O Festival EXTRAMURALHAS decorre na cidade de Leiria e o seu cartaz é consignado na totalidade ao gótico e aos subgéneros a ele associados. Os cabeças de cartaz desta noite são os suíços Young Gods que segundo a organização foram precisos “trinta e três anos” para que fosse possível trazê-los à Leiria.
A adjetivação que poderá descrever este concerto é
violento e introspetivo, esta relação parece estranha porque o que dominou foi
a violência sonora detonada pelos samples que funcionam como uma base plástica
que expressa diversos sentimentos perturbantes. A somar aos samples está a
guitarra elétrica, a sobressair da massa eletrónica espessa, quase como se
fosse lama, a voz segura de si, fosse principalmente nos graves numa segurança
que é contagiante mas em simultâneo repelente, um elemento que percorre
diversas incidências, na sua maioria trágicas. Orgânico, se tal se pode
chamar—à bateria que resplandecia e dava relevo à maquinaria de onde são debitados
os samples, que são a base de cada canção. Não há lugar para nada de lúdico ou
de belo o que se ouve são canções tão clássicas quanto “Skinflowers” ou
“Gasoline Man”, que perturbam por si só, pois são inscritas numa asfixia
delirante, dada a complexidade rítmica e melodicamente arrepiantes. Não se
conte com os Young Gods para tramas de contos com final feliz, na verdade o que
instituíram durante cerca de uma hora de concerto foi uma sonoridade industrial
sendo que o gótico decorreria dos samples que de agrestes e violentos
provocavam aos mais incautos uma asfixia que poderia ser letal e por isso o
concerto foi épico.
The Young Gods, 24 de Agosto, Jardim Luís de Camões,
Leiria.