Não sei porque nem tal irei responder ou talvez se me perguntar o de voltar a escrever neste antro sónico e o que atraem estas palavras é reportar o concerto dos Stoned- Rolling Stones Tribute em Novembro do ano passado numa tenda repleta de estudantes reunidos para a Recepção ao Caloiro algures em Leiria vizinha de uma auto-estrada e quando sobe ao palco o quinteto de músicos que ocupam distintamente os lugares ocupados pelos The Rolling Stones assessorados por um teclista e assim como seguem maioritariamente o alinhamento ao vivo dos Stones e as canções são estruturalmente respeitadas (algo só por si de enaltecer) mas acentuando-lhes um principio de pureza que é vilipendiado num maior dramatismo rock and roll/blues e esta pigmentação oferece-lhes identidade acentuada pelos solos dos músicos como por exemplo da guitarra eléctrica do Marco Nunes que extravasa sonicamente para além do reduto blues e ainda há a fixar a performance de Sérgio Costa assim como que tem uma dicção londrina similar à do Mick Jagger infelizmente perante a hora de um show tão assombroso quanto didáctico os caloiros ignoraram-nos ostensivamente excepto em "You Can’t Always Get What You Want" e pouco mais pareciam que ansiavam pelo dj de discoteca de província toma-se conta do espaço choram para o Instagram urinam para o Facebook; pergunto novamente sobre o tal assunto que me tem aprisionado as palavras no dicionário ditatorial castrado e porque rasgar as redes da delinquência pop e não regressar a essa caverna com significados diversos de tão utilitários uma tortura existencial uma eterna hibernação um criminoso pop rock afigura-se-me A Banda do Filme Variações no Teatro José Lúcio da Silva do qual o actor Sérgio Praia desempenhou o papel do mítico António Variações a sua voz é similar na entoação ora dramática ou festiva ou eloquente e que aqui representa quer seja na movimentação no palco ou a gestual que revela que ali está a persona excêntrica que cruza os braços como se fossem asas de uma borboleta cega pelas luzes do Trumps onde era frequente vê-lo a dançar vestido de cabedal preto e do quarteto de músicos que o acompanham é Armando Teixeira director musical do filme “Variações” nas teclas e às canções do cantor de Amares são lhes respeitadas a estrutura pop mas é-lhes insuflada a estética kitsch como reflexo da época a que remetem isto é década de oitenta do século vinte no qual editou dois álbuns pontuados por sucessos radiofónicos e de vendas ou de exposição televisiva algo inusitado para alguém excêntrico num país pobre e cinzento como era Portugal e outra das referências exacerbadas é o hard rock ou o psicadelismo algo que se encontra somente desenhado no subtexto da obra do António Variações e a sequência das canções contam subliminarmente a vida de glória pop mas que foi tão curta quanto trágica de tão fugaz e que é festejada por quem se encontra de pé a aplaudir A Banda do Filme Variações ovacionam o António Variações (apoteótico); reviro-me os papéis de fundo da parede de um número de quarto de masmorra ou de hotel de fancaria piscinas de fugas de gás e trituradoras em vez de escovar os dentes pagar as contas dependentes analisar a subida do crude no mercado ou avaliar se a bolsa é testemunha da alma dos mercados.
Stoned- Rolling Stones Tribute, 22 de Novembro de 2019, Recepção ao Caloiro, Leiria.
Banda do Filme Variações, 14 de Fevereiro de 2020, Montepio- Às Vezes o Amor, Teatro José Lúcio da Silva, Leiria.
domingo, 16 de fevereiro de 2020
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