sábado, 3 de junho de 2023
sexta-feira, 2 de junho de 2023
Tintin au Tibet
O Salão Brazil está lotado à espera da entrada em cena de Rui Reininho e dos seus três músicos que se dividem pelos teclados, guitarra e bateria, sente-se a ansiedade no ar que é satisfeita quando surge o Rui Reininho que interpreta “Aqua Regia”.
Já com a presença dos
seus companheiros de banda enveredam pelo espiritual “Namastea” e pelo surreal “Turafões”
para desembocarem no “Enfado Vegetariano” uma canção de inspiração flamenca com
um poema deveras irónico pois ridiculariza o universo das touradas.
A primeira incursão pelo
o oriente passa por “Tan Tan no Tibet” e através de um tema novo “Japan”
cantado em mandarim, algo que causa estranheza e simultaneamente espanto: como
é possível o Rui Reininho cantar numa língua tão estranha à nossa?
“Quando um de nós morre,
sete se levantam…”, numa lembrança ao recente falecimento do músico dos Ornatos
Violeta, Elísio Donas, ao qual dedica a fúnebre “Palmas”.
“Animais Errantes” é o
reflexo das substâncias que nutrem o “20.000 Éguas Submarinas”, o segundo álbum
a solo do Rui Reininho e que expõe através de um conjunto referencias estéticas,
na sua maioria de pendor assumidamente experimental tentando quebrar a lógica
pop/rock que é popularmente é consumido, nesta canção exacerba-se essa vontade
de liberdade com a conjunção dos músicos a levarem-na ao extremo como se fossem
vértices contra vértices num jogo de geometria autodestrutiva recriado pelo
Almada Negreiros.
Um dos temas do álbum “20.000
Éguas Submarinas” é o mar como elemento agregador de uma nação como Portugal
que teve como desígnio atravessa-lo e de certa forma ser dono e senhor de um
caminho marítimo para a Índia, este fado parece que se espraiou na alma
portuguesa e se repetiu noutras aventuras que deixaram uma marca indelével na
alma lusa. O mar no último álbum do Rui Reininho tanto liberta como é um
elemento asfixiante assim é “Hidrofone” como em “Fartos do Mar” ou no majestático
“…The Sea…”, como fossem os três últimos fôlegos de um naufrago.
Rui Reininho, “20.000
Éguas Submarinas”, 1 de Junho, Salão Brazil.
-
A veia é espetada por uma agulha grossa e o sangue é consumido por uma narrativa violenta do Conde Lautréamont: “Direi em poucas palavras co...
-
E se durante a manhã o nevoeiro apague o rosto maquilhado a pó de terra e se a chuva se retenha no seu rosto e o manche de lágrimas colorida...
-
Vivencio uma daquelas tardes de Setembro em que o calor é algo ténue e por essa razão efémero. No palco da Praça da Canção em Coimbra a ensa...