A corrente de som fustiga o ar, desloca-se das altas para as baixas pressões, faz tinir os tímpanos por onde entram The Vicious 5. “Alguém disse vulva?”, questiona o vocalista Joaquim Albergaria: “é um prazer estar no Alfa Bar, onde somos sempre muito bem recebidos”; “este é o nosso primeiro concerto de apresentação de ´Sounds Like Trouble`, o concerto no Lux foi uma merda!”. A voz eclode das colunas colocadas dois degraus acima do chão, onde os outros três membros deste “Suicide Club” colidem, a bateria perfura a síntese da Laranja Mecânica, tão perversa quanto eloquente, com as guitarras a distorcer em speed ritmado e rifts numa cadência urgentemente perpétua: “You have allways been a member of the suicide club!!”. “Quando falo em mudar, estou a falar de vocês e de mais vinte e quatro pessoas que andam por ai!” e “esta sala é bué da sexy!”. Tem a cabeça rapada e a barba é uma extensão desta cabeleira, quando abre a boca saem uns dentes de piranha sequiosa por sangue humano, “sexy”! Ah! “Coffe Helps” to do “Fallacies and Fellatio”, uma sequência a induzir o sufoco premeditado, “alguém falou em vulva?”. As luzes de cores vivas acendem e apagam-se cavando no palco um espaço inexistente, o baixista, Rui Mata empurra o vocalista para a multidão, encena a moshe, segura a cabeça a um puto de camisa branca, enrola-o como um pião e lança-o para a direita. O som cilindra a multidão aquando dos disparos de “Your Mouth Is A Guillotine”, a pausa inadvertida com o problema mecânico do baixo, que é trocado e afinado através da entoação de “bring it on, bring it on, bring it on”. A única disposição possível é iludir o alarme e fugir deste sítio que recusa limpar-me da ironia que perpassa um crime, os médicos vestem-me o colete de forças e injectam-me doses massivas de laxantes, revejo-me num “Bad Mirror”, a projecção de uma frase que impõe: “Pensem todos ao mesmo tempo, em algo muito violento!”
“Sounds Like Trouble Tour”, The Vicious 5, Alfa Bar (Marinha Grande), 14 de Março
domingo, 23 de março de 2008
O Meu País Inventado
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