Um autógrafo numa linha esquizofrénica joga um odor de bebé e na retaguarda um flick flack de um cão que diz “sim” “sim” aos que o seguem numa deformidade de vassalagem para com os doutores & engenheiros construtores de uma massa disforme que se confunde com o medo e a prenda é um céu lapislazzuli longitudinalmente a se expandir ciclicamente perante as tempestades num aquário com peixinhos sufocados numa tensão auto-erótica a cirandar as Cíclades que cerceiam Delos o belo se fosses eu és um ateu atado a Deus que ama o verso branco e as palavras negras que se multiplicam num dicionário com erros ortográficos incompreendidos por leitores de morse que tacteiam o vazio à procura de uma cómoda ou de um baú para esconder as quadras perfuradas por agulhas esqueléticas que se fazem às passerelles a envergar cabides de roupa com $ no umbigo botão em desuso em caso de emergência perante a iminência do período transpor os diques felpudos e depilados por brasas que sofrem a fortuna numa terra inóspita com uma filosofia estranha que quando se entranha é para sempre numa versão com diversas prisioneiras a debitarem o preço da maminha e da mamada do outro lado se existe há vozes comprometidas com as suas conjugues a adornar a lareira com hastes de veados que de sorrisos com dentaduras postiças sorriem de olhos congelados perpassados por uma carreira de formigas que se desfazem antes de encontrar o húmus de Arraiolos; Six Organs of Admittance corresponde a Ben Chasny que dedilha uma guitarra acústica que se divide por ritmos maioritariamente lentos que se repercutem em melodias intimistas e que ganham um teor de grandiloquência melancólica quando entrelaça a sua voz com uma parceira que numa canção toca guitarra eléctrica introduzindo uma angustia contida mas quando esta abandona o palco há um aprofundar de uma solidão que se revê em amores desfeitos depois de terem sido cuidadosamente regados com paixão ou quando narra o percurso de um outsider que recusa sucessivamente enquadrar-se na sociedade americana e esta cultura é inerente à origem do cantor mas acima de tudo é o espelho de um desencanto desmedido com os Estados Unidos que se dizem donos da liberdade; cruzada esdrúxula de tão redundante numa combinação pictórica de fusíveis a estalar em fragmentos místicos que se suspendem num intervalo em que Cronos corre lentamente à procura de um outro abrigo sobre uma falecida tridente que abocanha as mãos de um pianista que toca Debussy e é degustado pelo Mário Cesariny que entoa a melodia e derrama um poema intitulado “Tocata” e da telefonia oiço-o a declamar baixinho eventualmente tímido perante a sua genialidade maior do que a do Fernando Pessoa inclusive dos seus duplos com mapas astrais de donas de casa versadas em novelas de cordel fruto de uma sexualidade reprimida que nem Ofélia destravou e que emoldurou em cartas de amor no fundo de um caixão com pedra lapidada “Fernando Pessoa. Encarnou diversas personalidades— heterónimos —como Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos” que o acompanham para além da Taprobana para onde parte a saudade e regressa a saudade e perde-se na memória de homens e mulheres que promiscuamente choram por um desejado que indesejadamente se apropria das suas almas que se repetem num ostracismo que as castra e as prende à liberdade da não existência e os sossega numa miríade de instantes em que desvelam horizontes imaginários onde o sol se vem torridamente todos num ano possivelmente para se espelhar em Úrsula maior e MENOR pretexto para se incrementar um abjecionismo kitsch pendurado em cordéis ou em cabelos espigados que se misturam na minha língua ibérica uma dualidade composta por Cervantes e por Camões mas que é serva do Rui Reininho.
Six Organs of Admittance, 22 de Fevereiro, Salão Brazil.
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