quinta-feira, 12 de março de 2009

Zé Carvalho

Um homem de estatura média, cabelos encaracolados, e uns olhos ampliados pela graduação dos óculos e a partir dos quais media as distancias e o valor das pessoas. Sempre que nos recebia no Búzio era caloroso e simpático, e se tivermos a sorte de ficar para lá da hora de funcionamento do restaurante, ouvíamos as suas histórias com agrado nas quais relatava revelações sobre figuras que conhecia. Era um luxo tê-lo como amigo. E será sempre com enorme agrado que recordo a sua coragem ao manter a publicidade do Búzio ao lado do cabeçalho da Linha do Oeste, numa altura em que Santana Lopes era o edil da Figueira da Foz. E que havia proibido a publicação de noticias/notificações camarárias no semanário onde trabalhei (algo inconstitucional). Este facto amedrontou compradores e anunciantes, foi como uma pena capital para nós, nunca desistimos até o ponto de nos ser impossível prosseguir. Mas o Zé Carvalho esteve no nosso cabeçalho até ao último número, sem ser um reflexo do medo que graça(va) nesta pobre e tresloucada localidade. Haja alguém com coragem e que não se vergou a pressões destes ou daqueles, que fez da sua vida um pretexto da liberdade e que sempre foi grato aos que se assumiram como seu amigo. Eu sou, fui e serei um dos que partilhou alguns instantes que foram sempre exíguos para desfrutar da sua companhia.

O Meu País Inventado

Vivencio uma daquelas tardes de Setembro em que o calor é algo ténue e por essa razão efémero. No palco da Praça da Canção em Coimbra a ensa...