O teclado está a impedir a entrada dos Suede no palco da Queima das Fitas do Porto, os técnicos e o músico Neil Codling estão a tentar resolver o problema, a ansiedade aumenta e a resolução parece cada vez mais distante. Às 01h 05 ouve-se uma música clássica recheada de violinos, é o sinal para que entrem: Mat Osman, Simon Gilbert, Richard Oakes, Neil Codling e por fim Brett Anderson, veste camisa cinzenta e calça preta, é alto e magro. Palmas e gritos. O bombo da bateria marca o ritmo de “She”, “UUUUUUUU”, “walk like a killer”, “killer”, a banda preenche os espaços abertos pela bateria e os Suede entram a matar, “she`s”, “SHEEE”, ritmo mortal, coro “AAAAA”, “no education”, “she`s”, “UUUUU”, Anderson rodopia, “AAAA”, “No education”, “sheeeee”, “UUUUU”, solo da guitarra progressivo mas colocado sob os outros instrumentos, “she”, Anderson balança a cabeça e marca o fim da canção, “EEEEEEE”. O estilhaço sonoro impõe-se no psico-pop de “Trash”, descarregada como fosse uma overdose de fama, “trash”, “beat”, “oOOOOOOO Maybe”, “trash”, “you and me”, “letter”, “trash me, and you”, “Doooo”, solo, apoteose. O dramatismo fílmico de uma noite por Mulholand Drive a passear com uma loura junkie, a força desta matriz é a guitarra distorcida que corrompe a épica melodia de “Filmstar”, “driven in cars tonight”, “filmstar living in cars”, uma anorexia nervosa que a leva a “change your name, change your brain”, descarga de metal da guitarra. Andreson aproxima-se do público, “imposible to say”, “play the game”, baixo gingão, mas a distorção da guitarra entrecorta-o, à qual se junta a de Neil Codling: “change your name”, “Filmstar”, “Filmstar”, “Filmstar”, coro: “yeah, yeah, yeah”, “filmstar, filmstar, filmstar”, coro: “yeah, yeah, yeah”, “filmstar, filmstar, filmstar” , “Yeah, Yeah, Yeah”, Andreson junto ao público: aplausos. “Animal Nitrate”, o hino de uma única arte marcial, ao se revelar como um astro que não sofre com a gravidade que o circunda, é a violência do adolescente que crê na imortalidade, “OOOOOOOO”, a guitarra de Richard Oakes anula a de Neil Codling, que se manteve shoegazer durante todo o concerto. “Diamond”, solo de Oakes, distorcido, violento e progressivo, que gradualmente projecta acordes circulares “OOOOOO”, “animal she was”, “animal”, “OOOOOOOO”, “animal”, “OOOO”, solo curto, “animal”, Anderson dança, aplaude, solo curto, Anderson rodopia. Solo distorcido de Oakes, bateria + baixo, guitarra, “stay home tonight”, “We are the pigs”, “fire in life”, solo da guitarra, “in my home”, “we are the pigs”, “of the fireeee”, “We are the stars of the fireeeeeeEEE”, ritmo marcial, distorção da guitarra solo, Anderson dança de costas junto à bateria, “OOOOOOO”, solo agudo prolongado, “We are the pigs”, ajoelha-se e grita: “EEEEEEEEE”, o feedback da guitarra mantêm-se ligado enquanto os outros instrumentos silenciaram-se. “By the Sea”, a balada retro-kitsch, com os teclados a sobressaírem, a guitarra sola e bateria acompanha-os, o baixo abre a canção para o espaço sideral, “she can walk any time”, guitarra-solo, “light”, “life”, “I Wot`n touch the ground”, guitarra-solo, “ground”, o ritmo da bateria perde a progressão- psicadélica e inverte para o 2X2. “She can walk any time”, “acros the sand to the see”, “a new life, I won’t touch the ground”, solo-guitarra,” “stay, goodbye”, o ritmo transfere-se para um resumo das outras duas partes da canção, corrompida por um solo crescente da guitarra, “new life”, dramático, pausa, bateria, “see”, “by the sea will bringgg”, “seee”, “brinng”, pausa, Anderson segura no microfone: “And SOOOOOOOO”, os teclados encerram a equação. “Drowners”, é revista com duas guitarras, e a pergunta perniciosa: “Do you belive in love?”, Andreson dança com o tripé, “around us”, guitarras distorcidas, a canção é transmitida gradualmente num parênteses progressivo- circular, e a voz de Andreson é continuamente aguda. “Flashboy”, é apresentado com um resumo Rock and Roll, quando o Glam desaparece das canções dos Suede, surge a redundância, mascarada por um ritmo break beat marcial, com as guitarras paralelamente a debitar os mesmos acordes, “he is a Killer”, “he`s a flashboy”, “AAAAAAAAAAA”, o ritmo aproxima-se do hard-rock, voz: “Like a killing machine”, power rock, solo, “baby”, agudos: “OOOOOOO”, “killer”, “boy”, “OOOOOO”, o ritmo acelera, solo agudo, “Lalalallalalallalalal”. “Can`t get enought”, bateria, palmas, solo agudo progressivo, aceleram, “I feel real”, dança com o tripé, “teenager”, “singing I Caaaan`t get enought”, “I feel real talking about sugar”, “AA Can`t get enough”, “like a woman, like a man”, solo da guitarra e que se sobrepõe ao refrão: “Can`t get enought”, “like a stonehenge man”, solo de notas curtas. “Everything Flow” , o slow-pop, com sintentizador de anos 80, que suporta a canção, como se fosse um dilúvio circular, constante corrente para “sky”, “Sleep away”; “Life is just a lullaby”, “AAAA”, “everything will flow”, “AAA”, solo, “lullaby”. “So young”, bateria, “beacuse you are young”, “electric mind”, “so young”, Anderson brinca com o microfone, “so young” guitarra distorcida, os teclados indica o meio tempo, “and you are”, teclado, o ritmo acelera, “so young”, a guitarra de Oakes finaliza com um solo prologando circular distorcido e corrosivo. “Metal Mickey”, Anderson salta, “shout”, “she is so”, solo metaleiro, pausa, “she is so”, “OOOOOOOOOO”, “OOOOOOOO”, “OOOOOOOOO”, Anderson olha directamente o público, abre os braços acima da cintura, o seu tronco roda da direita para a esquerda, ri. “Wild Ones”, a guitarra acustica dedilhada por Codling, insere os acordes da canção, “there`s a song playing on the radio”, “on the morning show”, a bateria retira-a da utopica e épica flutuação, “and if you stay”, “like a morning”, “stay” falseto, solo, falseto, solo, “Dj”, “shame”, “bleeding”, “on a sunny day”, “tatoo”, “AAAOO if you stay”, “Skyes”, “please stay”, meio-tempo, “chase the rainbow” , “stay”, “today”, guitarra-solo, “if you stay”, “OO if you staaaaaaay”, “OOOO if you stay”, guitarra, “wild” falseto, “today” falseto. “New Generation”, a banda emite em registo noise, com a guitarra de Oakes a ser a dissonante, Anderson canta: “A new generation rises”, “the pity”, “to find each other”, “Calling in my head!”, “can you hear them calling??”, “in my head”, “is a new generation calling”, “loosing myself to you”, guitarra dissonante, solo de Matt Osmand. “All the boys”, “in all the cities”, “to find each other”, “in my head!”, “Can you hear them calling?”, “it´s like a new generation calling”, “loosing myself to youOOOO”, solo, “YouOOOO”, solo, bateria, ritmo 2X2, métrica colectiva pefeita. “Beautiful Ones”, guitarra distorcida introduz os acordes pop, bateria, loucura no público, “the hits to the beats”, Andreson percorre a frente baixa do palco, a cantar, “time to kill”, “beautiful ones”,”sing it!”, determina Anderson: “Alalalalala”, speed, “beat”, “gasoline”, “here comes the beautiful ones”, “you don´t do it”, “you are beautiful”, “OOOAAA”, “babies going crazy”, “LALALALALALALALALALALALALA”, distorção, solo da guitarra a mimetizar a melodia do refrão, o fim é em contra- ciclo. Suede, ausentam-se pela esquerda alta, e quando regressam, o último a entrar na festa é Brett Anderson, “Saturday Night”, é tocada irrepreensivelmente, “to the river”, “Obrigado!”.
Suede, 6 de Maio, Queima das Fitas do Porto @ Porto
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