Na galeria das fotografias
amarelecidas algumas exibem vómitos alheios de figuras esqueléticas que se
atiram para o chão com dor no ventre algum veneno tomaram ou algum desejo lhes tenha
corroído o organismo não sabiam se estavam doentes se em êxtase por ejacularem vertiginosamente
sobre os seios da mulata feia velha ou nova um ponto de encontro de forasteiros
e viajantes e encantadores de serpentes ou domesticadores de elefantes ela
aceitava quem se venha por bem mas somente se for pago antes do acto imundo
numa favela ou numa barraca na Jamaica ou noutro bairro qualquer de
arranha-céus de pele vermelha e ossos de madeira e cornos de marfim e água da
chuva e electricidade roubada à EDP haja despacho para salva-los de um
terramoto ou tempestade ou da noite ou do dia esses são cárceres para os que
vivem subjugados à sujidade do vento e à perenidade do presente porque o futuro
e o passado estão fundidos num só como se fossem matéria orgânica que cozinham
para que possam sobreviver e alimentar a bicha-solitária ou solitárias que
vivem alojadas no organismo sem qualquer encargo ou perturbação que parasitam o
interior e revelam um exterior carcomido e que se desmorona em cada dia que
passa elas e eles têm sorrisos de marfim; Ensemble Decadente são um colectivo
que se movimenta no interior da Igreja de São Pedro e o que se ouve são os seus
passos e a respiração funda e alternada que ecoa nas abobadas que transmite
algo que se poderá associar às almas, esta primeira fase é por um lado
angustiante por ser confessional de uma mortalidade atroz por outro é
libertadora porque enuncia a existência e prevalência de algo (por mais ínfimo
que seja) para além da vida; as fases seguintes são substancialmente menos
dolorosas há diálogos inconsequentes, uma das almas dá ordens gestuais (como um
Mestre de Orquestra) e estas reagem e silenciam-se, ou, essa mesma segura um
microfone e processa a sua respiração exorbitando-a para a era digital; haverá
micro momentos como o de uma alma que chora para um outro microfone como se
fosse um rouxinol agastado com uma austera Primavera, há o silêncio o fim do
silêncio e o início de um outro surto sonoro que se ensimesme com o reinar da
rotina; que contrasta com a pobreza que os rodeia e os limita a uma constância
tão decadente quanto imunda mas para eles o que ferve é o calor não são fezes
mas rosas vermelhas o que se canta é a preguiça da cigarra é impossível
oferecer-lhes uma consciência tortuosa ah mas se eles fossem esculpidos como se
fossem de terra e de cinza seriam um mero fruto do escárnio de silêncios
escassos de noites de doenças prolongadas como sentimentos que jamais foram
sentidos pelas pessoas que por estarem vivas parecem que espelham os mortos que
se movimentam normalmente mas na veracidade do seu interior há felicidade mas
uma felicidade tolhida por uma tristeza profunda que iludem com sorrisos e
gargalhadas estão vivos e são como eu e tu como nós meu irmão e irmã se fosse
possível rezar por um mundo melhor onde imperasse a igualdade da felicidade que
deveria ser oferecida de peito para peito aberto onde palpita o coração órgão tão
possante quanto sentimentalmente repleto do mais puro do amor provindo do
coração de Jesus.
Ensemble Decadente são
um colectivo que se movimenta no interior da Igreja de São Pedro e o que se
ouve são os seus passos e a respiração funda e alternada que ecoa nas abobadas
que transmite algo que se poderá associar às almas, esta primeira fase é por um
lado angustiante por ser confessional de uma mortalidade atroz por outro é
libertadora porque enuncia a existência e prevalência de algo (por mais ínfimo
que seja) para além da vida; as fases seguintes são substancialmente menos
dolorosas há diálogos inconsequentes, uma das almas dá ordens gestuais (como um
Mestre de Orquestra) e estas reagem e silenciam-se, ou, essa mesma segura um microfone
e processa a sua respiração exorbitando-a para a era digital; haverá micro
momentos como o de uma alma que chora para um outro microfone como se fosse um
rouxinol agastado com uma austera Primavera, há o silêncio o fim do silêncio e
o início de um outro surto sonoro que se ensimesme com o reinar da rotina.