Não sei como se chama a mulher que se senta num banco, num palco exíguo, com uma guitarra eléctrica nas mãos. A cantora dos hibernados Stereolab, é uma francesa que aparenta uma jovem inglesa, dirige-se ao público do Teatrão, em inglês sem sotaque, nem o usa como se fosse postiço. As canções discorrem de lamurio em lamurio, com a guitarra a ser a sua fiel parceira no dedilhar de tristezas e evasões. Com dois acordes é genial quando acrescenta diferentes cabeças a cada um deles, nem sempre a pigmentação sonora é tão eficiente. Mas Laetitia Sadier é sedutora, daquelas falsas ingénuas que se espanta por Coimbra a estar a receber numa Sexta-feira chuvosa: “The house is full today!”. “This is a song about divorce, it´s not funny! It´s tragic!” “Paraipara”, falsetto, “pararaia. “´On One million Trip”, “ is the journey of a life time”. E que explica que esta francesa de corpo forte mas rosto angelical teve coragem para, “left everything behind”. “Lalaraira”- Introdução. Falseto- em duas perspectivas: baixo e o alto. A promessa: “I `ll be back for lifetime.” O quinto tema da noite tem um carimbo brechtiano, “appositive of the spectator”, canção que se pode adjectivar de uma silly bossa nova. Já “Afraid of the Rivers” é um western spaghetti pornographic, é transmitida inicialmente em mid tempo, na segunda parte acelera, “transforming the night in to Day”, “There `s room for you?” Remexe numa musica de uns desconhecidos, pergunta: “do you now them?”, que se submete a um esoterismo arrepiante. Meio tempo. “Manunanana”- falseto. Mas quando dedilha acordes mais rápidos, submerge-se a uma dinâmica Radiohead, Ok Computer?, Laetitia Sadier: “ If God is love? Yeah you can put that way.”
Laetitia Sadier, O Teatrão, Coimbra, 19 de Março.
sábado, 20 de março de 2010
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