As Señoritas são Sandra Baptista e Maria Antónia Mendes que sobem ao palco (instalado sobre um jardim interior) do Centro Artes e Espectáculos da Figueira da Foz; a primeira canção caracteriza-as como se fossem um grupo de música popular; mas a seguinte anula esse universo e coloca-as na urbe, Maria Antónia Mentes: “Acho que é meu dever não gostar”, tudo o que condiciona ou controla as pessoas; posteriormente evocam a dança mas com lampejos retro como se fundissem o presente e o passado em três acordes; “Solta-me” (“foi a nossa primeira composição”) perspectiva sobre a dor a que um sacrifício induz; seguida por uma marcha fúnebre em que a melodia resgata o universo circense numa paródia negra; o desafogo surge com uma canção pop/rock em que os versos se rebelam contra os altares com santos e virgens ditadores; quanto a: “Os Funerais São os Casamentos dos Mortos” , o fado é evocado mas segundo premissas que tentam quebrar com a ortodoxia a que está consignado; a seguinte discorre sobre a probabilidade de um ataque de pânico, e a matiz sonora que implementam implementa o paradoxo e retrata um estado de consciência alterado; reacendem o ceptro pop/rock em que há um solo de guitarra eléctrica de uma nota como se tal fosse algo de uma destreza impar da responsabilidade da Maria Antónia Mendes; “Ciática” de uma tensão pop/rock associada a uma voz sofredora: “Não sou muito inteligente, mas sou um bom recipiente”; seguidamente desenham uma pop elegante através da programação que a contextualiza num universo opresso; quanto a, “´Em Vida` não se encontra no Cd”-- de estreia das Señoritas: “Acho Que É Meu Dever Não Gostar”-- misturam a ruralidade com a urbe e é nestes pontos antagónicos que se revela a sua beleza; “Alice” é um retrato de uma mulher que julga que é uma menina e que tudo tem sentido se for construído segundo os seus desvairados desejos; “é a primeira vez que estamos na Figueira da Foz como Señoritas esperamos que não seja a última”; a penúltima canção tem uma festividade pop entra em paradoxo com a crítica do refrão: “Viver bem, sempre nova com os pés para a cova”; “Amanhã” dos Sitiados resgata a alegria e urgência do original, encerra o concerto com uma perspectiva sobre o passado mas a saudade é sobre o futuro que está nas mãos delicadas das Señoritas.
“Tour 2017”, Señoritas, 6 de Março
quarta-feira, 8 de março de 2017
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