segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

In a Yellow Wood

A “Valsa dos Detectives” surge no ecrã aquando da gravação do “In Vivo” no Coliseu dos Recreios que decorreu em 1990, esta introdução não deixa de ser arrebatadora. A partir de aqui há uma sucessão de canções que são executadas de forma exemplar pelos GNR seja o “Sub 16” ou “Vídeo Maria” dois clássicos que levam o público, que lota o Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz, a aplaudir e a cantarolar. “Eu Não Sou Assim” (a nova canção) é entregue com uma angústia que a faz vibrar de forma negativa e paradoxalmente positiva, Rui Reininho canta como se estivesse a narrar as diferenças de uma personagem que não encontra na sociedade um encaixe. E os clássicos sucedem-se “Asas”, “Pronúncia do Norte”, “Popless”, “Nova Gente”, a primeira é uma balada que é amada pelas rádios, a segunda é um dos hinos da região norte do nosso país, a terceira de uma mestria pop com a qual não há equivalência com outras canções pop, e a última de uma ironia sublime. A versão de Erasmo Carlos e Roberto Carlos “Inferno” ganha ao original em ritmo pois é mais acelerado e consequentemente a sua pop tropical fica ainda mais tórrida.  A recta final do concerto inicia-se com a dramaticamente negra “Bellevue”, seguindo para o holocausto de quem declara “Morte ao Sol” ou a psicadélica “Las Vagas” e ainda a ibérica “Sangue Oculto” em que o que predomina é o rock. Os GNR não abandonam o palco, isto é: Toli César Machado e Jorge Romão e Rui Reininho, acompanhados por Samuel Palitos e Rui Maia, porque entram em cena dois coros mistos Canticus Camerae e o Grupo David Sousa para abrilhantarem “Mais Vale Nunca” acentuando a sua vertente pop, “Efectivamente” sublinhando a lírica que une universos diversos e distintos, “Ana Lee” revelando o seu exotismo pop, “Dunas” que ganha força na narrativa de canção pop. Os GNR finalizam o primeiro concerto do ano abraçados ao Mestre e à Mestrina dos respectivos coros sob uma forte dose de palmas que celebram quarenta e três anos de carreira que de uma forma ou de outra há um heroísmo neste percurso que nem sempre foi fácil pois a comunicação entre a banda e o seu público pecou por vezes por defeito.

GNR, 7 de Janeiro, Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz, Figueira da Foz.