terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Contribución al conocimiento de las psicosis tóxicas. Experimentos y descubrimientos del poeta Henri Michaux

Não quero que as suas mãos de lagarta toquem o sino nem que se aproxime do retábulo testemunha de Jeová ou reze para que seja feliz e se tivesse ouvido as badaladas do badalo em ouro que pende do seu pescoço teria-me escondido sob o colchão de palha e apesar de Julho tenho calafrios só de pensar que me irá beijar e agradecer o estarmos juntos na pobreza dos sentimentos que ainda julgava que eram os mesmos de quando a conheci sob a sombra intermitente de um castanheiro a salpicar a sua pele dando-lhe uma heterogenia padronizada e movimentava o braço e colocava a boquilha da cigarreira na boca e expirava languidamente sobre”Y” de quem estava a deliberar sobre o seu futuro e serei ”$” mesmo que “Y” não queira e bebia angustiado o chá verde e com o leque apontava para a ervanária e sorria perante o medo que me envenenava num processo em que o seu tamanho se multiplicava sem jamais plasmar o tamanho original e gargalhava displicentemente uma louca que desdenhava os que lutaram pela vida numa teia de aranha ou se atropelaram por uma côdea de pão e foram projectados raios dos olhos em prisma sobre os “YY” e a sua energia malévola anulava o “Y” para passar a ser “&”; o palco do Salão Brazil é conquistado pelos Moon Duo um trio dividido pela guitarra eléctrica uma bateria e teclados e a visita versa um psicadelismo que é transversal à todas as canções algumas das quais ultrapassam os dez minutos de trip um vector que é continuamente modelado num exercício em que domina a repetição e a sua constante intercalação em diversos fluxos como o rock e o prog e a pop de teor abstracto e estas sublimam-se em diversas e efusivas cores projectadas sobre um monotónico da bateria que é monocromático e corresponde a um fundo agressivo dada a sua proximidade a um ritmo robótico que remete para os tribais das tribos de África onde se ritualiza a alma há ainda a destacar a guitarra eléctrica que é de uma sobriedade desarmante e as vozes que são meros elementos decorativos para nos lembrar de que um dia fomos humanos; pedia-a em casamento e num silêncio remoto abanava a cabeça e sustinha uma pedra e colocava-a ao nível do seu rosto e imiscuía-se no seu interior a adocicar o ego que não lhe batia no peito e induzia um bem-estar excessivo e perante o sepulcro a angustia e salivava na esperança que estava predisposta a aceitar-me mas mirava enigmaticamente em seu redor como se “&” não existisse para além deste corpo com múltiplas articulações que estalavam ao passear junto ao rio onde os cisnes boiavam e abria lentamente a sombrinha e segurava-lhe a cauda para que não roçasse na terra seca e murmurava que era a soberana mais querida do seu reino que comandava com gestos desordenados e se ouvia um silvo distante falseava a morte do apóstolo e nos juncos ignorava os veraneantes de papo inchado e cheirava as árvores de fruto onde se pudesse saciar e se fingia o orgasmo era porque se sentia receosa de que fosse o seu infiel escravo e tentava contrariar esta predisposição se talvez chorasse perceberia que estava determinado a ama-la mesmo que isso custasse o emprego na fábrica de merda com distribuição no continente e ilhéus e capturaria as sombras invernosas mas milagrosamente não parava para tropeçar na declaração de “&”.

Moon Duo, 10 de Fevereiro, Salão Brazil, Coimbra.