É possível que seja uma
questão do foro sentimental que me traz à Praça Guilhermina Suggia em
Matosimhos, onde está instalado um enorme palco com dezenas de cadeiras onde se
irá sentar a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música juntamente com os
míticos GNR no âmbito do festival Matosinhos em Jazz.
Estive presente em duas
ocasiões em que os GNR foram acompanhados por outras bandas: a da Guarda
Nacional Republicana na Expofacic e em que o resultado foi arrebatador porque
dominou um alinhamento que perpassava a carreira dos GNR, e oferecia às canções
uma outra perspectiva por vezes kitsch, ou na sua grande maioria de uma
sobriedade que as dignificava e as colocava num patamar de elegância; a segunda
foi em Matosinhos com a Banda Filarmónica Matosinhos-Leça (da qual Rui Reininho
havia sido eleito presidente, isto em 20019, lugar que ainda ocupa) e o
resultado desta colaboração foi substancialmente inferior que com o da Guarda
Nacional Republicana e as razões prenderam-se com dois factos: a variação e o
número de naipes é inferior na Banda Filarmónica Matosinhos-Leça em relação à da
Guarda Nacional Republicana, para além da inexperiência dos músicos de
Matosinhos comparativamente à da Guarda Nacional Republicana foi notória.
Quanto à relação entre a
Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música e os GNR equipara-se à da Guarda
Nacional Republicana, porém há algo que os separa-- para além do alinhamento
das canções-- se nestes últimos os arranjos estavam a cargo de três músicos, nos
primeiros o responsável foi Telmo Marques-- músico que acompanhou os GNR,
nomeadamente no concerto em 1992 no Estádio José de Alvalade, e que tocou
teclas em dois temas-- o que proporcionou uma maior homogeneidade ao concerto
para além de uma fluidez e leveza que se reflectiu numa delicadeza nas canções em
que dominava um ritmo lento; ou se associavam ao dramatismo das que tinham uma
variação rítmica como em “Morte ao Sol” (dedicada por Rui Reininho aos idosos
vítimas da pandemia Covid 19) e lhe acrescentavam uma fatalidade digna de uma
peça de teatro do Ibsen; em termos gerais é passível associar os arranjos do
Telmo Marques às orquestrações em “Pet Sounds” dos Beach Boys; já o público
esteve entregue ao espectáculo muitos deles como se estivessem ouvir canções
com mais de trinta anos como se fosse a primeira vez.
GNR & a Orquestra
Sinfónica do Porto Casa da Música, Matosinhos em Jazz, 30 de Julho, Praça
Guilhermina Suggia, Matosinhos.