Alguém deve julgar que existir é morrer
É a forma mais directa e eficaz de existir
Fechado num elevador ou num armário
Onde a madeira é o nosso corpo de Pinóquio
Quanto às mentiras que sejam calendarizadas
Para que não haja fuga de nenhum feriado
Se não crescer o nariz para a outra margem
Não há saída para o desenvolvimento do mercado
Que expele as suas forças no interior do capitalismo
Trocamos os membros pelo correio
Envio as minhas mãos enceradas e de unhas pintadas
Podes dedilhar o clítoris numa sinfonia clássica
Em cada gemido eleva-se um prazer intemporal
Se é para te vires fá-lo, depois do meu falo
Guarda os beijos na mesinha de cabeceira
Onde escondes o contador e a bíblia envelhecida
Em cada penetração iremos renascer
Pergunta ao padre da paróquia da pedofilia
Ele censura o sexo conjugado com dinheiro
A esmola tem que se colocar na caixa do olho
Este relata o nosso feito aos outros em surdina
Assim não perturba as velhas beatas
Com as perucas de rede de capoeira
Tens formato de mulher primitiva e sensitiva
Que põe de quatro para me sentir no orgasmo
Quanto ao interior tem papel de parede e flores
Se são rosas ou cravos é apenas um período
As estações do ano fertilizam-te num esgar infinito
E as tatuagens são números do abono da família
Encaminha-os para uma repartição das finanças
Ou para a segurança social onde pára o peditório
Para o aborto que amamentas de vez enquanto
Esforço-me para me esticar na tua casa soalheira
A lanterna vê-te nua a desviar o olhar do espelho
Que diz que andas a mentir ao futuro e ao presente
Confisco o dinheiro e lamento o logro do amor
Que palpitava em cada penetração e estoiro
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
O Meu País Inventado
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