O jardim em declive empurra o público para o palco do Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, que espera pelos The National. Entram no palco suados e a cor dominante das roupas é o negro e o verde, “Start a War”, dá inicio a um concerto que revela novos arranjos em algumas canções, apoiados numa secção de metais discreta mas eficiente. Brett apresenta a sua voz de forma poética, quando “Muder me Rachel” eclode, a temperatura é uma brasa que queima a pele e a cicatriz não é algo passageiro, antes, eterno, pessoal e intransmissível. “You are worst than the irish”, o guitarrista ri, da sua perspicácia perante o público que canta uma música que não irá constar do alinhamento. É certo que estamos perante uma máquina que de cada acorde cria uma instalação sonora que é acutilante e dilacerante, agreste ou delicada. “Fake Empire”, sobre a utopia do sonho e a sua materialização através do amor. Quem esteve neste espectáculo perceberá as diferenças entre o do Alive, que foi oposto, em que Brett desejou “Sun, go down! Down!”, em Guimarães o monumento ganhou por fim contornos de efemeridade que o tímpano jamais irá olvidar.
Festival Manta, The National, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães, 18 de Julho