Talvez em Israel é possível mas não é provável que tal ou outro seja conhecido do eco do “Um Auto Para Jerusalém” a saudade por esse ombro amputado mordisca-me o queixo não me chames isso não vale um chavo se calhar é posterior a ontem ou para o mês que se amanhã a cabrita fugaz sussurra o vento uma santinha a trincheira de merda abre-se o hemisfério sul e migram as paisagens do Verão passado a ferro a trespassar a floresta de escuteiros que rabeiam brasas inertes e saltitam em esferas de cor cinzenta e essa é a ficção ficcionada de e sobre o nada meu lindo quem sabe se minha linda talvez a sua mãe e o meu pai numa nuvem de azoto cruzados enamorados pelas ondas cónicas guilhotinas em movimento canibal elegância de sangue recém-nascido sacrificado por Jesus Cristo memória esquecida da inexistência do passado do passado convicta que divide para amar o indesejado no salitre da saliva horripilante eternamente abraçado pelo elixir da infelicidade nós invisuais estacionados numa cadeira com esporas dejectos de Mercúrio distorcido o sonho de redundar edifícios que se erguem promiscuamente ao céu anil sintético de Apollo na Brasileira a emular ideogramas travestidos de eu e do fim em Si menor a receber uma SMS para o Dó maior perder tudo a derrama e ser invadido por uma secura de um puzzle provindo da fome congestionada por um shot de Coca-Cola com absinto automatismo alimentado a carvão fossilizado somente com o nome de outrem talvez o meu e o nosso pela manhã durante o dia ganham vida de virtualidade institucionalizada uma és a virtude na seguinte cobra gelatinosa; os Plastic Man são um quarteto de italianos que estilisticamente se enquadram na pop da década de sessenta com origem em Liverpool e que consiste na apropriação de uma métrica desconstrutivista em que os acordes são apresentados num sentido e seguidamente em sentido oposto revelando uma ironia que provoca distanciamento aos poucos presentes no Teatrão e um segundo vector em que impera o hard rock da década de setenta que se encontra geograficamente divido entre Londres e Seatle e é de um tormento fatalmente agressivo e pronunciadamente arty (algo transversal ao concerto) e ao misturarem numa canção estes dois centros elevam a fasquia para um patamar sónico de uma violência tão contida quanto explosiva e há ainda a realçar o primor e a desenvoltura como os três módulos são apresentados subindo a escala do virtuosismo para algo arrebatador; há S. Valentim te espreme o esperma numa eloquência fúnebre e penetra na grana de plantas carnívoras irrompem pela vossa pele de descendentes de um reino em extinção e flutua o fundo um mamífero que rasga a placenta para respirar o fedor do interior do nosso esquiço com proa de madeira carcomida pelo vento miserável instituição em decretos empobrecidos vivos na fase azul do Picasso perspectivas secretas em parábolas a arder segundo o princípio de um crematório que exala o gás nazi arte tipicamente degenerativa o pináculo invertido pinoteia e treme a terra que abana num shake as múmias vadias seleccionadas para discotecas iluminadas por strobs delinquentes que ostentam sinais distorcidos de riqueza tentacular que se apropria das almas de carne de porca esotericamente velhacas que se diluem numa droga que exalta o ego num ruminar elegíaco insuportável à este o suposto veste luvas de látex e colhe vertigens que assoberbam sequencialmente e esquartejam o voluntariado que rouba os populares para enriquecer os desdentados de dentes de ouro auto retratados por visões mesquinhas admito que libertes o transe ininterrupto do qual domina a inconsciência de te amar sabiamente para dar espaço à Primavera que cobre o lagar de folhas defecadas para a tua boca de cocanha opaca textura molhada acidentalmente segundo as normas elaboradas por Pavlov que mia depois e se repercute no canil de sombras que se curvam perante a vida dos outros relance de frescura imaginaria e relacionam negativamente com os auspícios dilacerados por entoações moribundas alguém insere uma moeda num reprodutor de imagens grafitadas na capela de troços de fé que se escapa de uma sentença de cruzes destras que se multiplicam sobre as lápides de um harém verbas provindas de um risco de pecado que sonego para atingir de pedra as sinapses adormecidas perante a rotina de horários da escola de profissionais de tecelagem que se cobrem com rendas inflacionadas por turistas encabeçados pela rainha Bimby.
Plastic Man, 14 de Março, Teatrão, Coimbra.
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