We `ll stand by you”, ergue o o braço direito e fecha o punho. No ecrã surge um texto que desaparece rapidamente, “be strong”, “Walk on”, “stay safe tonight”, “Walk on”, solo progressivo e semi-distorcido, “leave behind”, “All that you can`t leave behind”. Bispo Desmond Tutu, sul-africano activista e cúmplice de Nelson Mandela é projectado, “the same people”, que estiveram envolvidas no fim do eslavismo nos EUA ou na lei de divisão de raças, são as mesmas que estiveram contra o “Apartheid”, “and finaly one day, We feel as ´One`”. “Do you feel the same?”, “one”, “one”, blues, “Did I disapoint you? Or leave a bad taste in your mouth?”, “too late tonight”, “light”, o ecrã exibe os U2 a sair de um Trabant, próximo de escombros do Muro de Berlim. “Carry each other”, “one”, é uma pérola pop-retro-psicadelica, com a guitarra a assumir a alma de The Fly. “Love is a temple”, solo distorcido, “each other”, “Oneeeee”, solo circular. “Where The Streets Have No Name”, os U2 são projectados no deserto à procura da Joshua Tree um local sagrado, onde possam rezar. O desenho animado, uma cabeça infantil cantarola no ecrã: “This `s Major tom”, “Planet Earth is blue and there´s nothing I can do”. “Sometimes I feel I Don´t Know”, “be strong”, Bono tem um microfone iluminado pendurado da cabeça da Spider, e um casaco que emana luz vermelha, dança e a luz rodopia pelo estádio, é o êxtase da conjugação suprema da pop, “baby, baby light my way”, “Be found”, “Where no one can sleep”, “baby, Bay”, solo distorcido-psicadelico, os U2 aparecem de azul no ecrã. Baixo + Bateria, a guitarra intrometesse, a tragédia é conduzida a uma vertigem, “see the stones in your eyes”, “I Wait for you”, “she makes me Wait”, “With our without you”, a intensidade rítmica é em crescendo, com o solo a prevalecer como a voz da consciência de The Fly. Após “Moment of Surrender”, caem pingos da fotografia de Hiroshi Sugimoto, onde o mar e o céu se encontram. As luzes acesas, os quatro lado a lado na boca de cena, não acenam um gesto de despedida, sorriem, The Fly abraça Adam, riem, The Fly, abre um guarda-chuva e canta: “I`m singing in the rain".

360º Degrees, U2, 03 de Outubro, Estádio Cidade de Coimbra @ Coimbra