Um espaço construído para voar como um óvni a rodopiar, comprometido no objectivo de exibir que há vida extraterrestre, lunar, onde teremos que nos deslocar num Moonwalk. Um dos protótipos que ainda está na linha de montagem, desfaleceu após uma injecção de adrenalina, como a que me esta a picar neste momento, a agulha chama-se: Kylie Minogue. Veste um vestido inspirado nas princesas das arábias, a sair da lamparina sonora do disco, tecno, bom, bom, a sonorizar uma discoteca repleta de pessoas vestidas com modelos do Jean Paul Gaultier.“Can you hear me Lisboa?”, “lá, lá, lá, lá, lá.”. O livrete do tempo é folheado através do cibernético, “I Just can`t get you off my mind”, “boy”, “lá, láaa, láaáa,”, a dançar livremente, ou, em sintonia por entre os bailarinos, cobertos com cabeça de predadores. “I feel you”, sustentada pelo baixo e bateria, “spining around”, “I don `t feel coming down”, “It `s no”, curva-se exibe as pernas, “OooooOOOO”, “I don`t feel coming down”, “AAAAA”, palmas, “Tank You!”. “WoW, Wow, you got it”, “Yeah, yeah”, “you got it, Wow, Wow, Wow,”, “slowoooooo, you got it”, “Wow, Wow, Wow”, teclados e o beat a potenciar uma luminosidade do pano de fundo, uma parede led, emite imagens, como se estivéssemos no interior do limão dos U2, “discoteque”. Intervalo. Kylie Minogue encontra-se num biombo gradeado, veste de vermelho, desloca-se, empurrada por dois escravos, rodopia, tem um chapéu para usar em Ascot, beat, beat: ”I Have my…”, “make me feel”, “Like”, num assalto de dominatrix sobre o público do Pavilhão Atalântico. “I never saw it right”, “so melectric”, “yeah”, “slow”, na recta final da música o break torna-se mais orgânico, pesado. “It `s so hot in here”, despe a saia, suspira, apresenta a banda. “You know something? I `m in love! There `s someone in love?”, o público diz-se apaixonado por Kylie Minogue: “two hearts beat together , IIIIII `m in Love”, “I `m in Love!” . Intervalo. Surgem os acordes bissexuais do “love boat”, da série de TV, Kylie aparece na proa do cruzeiro, num teté a teté com cinco marinheiros. A canção assume-se num “Querelle”, cor-de-rosa, azul, verde, lilás. Colocam a musa da Austrália sobre uma mesa onde ela canta aninhada, com os calções de marinheiro a apertarem-lhe as coxas, os mariachis irrompem por entre a métrica tecno. “Can you see these flower?”, e na mão esquerda desvenda uma rosa vermelha, essa pinga amor. “Are you ready for this?”, “ I know you feel me, cause you love me”, “baby, baby”, o ecrã led divide-se semelhante a um jogo de computador dos anos oitenta. Kylie fixa os braços, como se fosse o último reduto de sensualidade, secundada pelos bailarinos a acentuarem o ritmo sexual da trepidação das colunas a bombearem o beat dominado pelos samples dos teclados. Senta-se, dobra as pernas, bebe: “Tudo BEM?”, “If you now the title of the next song, I’d like to hear it”: coros: “OOO”, “OOO”, “OOO”, disco-sound, “Hey Lisboa!”, abana o traseiro, coloca o microfone sobre um apito vermelho: “Prrrriiimmmm”, “Thank you very much!”. Intervalo. No ecrã surge um palácio Vitoriano, a preto e branco, uma valsa perversamente kitch, marca o ritmo aos bailarinos. Kylie de top branco, com um colete coco-chanel e um tutu preto, as botas negras cobrem-lhe os joelhos. “Stay forever, with a night like these, just be together”, “very close to you”, “I Just can´t be”, “Will you touch me?”, pausa, “thessses”, pausa, “just wanna be together.”. Os bailarinos criam um corredor por onde Kylie desfila, antes de começar a cantar: “Ne laissez pas tomber votre nation!”, “To your lonely hearts”, “oOOOOOOOOOOOO”. “It`s so hot”, deita-se, e dobra as pernas como se estivesse a pedalar sobre Pégaso, “ready to sing with us? Are you ready?”, “Let `s do it…”, “Kids,” é a primeira canção onde o baixo se sobrepõe ao teclado, funk, “yeah”, o dueto, originalmente interpretado com Robbie Williams, é interpretado juntamente com as duas coristas, num jogo soberbo de confiança. “I `M gonna give you all of my Love”. “F-U-N”, à capella a arrebatar das suas cordas vocais uma profunda veracidade, anulando o tecno dos plasmas, que tem predominado durante o espectáculo. “Do you remember the old times?”, abana o traseiro, “Remember?”. “How does it feel?”, as luzes incendeiam o pavilhão que é manchado por nuvens de confetis que nos levam de volta às noites loucas do Studio 54, “How does it feel?”, “in my heart?”. “Lucky”, “Lucky”, “Lucky”, com a guitarra em distorção, e os metais a repetirem as notas, como se fosse um coro da Antiga Grécia. A sua voz ensimesma-se: “It´s in the air”, coros: “love me”, Kylie : “I do Love you.”. “Let´s go back to the beginning? You are being amazing!”, “Let `s do the Locomotion?”, “In my imagination, there`s no complication.”
Kylie Minogue, Pavilhão Atlântico, 4 de Julho.
domingo, 5 de julho de 2009
-
A veia é espetada por uma agulha grossa e o sangue é consumido por uma narrativa violenta do Conde Lautréamont: “Direi em poucas palavras co...
-
E se durante a manhã o nevoeiro apague o rosto maquilhado a pó de terra e se a chuva se retenha no seu rosto e o manche de lágrimas colorida...
-
Vivencio uma daquelas tardes de Setembro em que o calor é algo ténue e por essa razão efémero. No palco da Praça da Canção em Coimbra a ensa...