domingo, 9 de dezembro de 2018

The Painted Veil

Se me afastar desta nossa senhora e acenda o archote que é o meu pescoço e cabeça dividida entre o bem e o mal é possível que duvide desta sentença e não me acenda como uma estrela cadente que se perde por entre a escuridão que inspira os sonâmbulos a vaguear de rua para rua estreita e suja com esquinas de pedras corroídas pelos dejectos dos pombos e não consigo exibir-me através de ti rosa ou folha caída há semanas de uma árvore genealógica de autores desconhecidos que enterrados numa vala comum com iletrados num livro de memórias vazio de texto ditado pela autonomia de um outro ser que se inquieta com a transversalidade de um tempo que tende para a tragédia escrita por um dramaturgo grego que é filho do joio tal como eu e tu que se esmaga no imediato contra o futuro num triângulo que perfaz um sortilégio de tranquilizantes que se remetem através da veia linhas de terebintina percorrem o vidro translúcido e opaco simultaneamente num grito que eclode e se desfaz em diversos espantos e no lugar do nosso sombreado ateiam-se as línguas bipolares que se enrolam em duas línguas irmãs que se gemem é somente uma sugestão de que o coito é pernicioso porque precisa de um outro ou outra vez e outra sem que haja descanso para o colchão de palha manchado de sangue num corrimento imposto pela mãe natureza essa puta filha de putas que se limita a impor a finitude do orgasmo e a redundância é tão redutora quanto o silêncio; os a jigsaw celebram dezanove anos são e obriga a tradição que se realize no Salão Brazil que correspondem a Jorri e a João Rui acompanhados por quatro músicos: Victor Torpedo (guitarra eléctrica), Maria Côrte (violino, harpa e teclados), Pedro Antunes (baixo eléctrico) e a Tracy Vandal (voz); que emana desta violência como um manto que se dissipa através do tempo sem respeitar o passado ou o futuro e a nostalgia que envenena as plantas carnívoras dilacera os corpos que infectos contemplam a tempestade sem que lhes seja incutido o medo que irracionalmente se propaga por vidas nulas de horizonte ou poema que se ergue para os enfrentar mas a sua razão é incompreendida até hoje e haja quem ainda sonhe imune à solidão imersa na volatilidade de imagens que resumem um desgosto na infância e ainda se julga uma criança pois somente estas têm lugar no reino de Deus; e as canções versam sobre universos dramáticos e por isto de teor fílmico que facultam ao ouvinte a possibilidade de se abstrair e abandonar-se às melodias maioritariamente negras e a banda de Coimbra é mestre em esconjurar os corpos e torna-los aptos a encarar a mortalidade algo que deveria repugnar aos presentes antes estão envolvidos nas canções tais crianças de desconhecem quando é hora de despertar; e se acordar talvez se assemelhe a um adulto que luta em vão contra o envelhecimento e se desfaz o que considera eterno numa intangibilidade em que domina a certeza de que há um espaço onde reina um outro vácuo que confisca as almas que se insurgem contra a impossibilidade de se suprimirem umas às outras para se libertarem de um intermédio que as remete para o purgatório onde estão enclausuradas a definhar por sal e água para que possam ondular elegantemente mas o tirano chicoteia-as para que se mantenham em continência para quando passe o comprador de ovelhas negras de intensidade eléctrica arruinadas e as sombras no Outono agigantam-se como se fossem homens de mãos esfomeadas à espera de um milagre que transforme os rochedos das suas cavernas em pães e há quem empurre um ponto de interrogação sobre a montanha cravada de sobressaltos e adeus vos digo mesmo que esteja contrariado com tal determinação que julgo eterna mesmo que este seja o desconhecido pretexto para erguer uma nova bandeira garante da tão ambicionada liberdade que dividida por todos é centro de uma valia que atrozmente se compraz com a inércia de um pensamento enclausurado em paranóias que evidentemente o subjaz ao medo que se ramifica por entre os ossos e se faz carne que de veias dispersas afluem a um coração faminto por um outro futuro.

a jigsaw and The Great Moonshiners Band, 19º Aniversário, 7 de Dezembro, Salão Brazil, Coimbra.