“Popless” é revistado numa cadência flutuante, passo a passo, graceja Rui Reininho de fato azul a faiscar. Na “Sexta-feira” é dia de bebedeira, no dia Um de Janeiro celebra-se a mortalidade perene que decreta “Morte ao Sol”, destapa as noites como esta: “Figueira, então e o Santana Lopes não veio?”, Reininho polvilha o concerto numa tragicomédia verbal, “o Sócrates é que fuma prá caralho, é verdade, eu já jantei com ele!” Antes de se aventurarem num “Espelho Meu”, esclarece: “isto é anos oitenta, não é o David Fonseca de pijama, perguntei ao meu espelho, duran duran, ahaha”. E se preferem a “Dama ou Tigre”, prevejam a viagem para um jardim labiríntico, enigmático, sem direito a cordel para vislumbramos o caminho de regresso, “por trás de cada porta há um só destino.” Rui Reininho liga a ignição “Quando o Telephone Peca” para o vídeo clube onde alugamos o “Hardcore 1º Escalão”, interpretado pelos GNR num argumento sónico orgíaco. “E nós, nos anos oitenta, já fazíamos coisas tão esquisitas!”, abre os braços numa assumpção clara de quem decreta o dom da originalidade. “Mais vale nunca, nunca mais beber”; “Inferno”, do Roberto Carlos, soa a início de menopausa de playboy ignorante. “Esta foi estreada em Buarcos, que é mesmo aqui ao lado, e é sobre um amigo francês que era panasca, ´adoro os ratos do esgoto”; “os bichos do mato”, e no “Sangue Oculto” revemos os GNR no Estádio José Alvalade, com decibéis a projectárem os acordes como fogo de artificio. “Não vais ser capaz de ler ´O Senhor dos Anéis”, e as “Dunas”, mesmo ao lado do palco, com garrafas de champanhe a boiar, o acordeão levanta o vento que conduz a areia de noite de lua cheia para “sacos de cama, bastante encharcados”; ejaculação precoce de um adolescente doutorado em jogos de computador. “GNR, há duzentos anos a ensombrar o espaço…”
GNR Avenida da Liberdade, Figueira da Foz 01 de Janeiro
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
O Meu País Inventado
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