sexta-feira, 8 de junho de 2012

Sci-fi Lullabies

Acordes de guitarra compasada, bateria: “OOOO”, “She iiis runing”, “She iiis runing”, a guitarra semi-distorcida de Richard Oakes, percorre paralelamente os versos de Brett Anderson: “She said: ´Come rescue me`”, aceleram, “mine”, “´come rescue me`”, “Hollywood life”. Richard Oakes retira das cordas da sua guitarra vermelha eléctrica notas curtas, longas, curto, longo, e abana a cabeça em direcção ao chão do palco do Primavera Sounds Porto. “OOO”, “OOO (sobre o solo da guitarra)”, “Come rescue me”, “Hollywood Life”, “takes the Hollywood with love (solo de Oakes)”. A voz de Brett Anderson violentamente tensa seca e grave e os agudos multiplicados pelo eco: “LOOOVE”. Solo de Oakes introduz o refrão electrostático de “Trash”, que percorre a canção de inumeras perspectivas. “Maybe is the clothes that you wear”, “baby it`s so beautifull now”, “tonight”, “beautiful now”, Brett Anderson frente à frente com o público: “Traasssh you and me”, “Trash me and you (solo)”. O tédio cantado em falseto: “DOOOO”, breaks da bateria, “We had”, 2x2, baixo a penetrar na veia como uma agulha carregada de heroina. Brett Anderson de camisa azul calças pretas e sapatos de pele sintética, quarenta e dois anos, casado. Acentua nos agudos do “a”, como a heroina a mistrurar-se com o sangue, um shot: “TRASAAAAAAAAAASSH you and me”, aponta o microfone para o público saltitante. E os agudos, “Everything We dooo”, pratos da bateria. Richard Oakes: solo agudo, solo ssustenido e repetidos em sentidos opostos. Brett Anderson: o refrão : “TRASAAAASH you and me”, “(solo de Oakes) Trash me and you”, “OO You and me” a resposta: “(percorrido pelo solo semi-distorcido de Oaeks) YEAHYEAH”, “You and me yeah yeah”, “(solo continuo e entrecortado de Oakes) AAA you and me”, solo de Oakes a partir dos quais Brett Anderson dança. Palmas. “Obrigado”. Richard Oakes introduz os acordes trepidantes, consecutivamente seguido pelo baixo e pela bateria marcial de Simon Gilbert. Brett Anderson: “Soo easily, Filmstar”. A descrição na frame: “Filmstar living”: “Believe me is impossible to say”. A(s) mascara(s): “Wash your brain, play the game again, yeah, yeah, yeah”. O baloiçar da bateria, transporta-nos para o Soho londrino: “Driving in a Car”, “yeahyeahyeah”, solo de Mat Osman (baixo), solo de Richard Oakes. Brett Anderson dança “It`s impossible to say”, ah “to believe”, “(o ritmo acelera sincopadamente, com a circularidade do baixo e da guitarra a produzirem psicadelismo): Again, again, again, Yeah, Yeah” . Brett Anderson canta sobre a sincope: “Filmstar” . “Filmstar”. “Filmstar”. Público: “YEAH”. Brett Anderson: “Filmstar”. “Filmstar”. “Filmstar”. Público: “YEAYEAH”. Brett Anderson: “Filmstar”. “Filmstar”. “Filmstar”. Público: “YEAHAYEAH”. Brett Anderson: “Filmstar”. “Filmstar”, “Filmstar”. “YAEHYEAH”. Palmas. Guitarra solo distorcido, com a subsequente violencia ritmica de Simon Gilbert, um turbilhão electrochoques de glam rock de “Animal Nitrate”. Brett Anderson:“OOOO”. Público: “OOOO”. Solo de Oaeks. Brett Anderson: “OOOO”. Público: “OOO”, solo de Oaeks, “place”, “broken home”. Apoteose. “Obrigado Porto”. Acordes da guitarra eléctrica inserem as tonalidades agrestes de “We are the Pigs”, “all people say: ´stay at home tonight`”. Cantado através de uma voz grotescamente limpa e em que os graves são os prenuncios de que o destino de Portugal é o medo: “ (percorrido por solo de Oakes) I say we are the pigs, we are the swine”. A solução: “(percorrido por solo de Oakes) We are the stars of the firing line” . “I say we are the Pigs”, solo de Oakes, curto agudo progressivo, recorrendo a notas dilacerantes que decepam um coração a pulsar por cocaina. A bateria ergue o ritmo semi-marcial de “To the Birds”, o baixo abre espaço compassado para a guitarra de Oakes. “Take your life”, “Happen tonight”, a melodia que emerge desta conjugação é lava expulsa por um vulcão (guitarra de Oakes num serpentear continuo das notas) a percorrer uma encosta tropical. “At my side”, “I know”, “Take my life”, bateria, baixo e guitarra de Neil Colding, e Richard Oakes desconstroi as notas circulares do refrão. “Bicycles”, aceleram progressivamente num transe sexual: “LALALALALALA”. A voz de Brett Anderson concentrada sobre a guitarra de Oakes: “Their`s a song playing on the radio, Sky high in the airwaves on the morning show”, a banda emerge e coloca-se paralelamente aos acordes de Oaeks . A voz de Brett Anderson quase em falseto: “And as I open the blinds in my mind, I'm believing that you could stay”, “If you could see”. A voz prolonga as vogais: “Fears away”, “if you stay (solo de Oakes)”, “We`ll be the Wild Ones”. O falseto abre as vogais: “Running with dogs today”. A banda enquadra-se desalinhadamente entre o blues e o rock, o paradoxo: “(percorrida pela guitarra de Oakes) And it's a shame the plane is leaving on this sunny day”. A declaração de um amor eterno: “Cos on you my tattoo will be bleeding and the name will stain”. “And oh if you stay I'll chase the rainbown fears away”. “We'll be the wild ones running with the dogs today”. A prece: “OOh if you stay (solo de Oakes)”. “AAA if you stay (solo de Oakes)”. “AAAA if you stay (solo de Oakes)”. “AAAA if you stay (solo de Oakes)”. “We'll be the wild ones running with the dogs today (baixo de Osman)”. Neil Codling, prolonga as notas do seu sintetizador que ficam estáticas num suplemento neo-Kitsch, a inserção da bateria impregna-a de tesão e a guitarra parece desafinada: “She Knows”, “I think about silence”, “Shadow (agudo)”, “nothing”, “love is Summer time”. Richard Oakes sola sobre a massa sonora suspensa no ar, “With self control”, as luzes do palco são roxas, “no barriers”, “shadow”. A canção: “Sabotage” é de uma densidade estética épica. A lírica “Love is Summer time (solo interno de Oakes)” é doentia. Solo de notas abertas de Oakes: “The sky”. “Love is Summer time (agudo/sustenido)”. O ritmo binárico sincopado de “She”: “OOOO”, “OOO”. Brett Andersen dança freneticamente, cada nota da secção ritmica remete-a para um ritmo marcial de uma mulher: “Sheee is a Killer”. A mulher leviana: “Sheee another night”, “another pillow”. ”No one wants to see”. E o frenético falseto, como se Brett Anderson fosse o narrador de uma tragédia: “She, shashaking up the karma”: “She, injecting marijuana”. “She`s”. “No one wants to say: ´No education it`s the arse of the nation`”. “Shee”, “She is bad, she is bored, she is bony, she is”. “OOO”, “SHEEE”, “OOO”. “SHEEE”. “OOO”. Bateria + palmas + guitarra semi-distorcida + voz: “Like killing machines”. A maquina de Glam Rock sofrega por sexo: “She'll be a sucker for the shotgun show”. “Like the killing machines here we go”. O sumário de uma existência: “He's a killer he's a killer he's a flashboy ohohoh (eco)”. Baixo. 2x2. Solo desconstruido por parte de Richard Oakes: “Killing machine”: “It's the same old show, he's a killer, he's a flash boy ohoohoh”. “Lalalala”. O dois por dois da bateria é continuo, e gingão como as ancas de Brett Anderson: “I feel real now walking like a woman and talking like a stone age man”, “I feel real”, “talking like sugar and shaking that stuff”. A dependencia da heroina: “Singing I can't get enough”. “Singing I can't get enough”. “I feel real like a man like a woman like a woman like a man”. “Teenage tough”. “Can´t enough”. “OOOO (solo de Oakes)”. Oakes prolonga as notas e distorce-as repetidamente, usando o pitch para inserir tremelim hipnótico. “Singing can`t get enought”. Pratos de choque e a guitarra progridem segundos até se extinguirem no ar como uma nuvem de cocaina. Público: Palmas. O ritmo aumenta violentamente, e Oakes insere um rasgo de distorção no interior de cada uma das nossas narinas. “Singing can´t get enought”. “Obrigado! It`s very nice to be here in Porto”. A melodia é revelada pelo teclado ondular/progressivo. Brett Anderson, coloca-se frente ao público: “Watch the early morning sun”. O jogo de memorias alcoolizadas: “Under the jet plane sky” . “Sleep away and dream a dream”. A Nursery Rhymes: “Life is just a lullaby”, o falseto agudo sublinha o “L”. A esperança e a desesperança: “And everything will flow”. Público: “OOO”. A luz: “Watch the day begin again”. As cinzas: “Whispering into the night”. Suede: “See the crazy people play”. “Under the jet plane sky”. “(solo da guitarra de Oakes; marcado com a progressão ondular do teclado) Life is just a lullaby”. “AAAAAA”. O sintetizador modela-se continuamente projectando a grandiosidade de uma porgressão alegre, mas que encontra na vocalização de Brett Anderson uma profunda e visceral melancolia: “Everything`ll flow”. “AAAA”. Pratos, guitarra eléctrica, conjugação glam punk: “Because we're young (solo de Oakes), because we're gone”. “Oh! Yeah! So young (solo entrecortado de Oakes)”. “So young”. “Common”, “OOOO”, solo de Oakes, “OOOO”, solo de Oakes, “OOO”. Brett Anderson lança o cabo do microfone circularmente no ar, o público bate palmas, fica estático e o cabo enrola-se à volta do seu tronco e ri (palmas do público). A guitarra de Oakes é de uma distorção rapida e continua. A exibicionista: “Well she's show showing it off then”, “She”, “yeah”, a maquina que progride é de glam rock punk, que aparentemente coexistem na antítese. O negócio: “And all the people shake their money in time”. A demencia associada à dependencia amorosa: “Oh dad, she's driving me mad, come see (solo continuo de Oakes)”. Oh!: Brett Anderson: dança, vira costas ao público, coloca o pé sobre o bombo da bateria e voa em direcção ao público: “Driving me mad”. A violência de “Metal Mickey” reside neste verso: “She sells heart, she sells meat”, corroida pela estrutura em constante frequência continua e descontinua, “OOOOO”. “OOOO”. “OOOOO”. Ovação. “Obrigado!”. A guitarra semi distorcida de Oakes, é o oposto do desejo de Brett Anderson: “Come to my house tonight”. Com o acentuar do “O” : “You and me together on electric light”, unem o gótico ao glam e ao rock: Suede: “We can be together in the nuclear sky (agudo)”. Gótico: “Stay together (solo agudíssimo de Oakes)”. A poética: “Two hearts under the skies remain”. “Paradise? Or have you come to touch me?”. As luzes apagam-se em palco: “Come to my arms or not”. “Single file in the nuclear night”. “OOOOO”. Palmas. “Many Thanks”. “Apparently we don`t have lights. But we`ll carry on”. “New Generation”: “And we shake it around in the underground”. A esperança: “And like a new generation rise”. “OOOO”. “Like all the boys in all the cities I take the poison I take the pity”, a melodia que suporta os versos é negra, a métrica é rock and roll: “OOOOOO She is calling! Here in my head! Can you hear her calling? (solo distorcido de Oakes)”. Agudos angustiantes dementes: a hipoxifilia: “And I'm losing myself, losing myself to you”. A rotina: “I wake up every day, to find her back again (solo de Oakes)”. Quando a bateria desfere a métrica dois por dois com os respectivos breaks, o palco começa a ser manchado por focos vermelhos que iluminam Suede, maioritariamente vestidos de escuro. “Cos like all the boys in all the cities, I take the poison I take the pity”. O terceiro parceiro da relação amorosa: “We take the pills to find each other”. “Can you hear her calling?”. Estabelece-se a progressão dos acordes de “I`m loosing myself to youuu (solo Oakes)”. “To you (solo de Oakes)”. “To you (solo de Oakes)”, o bombo marca o desacelerar do ritmo, o baixo sobressai, e Brett Anderson assobia como um Guarda Rios. “Obrigado! We have being Suede! Thank you so much!”. O ritmo é paralelo à métrica da guitarra: o hino: “High on diesel and gasoline, psycho for drum machine”, “hits”, “on the pill, got too much time to kill”. “Sing it! For once!” Brett Anderson: “OOOO”. Público: “OOOO”. Brett Anderson: “Oh, here they come, the beautiful ones, the beautiful ones”. “You don`t think about it, You don`t do without it, because you are beautiful, And if your baby is going crazy, that`s how you made me.”. “COMMON!”. “Lalalallalalalallalaallalalallalalallalalalallaalallalalallalalal (solo progressivo de Oakes) alalallalalallalalalallalla”. “Obrigado! Goodnight”. “Hello again”. Guitarra semi distorcida, bateria + baixo a meio tempo e a voz de Brett Anderson narra o dia: “Today she's been working, she's been talking, she's been smoking”. Suavemente: “But it'll be alright”, “Cos tonight we'll go dancing, we'll go laughing, we'll get car sick”. A eterna solidão: “and it'll be okay like everyone says”, “OOOO whatever makes her happy on a Saturday night, Saturday night”. Diminuem a altura dos instrumentos e a voz ganha uma textura premonitória: “Cos tonight we'll go drinking we'll do silly things”, a melodia é tão negra quanto pernisiosamente kitsh, que a colocam no precipicio da perfeição. “I`ll be ok”. “It´ ll be allright” . Aponta o microfone para o público: “Sing”: Público: “On a Saturday Night”. Brett Anderson: “On a Saturday Night”. Público: “On a Saturday Night”. Brett Anderson: “On a Saturday Night (solo de Oakes)”. “We'll go to peep shows and freak shows”. “We`ll go to discos, casinos”, “We`ll go where people go and let go”, “oh whatever makes her happy on a saturday night.”. “OOLALALA (solo de Oakes violentamente distorcido)” . “OOLALALA (solo de Oakes violentamente distorcido)” . “OOLALALA (solo de Oakes violentamente distorcido)”. “OOLALALA (solo de Oakes violentamente distorcido)”. “OOLALALA (solo de Oakes violentamente distorcido e progressivo)”. A guitarra acustica insere os acordes dolentes de “Still life”, o sintetizador cria uma textura provinda de matéria sonhada. A voz: “This still life is all I ever do”, “I'll go into the night into the night”. O compasso de espera: “There by the window quietly killed for you”. Voz + guitarra acustica e sintetizador: “They hired a car for you”. “To go into the night, into the night”, “into the night”, “into the night”. “She and I into the night”: “And this still life is all I ever do”: “There by the window quietly killed for you”. “Stay”. “All ever do”. “Stay all right”. “Stay”, mantêm-se estáticas as cores dramaticamente negras, “Stay long (falseto)”. Surge a bifurcação, o teclado aumenta a tónica sobre os graves, e Richard Oakes troca de guitarra, e desfere um solo épico eléctrico que se cola e dá continuidade à malha do sintetizador e consequentemente prolonga a nossa memoria para um universo em constante mutação.



Suede, 7 de Junho, Primavera Sound Porto @ Porto

segunda-feira, 4 de junho de 2012

As Vinhas da Ira

Bateria possante, seguida por um tremelim, “Olá Lisboa!!! Como estão?”, é a voz de Bruce Springsten, com colete e calças pretos, no pulso direito uma pulseira de cabedal preta. Surgem os acordes da guitarra; a banda é composta por duas guitarras, baixo, violino, secção de metais e coros, hamond. Ouvem-se chicotes a estalar sob a canção: “I've been knockin' on the door that holds the throne”, “hearts (agudo)”, “turn to stone”. O refrão: “We take care of our own” é uma declaração de independencia para com a América que prostituiu a democracia ao capitalismo. “Common”, os chicotes agridem-nos: “Super Bowl”, “Stay at home”, a América é uma prisão: “We take care of our own”, surge a progressão circular dos acordes do refrão, o pulsar é de Rock and Roll: “UUUUUU”, “UUUUUU”, “UUUUU”, “UUUUUUUU”. A bateria desfere o bater da certeza: “We take care of our own”, “the eyes”, “mercy”, bombo, “the Throne”, hamond sobre a massa sonora dos outros instrumentos. “We take care of our own”, “stone”, aumentam o ritmo e a altura: “EIEIEIEI”, “EIEIEIEI”. “Olá Lisboa”. Guitarra eléctrica e voz: “I was raise in New Jersey”, “some years ago”, “come and go”, “Recking ball”, “Recking ball”, violin e a confisão: “Now my home”, “split”, é Rock and Roll: “The Giants play the game”, e chama a banda para a boca de cena do Palco Mundo, do Rock in Rio Lisboa. “Cause tonight”, vão voar “Reckering Ball (bombo)”, “Reckering Ball (bombo)”, “Reckering Ball (bombo)”, o ritmo aumenta e os metais emergem para aligeirar o ambiente eléctrico entre o público e o Boss. “Here”: “So”, “hold tight”, “tight”, a poética bélica: “Don`t fall into your sleep”, solo do violino. Uma voz feminia secundária: “Beauty is being giving to them”; o baixo remeta-a para o blues que circula à volta da soul: “Glorious”, “Wind”, “Heart”, a punhalada: “Hard Times Go, Hard Times Go”, “Reckering Ball”, “Reckering Ball”, bateria + baixo, coro: “Reckering Ball”. “1-2-3-4”. Coro: “AAAAAA”, “AAAAAAA”, os dois por dois desferidos pela bateria parecem multiplos de Rock and Roll, que os restantes musicos perseguem e respondem continuamente. Coro: “AAA”. Coro: “OOO”. Bruce Springsteen: “Reckering Ball” e os metais respiram agudamente. “1-2”, o piano marca a canção com um manto funebre, ou será o serpentear do descapotavel em que seguiram Jackie Kennedy e John Friztgerald Kennedy em Dallas? Intervenção: da E Street Band. Bruce Springsteen: “Smashing”, “Cross Fire”, “I don`t give a damn”, “soul”, “dream”. O desejo: “You wake up in the morning and we feel so real”. A prece: “You have to belive”, “winds”, as guitarras descarregam a sua eléctricidade comedida, que é circulada pelo exterior pelo orgão funebre. A lírica é a sua esperança: “I belive in the Hope”. A violencia: “But you have to leave everyday”, solo de Bruce Sprinsteen, curto e agudissimo e entrecortado, recebe resposta do Sax do sobrinho do malogrado Clarence Clemons. “OOOOOO”. Bateria: 2x2, os instrunentos no Palco Mundo são na sua maioria acusticos, remetem para a rebeldia das canções irlandesas, profundamente constestatárias: “Death of Old Town”, o violino é profundamente agelical e associado aos metais é uma granada a explodir no interior de um corpo em movimento, elevam a canção da rua para a igreja católica. “Night”, “singing death to Old Town”, “boy”, “When it come”, “rising sun”, a bateria insurge-se guerreira e heroica, contra o “Sunday Blody Sunday”, “straight to Hell”. Bruce Springsteen acentua no portugues: “FÉI”, os músicos marcham em palco contra o massacre ocorrido em Derry na Irlanda do Norte. Datado: 1972. Os metais anunciam “My City in Ruins” e o coro: fantasmagoricamente: “UUUUUUUU”. O baixo proporciona a introspecção. “Olá Lisboa! Como estão? Esta musica é sobre coisas que vão e coisas que ficam para sempre”. “It´s a red bloody soccer”, “The rain is falling down”. O hamond estirpa-a: “Congregations are gone”, metais levantam uma nuvem densa mas simultaneamente libertadora. O refrão é derrotista: “My City is in Ruins”. A resposta: “UUUUUUU”. Bruce Springsteen: “Empty Streets”. A repetida constatação revela o êxodo rural do sul da América, tingida por campos de algodão: “My City is in Ruins”, metais agudos, “My City is in Ruins”, metais agudos. O imperativo: “Common rise with Us”. Coro: “Right”. Solo da trompete de varas. Solo em surdina da trompete. Solo do saxofone. Coro: “UUUU”. Pergunta à: E. Street Band: “How is in the House”. Dirige-se à multidão: “How is the house tonight?”. “Where`s my baby?” Onde? “She is in”. “Onde está Patti? Em casa com as crianças”. Hammond pulsa a negritude neo soul, “I Want to Know”. A questão é por si um enigma: “Can you feel the Spirit?”, “Can you feel the Spirit?”. Ilude o público através do seu coro: “Say eyeyeyey”. Público: “Yeyeyeye”. “E. Street Band made miles to come here to Lisbon to a mission: To give you the Power of the Sexual Orgasm. Within the Power of Rock and Roll. Can you feel the Spirit?” . Coro: “Yeyeye”. O ritmo é sustenido, os metais borrifam-o com a porção soul. Bruce Springsteen senta-se como um missionário desgastado de viagens: “Mission”, 2x2, a guitarra e o baixo polvinham-a com blues e insurgem-se os metais: “Plash”, “take”, “take you”, “Spriti of the Night”. O coro promete uma miragem: “All Night”, metais altos, “With a crazy Cat”, “feel? (em estado de transe, entre a autopunição e a demencia selectiva)”, “feel? (e os metais inserem um sopro sedutor)”. “Sprit of the Night” . Coro falso e velhaco: “All Night”. Desloca-se para o interior dos fossos que separam a multidão do Palco Mundo no Rock in Rio Lisboa, toca-lhes nas mãos, histéria. Solo do saxofone. Sobe ao Palco Mundo. Coro: “OOOOOO All Night”, palmas dos músicos, “dancing in the Moonlight”. Reflecte através da palavra falada: “Really hurts”. “Making Love (voz grave presa na garganta)”. “Jeany sais: Hey little brother is time to go”. Bruce Springsteen ergue a voz: “All night”. Coro: “All night”. Voz: “All night”. Coro: “All night”, metais em altura, “Sprit”, “Can you Feel?”. Coro: “Yeayeayea”, o solo do saxofone perfura o ritmo regressivo da E. Street Band. O piano insere os acordes poupularizados por Pati Smith,. “Take me Now babe”. A rotina: “I Work all day”, “Comes (a E. Street Band insurge-se e sublinha o verbo)”. “Hands”. “Never”. “Know”, a utopia lirica: “Because the night belong to the lovers”, a intimidade cantada através dos graves: “Belong to Us”. Voz + piano e baixo, encaixam-se os restantes instrumentos, a prece de joelhos perante o amor da sua vida: “Common try to understand the way I feel”. “Because the magic belong to us”. “Because the night belong to lovers”, solo eléctrico da guitarra de Bruce Springsteen, “take” . A frase melodica do piano introduz o clorofórmio: “Because the night belong to lovers”. “Because the night belong to us”. Solo do guitarrista magro, veste casaco e boina pretos, sobe e desce a escala repetidamente, enquanto desfere o solo comprido e sustenido, desloca-se para lá dos monitores do palco, eleva a guitarra e sustém a nota continuamente, como um raio de luz que deriva de uma lâmina manchada com sangue. Dirige-se de costas para o público, em direcção à E. Street Band, e rodopia e as notas rodopiam, um exercicio para revelar sinestésicos de tão brutalmente perfeito. “1-2-3-4”. Impera a métrica do Wall of Sound, solo do guitarrista de boina preta, à direita de Bruce Springsteen que desfere um solo que perfura a Wall of Sound. “Close your eyes”. A E. Street Band recoloca-a numa transfução entre o pop-rock, “surrender”, “cold”, “Win”, teclado, “No Surrender”. Surge um coro de mulher fantasma que percorre o diálogo entre: Bruce Sprignsteen: “Lailailailai” e Steven Van Zantd: “Lailailai”. Bruce Sprignsteen: “Lailailailai”. Steven Van Zantd: “Lailailai”. A E. Street Band diminui o ritmo e faz uma pausa, “sreet”, guitarra, “room”, “War”, “The street beneath the sky”, “eye”. Bruce Springsteen: manda a E. Street Band acompanha-lo na boca de cena do palco: “Common”, metais, “Surrender”. Instala-se uma pigmentação soul/pop: “Street, baby surrender”. Coro feminino: “AAAAAAAA”. A E. Street Band marca a progressão: Coro feminino: “AAAAAAA”. Bruce Springsteen desloca-se ao fosso e retira do público um cartaz com a inscrição: “She`s the One”. O orgão impõe-se através de um agudo metálico sustenido, percursão, a percorrer a canção que abre o coração de Bruce Springsteen: “I smile”, “Starring at the door with my bike”, “stone”, “fun”, “rising sun”. “OOO (break da bateria) OOOO She`s the one, yeah”. A bateria institui um ritmo marcial, “In your heart”, “never going to live other”, a incerteza que o compromete com a mortalidade: (progressão ritmica e melodica) “But tonight”, “all behind”. “OOOOO She`s the one”. Voz fortemente grave: “ONEEEEEEE”, aceleram a progressão, “yeahyeahyeahyeah”, solo continuo do sax, “OOOOO She was”, solo continuo do sax, “OOOOO She was”, solo continuo do sax. Bruce Springsteen retira do colete uma harmonica, sopra sobre a grelha e surge o derradeiro sopro de vida do homem abandonado pela mulher que personicava a América. Springsteen desloca-se ao fosso e retira do público um cartaz com a inscrição: “I`m on Fire”, a bateria e o teclado enrolam-se tepidamente, “Hey litle sister your dady is in home?”. A insinuação mascarada de pergunta: “Tell me little baby he`s good to you?”. O ciúme: “you, I call my desire”. Bruce Springsteen: “OOOOO”. Público: “OOOOOO”. Bruce Springsteen: “I`m on fire”, “EEIEOOOOOOO”, mistura-se com o piano que a adorna com um negrume sob um ritmo eterno. Bateria, Bruce dá-lhe a voz: a “Shackled and Drawn”, “OOOO”. Resposta da multidão: “OOOO”. Bruce Springsteen: “OOOO”. Público: “OOOO”. Bruce Springsteen: “OOOO”. Público: “OOOO”. Bruce Springsteen: “OOAA”. A explosão de um peito cravejado de balas: “Wrong”. A E. Strret Band entre a Soul e o Rock and Roll, “carring on”, “Shackled”, os metais sublinham o seu carácter Soul com um travo de sangue em cada nota, cantada pelos escravos nos campos de algodão ou pelos negros no Bronx? A escravatura é transversal às duas. “Dark”, coro: “Carrying on”, os metais soul, seguidos pelo Hammond. Coro profundamente modelado e comprometido com uma entidade Superior: “OOOOO”. Bruce Springsteen: “Keep singing”, metais, hammond. Coro: “OOO”. Bruce Springsteen: “Put down”. Coro: “Carrying on”. Bruce Springsteen: “Keep singing!” e desloca-se para o fosso, os metais respondem-lhe:, “Common sing!”, “Common now sing it!” . Coro feminino: “AAAA”. E a peste é expurguida pelos metais. As guitarras acusticas dominam o timbre, sobre um ritmo espaçado: “Waitin`on a Sunny Day”, é um raio de luz dividido pelas nuvens supensas no céu. Público: “OOOO”. Bruce Springsteen: “1-2-3”. “It`s raining”, “in the sky”, “be OK”, “falling”, “Don´t you worry”. Bruce Springsteen: “I`m waiting on a sunny day”, sobem uma oitava, e Bruce tem à sua frente uma criança que canta a esperança: “I`m waiting on a sunny day”. “Common E. Street Band”, aumentam a altura e a voz de Bruce “I´m waiting on a sunny day” é paralela ao saxofone. Bruce munece da harmonica, e sob o foco de luz branca acentua a sua solidão perante Deus, guitarra, os ecrãns mostram um rosto comprometido com uma peregrinação perpétua. “She was only seventeen”, bateria marca o ritmo da corrente: “We go down to the river”. Casamento: “We went down to the Church House”. A sentença: “Down to the river”. A harmonica é a espada de Damocles a serpentear como uma cascavel sobre a areia de Mojave. “They must join us in the air”, os bombos da bateria injectam-lhe vida: “She don`t care”, “Came true”. Grave: “Down to the river”, “Down to the river my baby”. “We go down to the river”. Falseto: “OOOOO”. Desce: “OOOOO”, encerrada pelo murmurar da harmónica. “1-2-3-4”, o teclado insere notas circulares, sobre o qual a voz flutua e ecoa: “My oh my”. A bateria é o reflexo do refrão: “Common up to the Rising”, “rising”, “Common up for the rising”, “Lalalallalalla”. Coro: “Lalalalallala”, solo da guitarra eléctrica de Bruce Springsteen, “Stand before you”. Bruce Springsteen: “Lalallalallalla”. Coro: “Lalalalallal”. Vem ao de cima os acordes circulares do teclado: “Onethounds suns”, “pictures of children”, “mixed with mine”, “Sky”, coro: “UUUUUUU”. “Sky of Mercy, sky of Fear”. A E. Street Band antes que Bruce Springsteen cante: “Common up for the rising sun”, desfere uma onda sonora que transforma o refrão num hino. “Lalalalalalalaala”. “1-2-3”, vilolino de uma mulher duplicado da Pati. “Everything I mean”, “touch”, “But I give a damn, I Know to much”, violento dois por dois da bateria, “Shall pass”, “Lonesome Day”, “Lonesome Day”, “It`s allwright”. Coro: “YeahYehaYeah”. Bruce Springsteen: “It`s allwright” a esperança é continuada pela épica secção de metais, a segunda voz em palco do Boss. Guitarras acústicas, sobre as quais discursa: “All the hard times in Améria. People lost jobs, houses, life changed forever. I try to come up with a end. Theirs no end! History? I realize I need to rewrite a ghost history”. O local: “Graveyards at night”, “and are you listening?”. A lua cheia: “Silver night”, “Down bellow”, “fire”, “Cold grave stones”, “This is the song they sing: ´Long here in the dark`”, a E. Street Band mimetiza acordes country (ritmo)-pop (melodia)- Soul (alma). Cantam as guitarras e a voz grave: “Alone in the grave. Voices call me.”. Bruce Springsteen: “Hey”. Público: “Hey”. Bruce Springsteen: “Hey”. Público: “Hey”. Bruce Springsteen: “Hey”. Público: “Hey”. Ovação. “This one is for old fans. Teve muitas saudades minhas?”. A palavra negra sobre o piano: “As radio plays”. A resistência: “Don`t turn me on again”. O desespero: “I can`t face myself in the mirror”. A fuga manchada com desespero: “Hey, It´s all right with me”, o baixo injecta-lhe um balanço transversal, “in the rain”, orgão, “window”. O refrão é: “OOOO take my hand”, “OOOOO”, “OOOOO find the lover”, “We can make it if we run”, solo de guitarra, “The door is open”. “We`ll be free”. “Screaming every night”. “Before dark, you hear the engines?”. “It`s the town for loosers”. A bateria é o pulsar de uma nova América, e orgão insere as notas circulares e serpenteantes de groove de puro Rock and Roll e as guitarras acusticas adocicam-a, comandada pela eléctricidade de Bruce Springsteen. “Born in The USA”, “I was born in the USA”, “come back home”, “Wheelman”, para o público: “You don`t understand”. Público: “I Was born in the USA”. “I Was born in the USA”, “I Was born in the USA”. Bruce Spingsteen: “I had a brother how fought in Vietnam” . A recordação naturalista: “I got the picture”, breaks da bateria, orgão delineia os acordes do refrão, “four years down the road”, “you know?”. “I was born in the USA”, “I Was born in the USA”, os metais dão o sopro de um país ainda por se cumprir, e que ergue a bandeira da liberdade manchada de sangue. “I`m cool”. “I`m cool”. “I`m cool”. “YEYEYE”. “Lisboa”. “1-2-3”. “Wheel”. “Suicide Machine”. Bruce Springsteen: “OOOO”. Público: “OOOOO”. Bruce Springsteen: “Suicide”, “baby with wheels”, “Born to Run”, os metais, “I want to be your friend”, o teclado suporta a lírica com a métrica entre o cantado e o falado: “your eyes cross mine”. Público: “OOOO”. Bruce Springsteen: “OOOO”. “Feel”, “I want to Know”, metais mais teclado, e o saxofone percorre a melodia por dentro com uma nota inferior, “scream”, a E. Sreet Band enceta a progressão. “Lisboa! Lisboa! Lisboa!”. Rock and Roll com uma melodia pop de tal forma grandiosa que é libertadora, e o ritmo tenso do batuque do prato choque e o orgão fazem-na flutuar: “I had a big friend”, “Big bass player”. E a celebração: “Make love like a fool”, contínua: “had fun”. O refrão libertário: “Glory Days”, “Glory Days”. A paixão: “A girl lives on the block”. A repressão que a voz grave rasga em cada vogal: “Talk about the old man”, ah “Glory Days”, a multidão berra e acompanha o ritmo profundamente binário que transgride o Rock and Roll. O desafio de Bruce Springsteem: “Common Steven”, solo do Boss: “Teens sleep all day”, a multidão canta com o Boss: “Glory Days”, “Common”. Público: “All right”. Bruce Sprignsteen: “All right”, “YEYEYE”. Bruce Springsteen: “OOO”. Público: “OOO”. Bruce Springsteen: “OOO”. Público: “OOO”. Bruce Springsteen: “OOO”. Público: “OOO”. “Common Steven!”, o choque da bateria e os metais delineiam “Glory Days”, sem rastos de cinzas do 11 de Setembro, “All rigth”, “OH! Fear!”. Poesia violentamente épica com uma luminosidade popular que transmite a América como a terra da fortuna e sem violencia e imune a tiroteios em Secundárias e nas Universidades. Bruce Springsteen desloca-se para fora do palco e no gradeamento retira um cartaz com a inscrição: “Hungry Heart”. Sobe ao palco e exibe o seu coração americano: levanta os braços: e grita: “1-2-3”. “Everybody has a hungry heart”. Público: “That`s good”. Bruce Springsteen: “COMMON!”. E. Steet Band num ritmo binário “h-e-a-r-t”, “Everybody needs a place to rest”. Coro: “OOOOOOO”. “COMMON” . “Everybody has a hungry heart”, cantado em uníssono por Portugal, “now”, “common now”, “common now”. Solo do saxofone. “One More: 1-2-3”. “Dancing in the dark”, os metais sublinham as notas épicas de “dancing in the Dark”, “the evening got nothing to say”, “can start”, “baby” , “I can start a fire”, “higher”, “Dancing in the Dark”. “I want to change my journey”. “Can´t stop the fireeeee”. “Daancing in the Dark”, “get older” as palmas de Bruce Springsteen repercurtem-se na multidão e a E. Street Band aumenta a progressão em altura: “Hungry”, “We can`t stop the fire”, “higher”, “Dancing in the Dark”, os metais transmitem as ondas sonoras do refrão, desconstruido pelo solo do saxofone. O Boss recebe em palco duas mulheres que o abaçam apertadamente, ele ri e é beijado. “Baby!”, e a da E. Street Band sobressai o saxofone. Bruce Springsteen deita-se na boca de cena, gestuliza: “No more songs”, está cansado, estoirado. Litle Steven, surge com uma esponja amarela da qual cai um jorro de àgua benta sobre rosto do Boss: Levanta-se e atira a guitarra pelo ar a um roadie. “One More”. Teclado mais metais, guitarras eléctricas sobre estes: “1-2-3”. Bruce Springsteen deitado sob o seu microfone na boca do Palco Mundo, “in the school searche for his group”, voz grave: “Back”. Coro: “Preacher”. Pausa. A voz eterna suave e grave e doentia e perversa e moralista: a personagem: Bruce Springsteen congrega a iluminação branca: “The day big man join the Band” e surge nos ecrãs dispostos lateralmente ao palco, imagens do saxofonista Clarence Williams. Bruce Springsteen, aponta o microfone sobre a plateia, que lhe responde num silêncio vacular. Quando estoira o fogo de artifico Bruce Springsteen não cede o espectáculo a essa arte efémera e convoca a E. Street Band para se insurgirem contra o invasor pirotécnico: “Twist and Shout”.

Reckering Ball, Bruce Springsteen and The E. Street Band, 3 de Junho, Rock in Rio Lisboa @ Lisboa