segunda-feira, 18 de outubro de 2021
domingo, 17 de outubro de 2021
Stranger Music
A Festa d`Anaia
divide-se por duas noites (Sexta-feira e Sábado) e a tarde de Domingo no Centro
Cultural e Recreativo da Pena, na sala rectangular e de dimensões consideráveis
irão decorrer os concertos de Cave Story ou de Gator the Alligator; os primeiros
apresentam um testemunho sonoro assertivo e associado à uma pop lo fi que por
vezes se aproxima de um discurso em que as guitarras distorcidas dominam, nunca
ou sem nunca deixarem de lado a componente pop que na génese é o que lhes dá um
sentido melódico suficientemente apelativo; Solar Corona é um compêndio de
diversos géneros musicais que não encontram relação uns com os outros como se
cada canção fosse executada por outros músicos que não aqueles os que compõe os
Solar Corona, com a agravante dos decibéis serem de tal forma altos e
agressivos que a rejeição é instintiva; Fugue são na essência rapazes ligados
ao tecno (ou um derivativo deste género), mas o problema que se põe é a
incapacidade de personificação dos beats, resumindo-se à contínua repetição dos
mesmos sem que haja uma verdadeira ou definida destrinça de canção para canção;
Joana Espadinha um caso único, isto é, tem melodias pop delicadas e outras dançantes
e a coroa-las a sua voz doce, que lhes dá o cunho de serem representativas das
preocupações de uma jovem que recentemente foi mãe, mas que à audiência pouco
esteve interessada no novo capítulo da vida da cantora Lisboa, para além disto
ainda dança e é de uma simpatia arrasadora, pode ser que seja a voz da sua
geração e se assim for representa o futuro da pop composta em Portugal; Marinho
corresponde a uma jovem a tocar viola acústica e a cantar em inglês e a aproximar-se
a cantautores das Américas seja dos Estados Unidos, Bruce Springsteen do qual
toca uma versão, do Canada a Joni Mitchel ou o Leonard Cohen, fora destes dois
grupos o Lloyd Cole ou o José Mário Branco do qual toca “Inquietação”, estas
referências primam por serem de estrutura e de conteúdo complexas, e esta
cantautora sintetiza-as de forma coerente o que impregna as suas canções de
originalidade; Gator the Alligator um quarteto de heavy metal sem grandes
manobras de diversão para adicionar ao género algo mais do que ele já
representa.
Festa d`Anaia, 15, 16, 17 de Outubro, Pena,
Cantanhede.
sábado, 16 de outubro de 2021
sexta-feira, 15 de outubro de 2021
Book of Mercy
Há dois sexagenários na
porta da bilheteira do Teatro José Lúcio que têm bilhetes para venda para o
primeiro balcão, por um conjunto de circunstâncias não podem assistir ao
concerto dos GNR, umas das poucas aparições do trio neste ano— isto devido aos
efeitos secundários da pandemia na indústria do espectáculo; os dois idosos
estão ansiosos em vende-los de preferência sem qualquer prejuízo, algo que
almejam com alguma dificuldade, seria discriminatório converter estes dois
vendedores em jovens, assim como grande parte das pessoas que me rodeiam que
fazem gala de uma indumentária escolhida para uma noite especial. O concerto
tem diversas escalas é iniciado pela hipnótica “O Arranca-coração” e a
sequência é marcada pela popularucha “Nova Gente” ou a pop “Efectivamente”, de
sublinhar que Rui Reininho não se limita a cantar de forma irrepreensível cada
uma dessas canções mas a sua performance versa o realçar do ridículo e neste
reverberar expressivo o público ri, este ponto é fundamental para que se tenha
em atenção o outro lado da poesia do Rui Reininho que sendo pop é passível de
ser desmistificada; “Sub 16”, “Las Vagas”, “Sangue Oculto” revelam uma frescura
abrasadora (em especial a segunda), e há ainda a realçar que a maioria das
canções sofreram novos arranjos que se permitem ouvi-las sem que tenham as
cicatrizes de vinte anos (ou mais…) de estrada e radiodifusão; “Dunas” permite
ao ouvinte predispor-se e retomar as tardes de Verão que recentemente findaram,
não sem antes tropeçar no lixo e em outros objectos “salgados”, uma história de
amor adolescente sintetizada de forma sublime por parte dos GNR. Há como campo
de fuga as “Dunas”, mas para a dança de contornos pecaminosos conta-se com
“Vídeo Maria” que se eterniza como a canção que tanto joga com o pecado carnal
quanto o espiritual, e se ambos estão interligados há um que é o gatilho para que
o outro se desenvolva e desse virá os estímulos sentidos pelo indivíduo. De
sublinhar que neste ano os GNR completam 40 anos de carreira que deveria ter
sido celebrada com pompa, mas dada a situação pantanosa criada pela pandemia é
possível que os festejos se realizem no 2022, numa sala perto de si e onde os
GNR terão oportunidade de justificar mais uma vez o porque de serem a maior
banda pop Portuguesa.
GNR, Os Primeiros 40
Anos, 14 de Outubro, Teatro José Lúcio da Silva, Leiria.
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