O Coliseu do Porto está
com lotação esgotada para celebrar os quarenta e cinco anos de carreira de uma
das grandes bandas deste país: os GNR. Mas ao se abrir o tecelão surgem três
rapazes a substituir os GNR, Lopo Romão, D. Sancho e o António Machado,
acompanhados pela dupla que acompanha o Grupo Novo Rock, Samuel Palitos (há dez
anos na bateria) e o recente Ben Monteiro (nos teclados/guitarras); o público
passa do êxtase para um nervoso miudinho, pois julgam verem a tocar os membros
da banda, e isto sucede durante a primeira canção “Espelho”. Os GNR originais
substituem os GNR infantes; e a partir daqui o concerto ganha uma forma nada
saudosista, mas é inevitável que assim seja, é impossível fugir aos êxitos,
apesar de começarem com “Bem-vindo ao Passado”, que é seguida de “Vídeo Maria”
que leva ao rubro o público, posteriormente “Caixa Negra”, e “Eu Não Sou
Ninguém” conta com a presença em suspenso no palco no interior de uma rede de
um contorcionista; seguem-se três canções extremamente populares, “Sub 16”,
“Mais Vale Nunca” e “Efectivamente” que são cantadas em uníssono com o público,
rendido desde que Rui Reininho, Jorge Romão e Tóli Cesar Machado surgiram em
cena. Rui Reininho dedica “Asas” “para os bombeiros” e o slow pop é acompanhado
com imagens do vídeo clip e ouve-se o canto de voz suave: “as asas servem para
voar”; seguem-se os acordes de “Pronúncia do Norte” que gera que se acendam os
telemóveis e que façam do coliseu um universo estrelado e as vozes suplantam a
do cantor, “é a pronúncia do norte”; destaco ainda “Tirana” a esquizofrénica
“Popless” ou a esvoaçante “Voos Domésticos” ou a pop “Cais”; “Bellevue” é
similar a ferro fundido que vai ganhar uma forma abstracta. “Morte ao Sol” é
uma sentença por cumprir mas que é paradoxalmente cantada pela maioria dos
presentes, “Sangue Oculto” um portento rock. “Las Vagas” é um transcendente delírio
synth pop como se fosse um sonho que gradualmente nos atrofia e
subsequentemente nos liberta e por fim é-nos permitido respirar. “Inferno” de
Roberto Carlos e de Erasmo Carlos é executada como se estivéssemos em LA; a
dupla que encerra a noite é “Ana Lee” e a inevitável “Dunas”, a
primeira revela-se através de um exotismo pop (cantada juntamente com o
público) e a segunda é uma canção de Verão e ao remeter para este universo é de
uma inusitada felicidade.
GNR, “OPERAÇÃO STOP”, 19
de Outubro, Coliseu do Porto, Porto.