A “Valsa dos Detectives”
surge no ecrã aquando da gravação do “In Vivo” no Coliseu dos Recreios que
decorreu em 1990, esta introdução não deixa de ser arrebatadora. A partir de
aqui há uma sucessão de canções que são executadas de forma exemplar pelos GNR seja
o “Sub 16” ou “Vídeo Maria” dois clássicos que levam o público, que lota o
Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz, a aplaudir e a cantarolar.
“Eu Não Sou Assim” (a nova canção) é entregue com uma angústia que a faz vibrar
de forma negativa e paradoxalmente positiva, Rui Reininho canta como se
estivesse a narrar as diferenças de uma personagem que não encontra na
sociedade um encaixe. E os clássicos sucedem-se “Asas”, “Pronúncia do Norte”, “Popless”,
“Nova Gente”, a primeira é uma balada que é amada pelas rádios, a segunda é um
dos hinos da região norte do nosso país, a terceira de uma mestria pop com a
qual não há equivalência com outras canções pop, e a última de uma ironia
sublime. A versão de Erasmo Carlos e Roberto Carlos “Inferno” ganha ao original
em ritmo pois é mais acelerado e consequentemente a sua pop tropical fica ainda
mais tórrida. A recta final do concerto
inicia-se com a dramaticamente negra “Bellevue”, seguindo para o holocausto de
quem declara “Morte ao Sol” ou a psicadélica “Las Vagas” e ainda a ibérica
“Sangue Oculto” em que o que predomina é o rock. Os GNR não abandonam o palco,
isto é: Toli César Machado e Jorge Romão e Rui Reininho, acompanhados por
Samuel Palitos e Rui Maia, porque entram em cena dois coros mistos Canticus
Camerae e o Grupo David Sousa para abrilhantarem “Mais Vale Nunca” acentuando a
sua vertente pop, “Efectivamente” sublinhando a lírica que une universos
diversos e distintos, “Ana Lee” revelando o seu exotismo pop, “Dunas” que ganha
força na narrativa de canção pop. Os GNR finalizam o primeiro concerto do ano
abraçados ao Mestre e à Mestrina dos respectivos coros sob uma forte dose de palmas
que celebram quarenta e três anos de carreira que de uma forma ou de outra há
um heroísmo neste percurso que nem sempre foi fácil pois a comunicação entre a
banda e o seu público pecou por vezes por defeito.
GNR, 7 de Janeiro, Centro
de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz, Figueira da Foz.