São cinco rapazes de Lisboa, têm nome de uma família nómada americana, das que andam à procura da religião perfeita, que os ajude quando partirem o espelho e passarem para outro lugar, aparentemente imaterial. The Vicious Five, sobem ao minúsculo palco do Ar de Rato, Santa Clara, Coimbra, uma vivenda familiar carregada de adolescentes a verter o pus pelas bolhas do rosto, as meninas cobrem-se de base e de make up para imitarem as mães. “Sounds Like Trouble” é uma histeria catártica ou “Suicide Club” é visceral, “e quem, é que vota a favor de que não é preciso o palco ter segurança!”, é Joaquim Albergaria a piranha humana que berra de uma centrifugadora a extirpar o tímpano, secundado por um dueto de guitarras avariadas, com os solos a quebrarem o wall of sound da distorção, por vezes melodia outras doida. “Let `s get away, get away, away yeah”! ; “Let´s gooooo”!, o ritmo é um estrilho constante como cocktails Molotovs "uuuuu, lá, lá, laaa", "all over again" a explodirem das paredes. “Beat it”, “generation of Cinderals” com origem no mundo dos morangos com açúcar, por vezes a voz de Albergaria não ecoa, como se estivesse presa num aquário a verter sangue. Há ossos a saltitar a aplaudir, “stop me!”, The Vicious Five contaminam a decoração Vodafone em comunicação intra-uterina, mas no sentido de provocar um aborto. A violência do corte umbilical, suavizada por “All night longoo”, cantado à capella por Albergaria e Bruno Cardoso. The Vicious Five são um jogo psicadélico, por vezes irreal de rok and rollar, as guitarras no chão flutuam os acordes e se o ritmo surgir atrasado é pura arte pós-contemporânea.
The Vicious Five, 19 de Fevereiro, Ar D'Rato, Coimbra,Flash Vodafone.