No palco do festival Ti Milha os Bananana! (existiram no Reino Unido as Bananarama e pelo Porto os Bananas que se transformaram em Ban e tentaram surrealizar a pop—em vão) são de uma pobreza estilística que arrepia seja no blues ou no funk pois somente os concretizam através de decalques que são por isso nulos a isto soma-se quase positivamente o virtuosismo do guitarrista mas que infelizmente é de uma falta de soluções criativas limitando-se a solos estereotipados; The Twist Connection preconizam o rock and roll de forma estridente e com uma vibração que pretende prolongar-lhe a veia para uma outra ordem onde emerge uma urgência violenta quase sufocante de tão abrasiva e dessas cores somente salpica o negro e o vermelho como se fossem o sangue arterial e o venoso em simultâneo dessa combustão resulta algo épico e que subliminarmente detentor de uma austeridade estilística rude e atroz que é vilipendiada pela guitarra eléctrica do Samuel Silva e ainda há a destacar a voz sublime da elegantíssima Raquel Ralha e a performance mecânica do Carlos Mendes; a sua figura é de uma altivez de montanha manchada no pico por neve e neblina e exerce um poder silencioso sobre quem o contempla que se imagina nesse topo cerebralmente vivo de endorfina que lhe relaxa os membros e o liberta da rotina de vender loiças da China num clube de parasitas do ócio que fazem da procrastina a sua lei de vida que os torna na preguiça esse mamífero que se pendura em bananeiras ou coqueiros como o fez o rei dos Cavacos e nisto o gigante limpa o vidro humedecido e surge o seu rosto entrecortado e parece que se esquartejou para ver para fora da sua carapaça de plástico que o defende de quem o adula diariamente com flores e bolos de chocolate e risadinhas secretas sobre o seu comportamento de ser que odeia o abjecionismo sublinha com as suas garras os troncos das árvores consumidas pelo fogo e nesse trilho surge algo que se aparenta com o renascimento das cinzas e tenta tirar-lhes a tensão para medir o estado do seu coração carcomido pelas chamas e este palpita como o de um feto no útero de uma Santa e sorri perante o seu poder que aparentemente ressuscita o período das estações do ano e sossega perante a sua sombra que é mais medonha do que o seu corpo de aço e mármore a sua cabeça é circular com uma crina de raios de sol que irradiam ondas de reconhecimento do espaço invisível e assegura que esse centro se encontrava transformado numa conferência de energias que se vilipendiam fugazmente e tem medo de ficar eternamente a transformar a realidade por si só e essa sentença paira sobre ele como uma espada de um Deus vil e insensível que lhe deu uma imagem de morte mas que exerce sobre os outros rasgos da mais pura das vidas este paradoxo torna-o de uma beleza sideral que não tem qualquer discípulo ou tratado que lhe dê uma consistência de líder das massas que olimpicamente o ignoram para o remeterem ostensivamente à marginalidade de um Messias que jamais será amado pelos cegos e ou pelas prostitutas ou indigentes mas isso não o deixava circunspecto nem relegado a um esquecimento que o iria sepultar ao isolamento antes percorre o declive e surpreende-se com o seu passo pesado de elefante que marca a areia com carimbos circulares que provocam uma vibração subterrânea à sua passagem e tudo se molda ou se torce à sua vontade de substituir a luz e reduzir o mundo a restos no universo não compreende de onde lhe veio tal divagação destruidora se a sua nave o deixara com a responsabilidade de se limitar a transformar o bem num outro mais profundo quase religioso e contraria a força irracional que reintroduz num vaso onde tem um cofre onde esconde o negrume e irradia uma satisfação que lhe ilumina os raios de sol que se projectam ao seu redor como se fossem a luz de uma soldadura de chumbo e restringe a combustão e procura reduzi-la a um ponto que circularmente se movimenta diante dos seus olhos verdes que gradualmente a anulam até atingir o ponto em que principia o vazio esse espaço inócuo onde cabem os pensamentos de quem nada conhece esses estão a seus pés sem que tenham noção da sua presença oferece-lhes ouro e mirra que invisivelmente os decora com felicidade e por fim ergue os braços e as suas sombras são vincos de luz que o transportam para um tempo em que será eterno; Chalo Correia apresenta-se com um percussionista e um baixista e um guitarrista de guitarra eléctrica a acústica é empunhada pelo cantor de Angola mais exactamente de Luanda e as suas canções cantadas em francês ou em português e em quimbundu são uma eloquência que provém do semba e do rebita ou da kazucuta numa referência à cultura popular angolana especificamente Luandense (referente à cidade de Luanda) que têm como centro uma festividade contagiante que se patenteia numa exorbitância que expele felicidade; Farra Fanfarra são uma banda de metais que reporta às originárias nos Balcãs isto é a repercussão dos metais que de graves e agudos se vão alternado com uma frequência rítmica circense a esta pode-se associar à loura de tranças e de macacão azul que se limita a falar como se fosse uma MC que nada tem para dizer senão “raf raf” (na primeira canção) ou numa outra “Boa noite somos os Farra Fanfarra” e dança como um boneco tonto de tanta alegria.
Festival Ti Milha, 20 de Julho, Ilha, Pombal.
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