segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
domingo, 21 de dezembro de 2008
Luta de Classe
Queres um beijo, meu solitário amor ou descaracterizado rosto,
Se me queres numa noite tens que pagar com o corpo
Tens que fazer de conta que estás viva no canto da sala
Como uma boneca estilhaçada por um extintor
A urgência do adeus encerra em si o abismo
O fogo que cheire a fumo de fancaria
As luzes das ambulâncias iluminam-te
O caldo entornado de uma sopa da pedra
Que arde, e se apaga num instante
A lua é a prostituta de serviço
Ela é todas as noites uma outra mulher
Nunca se personifica na tua pessoa
Nem se maravilha com as bombas
Que circulam de órgão para órgão
Quando uma arrebenta em cancro
Que se aninha como um lar de ratos
No teu peito de mulher eterna
Deixa os mamilos excitados
Com a perspectiva de uma pequena morte
Se sabes o enigma da felicidade
Elimina-me da lista de contactos
Exerce o teu poder de dona do infinito
Dá vida ao meu amigo Primavril
Acrescenta-lhe o tempo que não viverei
Insulta o prognóstico dos médicos
Deus, será o eterno absolvido
A testemunha do milagre da procriação
Que perdoa às putas o uso do corpo
Aos drogados o abuso do vício
Aos ignorantes o uso do raciocínio
Às mães que abortam por amor ao feto
Amor, emoldura-me no teu coração
Inscreve-me num curso de chinês
Para descodificar o livro vermelho
A revolução é iletrada
A raiva fruto da pobreza
Dá-me a vida dos pobres
Irei distribui-la aos doentes e pelos desaparecidos
Livrarei o Mundo de cemitério de meninas
Dos frutos podres que caem das árvores
Das velhas paralíticas com a reforma de fome
Se me queres numa noite tens que pagar com o corpo
Tens que fazer de conta que estás viva no canto da sala
Como uma boneca estilhaçada por um extintor
A urgência do adeus encerra em si o abismo
O fogo que cheire a fumo de fancaria
As luzes das ambulâncias iluminam-te
O caldo entornado de uma sopa da pedra
Que arde, e se apaga num instante
A lua é a prostituta de serviço
Ela é todas as noites uma outra mulher
Nunca se personifica na tua pessoa
Nem se maravilha com as bombas
Que circulam de órgão para órgão
Quando uma arrebenta em cancro
Que se aninha como um lar de ratos
No teu peito de mulher eterna
Deixa os mamilos excitados
Com a perspectiva de uma pequena morte
Se sabes o enigma da felicidade
Elimina-me da lista de contactos
Exerce o teu poder de dona do infinito
Dá vida ao meu amigo Primavril
Acrescenta-lhe o tempo que não viverei
Insulta o prognóstico dos médicos
Deus, será o eterno absolvido
A testemunha do milagre da procriação
Que perdoa às putas o uso do corpo
Aos drogados o abuso do vício
Aos ignorantes o uso do raciocínio
Às mães que abortam por amor ao feto
Amor, emoldura-me no teu coração
Inscreve-me num curso de chinês
Para descodificar o livro vermelho
A revolução é iletrada
A raiva fruto da pobreza
Dá-me a vida dos pobres
Irei distribui-la aos doentes e pelos desaparecidos
Livrarei o Mundo de cemitério de meninas
Dos frutos podres que caem das árvores
Das velhas paralíticas com a reforma de fome
domingo, 14 de dezembro de 2008
sábado, 13 de dezembro de 2008
Rui Reininho
“Cadela com cio, mal amada”, “fazem descontos na auto-estrada?”, “já podemos ir à lua ahahaha?”, “homens louros”, “cadelas com cio, mal amada”. “Já sabemos andar na lua, já podemos ir à ruaaah”, “roleta russa, enforcado, vida dupla, besta-quadrada”, “minimercado e vão de escada, constelações desordenadas, ortodoxo com desconfiado!”. “Fazem desconto na auto-estrada”, “já podemos ir à ruaaahah?”. “Homens louros a gritar das gruas, a pendurar gajas nuas, descontroladas, desarrumadas, sagitário, celibatário.". "Saturno em camião. Até amanhã camaradas. Laikas virgem, Laikai virgem, Laika”. “Laika Virgem” é o coração do primeiro álbum a solo de Rui Reininho, a música é assinada pelo ex-guitarrista dos GNR, Alexandre Soares, um génio esquecido, que nunca perdeu a veia pop, e “Laika Virgem” é brutal, delicada, fodida, como uma puta que se deixa dominar pelo tigre que tem no bolso notas riscadas, foda, puta, ahhha. “Companhia das Índias” não tem somente este clássico para novela de esqueletos com cio, há mais, “Turbina e Moça”: “Pará de falar de dinheiro e de amor, nenhum de nós foi o primeiro, houve sempre um estupor, um ladrão, um marinheiro, turbina e moça”, “meninas na Night, às vezes são damas, sem o xadrez dos pregos das cama, turbina e moça, sai, turbina e moçaaaaaa. Na minha da rua há árvores de fruto, e tu, esse ar de jovem prostituto, e tens maneira de andar, de quem não dá luta e vens com esse olhar de filho daaaaa….” puta!, poderia constar no “Sob-escuta”, tal é a sua vertente desalinhada, “meninas na night” banda sonora para bar de alterne, “não pagas nada, aiaiaiaiaiaiaiai”. Ambas são tão viciantes quanto a heroína. “A escrava africana soprava as velas à pequenina. Venham mais mouras e celtas, venham mais poetas, marquises de alumínio, menos romenas, menos ciganas, mas mais indianas, para elas cancelas abertas sem condomínio”, hino pop-chunga, Blondie transexual de “Morremos a Rir”, “fomos naufragar e morremos a rir, morremos a rir. Alguém sabe onde é o Quinto Império? Alguém sabe onde mora o terceiro Mundo?” Alguém? Alguém? Alguém? Alguém? “Sabes bem, esta Lisboa, sabes quem? Esta Lisboa”, o saxofone amortece a densidade monocórdica, mecânica, electrónica, no “Estranho Caso do Amante Preguiçoso”. Do telemóvel sai a voz de uma boneca de plástico, “olá, onde está? Queres vir então vá.” O Rui responde: “olé, quem és queres vir a pé? Sou o Dr. Optmista, minha oclusão não passou por dentista. Sou perito em raiki”. Ela: “olá”, o Rui: “e em massagens rectal, até bebemos chichi” são recomendações de um médico, formado no Rock Rendez Vous, “a senhora é de cá? Descontraia-se no divã”, “sei que não sou daqui, uso sempre meias pretas”, com solo de trotineta, “aceita uma sopa de letras?”, “mais um gin!”, “calço sempre meias pretas!”. Ela: “queres vir a pé?”. O blues calustrofóbico de Paulo Furtado: “Há um médico na sala? Há um médico na sala? Monokono, ahahha, cheio de ódio, ah, vem dançar em monokini, vem ouvir o cantoono, Yokona, Yokomono, Yokoama, aha, outro moço, jogo de cama, enfermeiras de chuteiras, ahahaha, um médico na sala, yokomono, no Japão, appapapa, Yomoama outro moço, aliás bom rapaz, fogo poço, ela ama, jazz, outro moço, Yokomno, ama outro moço, jogo de cama, enfermeiras, ahahahahhaa um médico na sala, haha um médico na sala? Xiiixxxiiixiixixixiixixixixixixixiixixiixixixixixiix”.
Rui Reininho, "Companhia das Índias", edição Sony Music.
Rui Reininho, "Companhia das Índias", edição Sony Music.
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