As luzes do palco do Coliseu do Porto apagam-se e das colunas sai uma canção da música clássica e surge sobre a cortina vermelha que se encontra atrás da bateria a designação: Suede. Surge Richard Oakes na guitarra acústica e Neil Codling no teclado e por último Brett Anderson que é aplaudido pelo público. “Still Life” resulta da conjugação do sintetizador luminoso e da guitarra bucólica convergindo numa melodia tépida. Inicialmente a voz de Brett Anderson, que veste calça negra e camisa clara, desafina levemente nos agudos mas rapidamente recupera. “Into the night”, “Under electric lights”, a relação do timbre agudo com o subir dos acordes do sintetizador elevam-na à condição de sonho que jamais se esquece após o despertar. “She and I into the night”. “Into the Night”. “Kill for you”. “Stay” a voz de Brett Anderson ganha uma angustia evidenciada pelo falseto e a guitarra de Richard Oakes sobrepõe-se aos teclados oníricos, “This still life is all I ever do”. Surge Mat Osman, que sustém o baixo eléctrico, e Simon Gilbert senta-se no banco da bateria. A segunda canção do alinhamento é “Sowblind” que revela os Suede a instalarem uma progressão rock and roll com o domínio sónico da guitarra semi distorcida de Richard Oakes num deflagrar de solos graves. Falseto: “In you”, “in you”. “You find the keys of the kitchen table”. Sob os solos de Richard Oakes, Mat Osman e Simon Gilbert encetam uma progressão glam. “Candles for you”, a guitarra-solo remete-a para um corpo que se encontra a definhar às mãos de uma doença prolongada. “UUU”, solo de Richard Oakes, “UUUU”, solo de Richard Oakes, “UUUUU”, solo de Richard Oakes, “UUUU”. Brett Anderson rodopia, a sua voz é tensa e violenta ao sublinhar as vogais como se houvesse uma urgência vertiginosa que o consome. “UUU”. A terceira canção é “It Starts and Ends with You”, que tem como guia a guitarra vermelha de Richard Oakes em continua e obsessiva justaposição de acordes sustenidos semi distorcidos que representam a base melódica da canção e simultaneamente correspondem a solos crispados, mas quem lhe dá uma pigmentação rock and roll é o balanço de Mat Osman/Simon Gilbert. A imposição de um ritmo acelerado acompanha imageticamente a poética de Brett Anderson onde domina a angústia associada à ansiedade e ao desaparecimento do corpo em favor de um amor hiperbólico. “It starts and ends with you”. A progressão dos Suede é contínua mas subtil à qual se soma um aumento da altura sobre a qual sobressai a guitarra-solo- (herege) de Richard Oakes. “Trash” revela uma consciência em constante ebulição “beautiful”, “maybe, maybe”. Brett Anderson explode fisicamente perdendo a inibição, projectando uma silhueta languida de tão sexy, dirige o microfone em direcção do público provocando-o com a sua frontalidade. Público: “You and me”. O baixo eléctrico de Matt Osmand é uma pulsão curta e modelar e a bateria escorre aceleradamente impulsionando “Trash” para um reduto de profunda agressividade, “music we play”, “the lazy days”, “trash you and me”, a ordem de Brett Anderson: “Sing it!”. Público: “You and me”. Brett Anderson pula incentivado pela força das vozes do público, os solos agudos e semi distorcidos de Richard Oakes sintetizam os acordes do refrão—“sing it to me!”, Brett Anderson abana as ancas e canta: “Trash you and me”. “DOOO”. “You and me yeah”. A progressão que é praticada pelos quatro instrumentistas: Bateria, Baixo, a guitarra ritmo de Neil Godling e a explosiva de Richard Oakes, transpõem para o ouvinte uma massa rugosa por se tratar da ordem do rock and roll. Brett Anderson encontra-se ajoelhado na boca de cena. Ovação. Na quinta canção, “Animal Nitrate”, Brett Anderson projecta a sua voz através de um eco que transporta o ouvinte para um universo povoado de seres antropomórficos vítimas do Síndrome de Estocolmo. Brett Anderson dá pulos, rodopia, “OOO”, os Suede representam melodicamente a decadência de urbes famintas por carne humana: “Animal she was”. Richard Oakes é o elemento que lhe consigna as partículas musicais indispensáveis para lhe corromper o rock and roll e remete-la para o glam através da ambiguidade dos seus solos agudos. “OOO”. “Animal she was”, “animal she was”. “OO”. A sexta canção “Filmstar” é alicerçada na secção rítmica que institui um ritmo mecânico-circular que liberta o glam por contraposição às guitarras que delineiam a adversidade da semi distorção, em particular a de Richard Oakes a instroduzir solos agudos que se moldam à progressão rock and roll. Brett Anderson violenta os versos com uma força aguda: “Driving in a car”, “It looks so easy”. Movimenta sobre a sua cabeça o microfone como se este fosse o seu único interlocutor que lhe permite extroverter a sua misoginia, “impossible to say”, “change your face”, “filmstar living it fast”. Suede progridem continuamente para uma perspectiva trash-pop-dark, Brett Anderson enfrenta o público que se encontra na plateia provocando-o a intervir no teatro apoteótico mas decadente dominado por uma figura obrigada a “Change your name, wash your brain, play the game again, “Yeah, yeah, yeah”. “Sing it!”. Público: “Filmstar”. Brett Anderson. “OOOO”. “Yeaaah. Yeaah”. Antes de “Float Away” os Suede alongam-se um pouco mais comparativamente com o intervalo que separou as canções anteriores e que correspondeu a um regime de non stop. “Float Away” é instituída a partir dos acordes agudos e dengosos da guitarra eléctrica de Richard Oakes. Brett Anderson está sentado na boca de cena do palco, inicialmente o rimo é delicado com a predominância do prato, o cantor descreve docemente: “impossible eyes”, e canta através de um falseto sedutor “with my eyes wide shut”. “Sometimes I feel I`ll float away” os Suede emergem sublinhando o drama kitsch da lírica romântica. A pausa revela o eclodir das palmas, “Let me take you”, o bombo marca compassadamente o ritmo das palavras de Brett Anderson, “And I count to ten”. A certeza: “Sometimes I feel I`ll float away” e Brett Anderson levanta-se e coloca-se próximo dos restantes músicos, acompanhado por um solo continuo semi-distorcido suportado pela secção rítmica. A voz sobe em altura dramaticamente: “I feel”, “I feel” com um final épico evidenciado pela predominância da guitarra solo de Richard Oakes. Na oitava canção “Sabotage” predomina inicialmente o sintetizador a submetê-la a um domínio esotérico, com o pulsar de Simon Gilbert e os solos-acordes de Richard Oakes mergulham-na numa escuridão instituída pelo Inverno. Palmas. A voz sustenida: “no barriers”. As luzes do palco adensam-se e a voz aguda ganha luminosidade quando sintetiza sob os solos agudos semi distorcidos de Richard Oakes: “love is sabotage”. Palmas. Simon Gilbert introduz um ritmo cadenciado, “Good evening Porto”, Richard Oakes descarrega os acordes distorcidos de “Drowners”, e Brett Anderson pega no cabo do microfone e rodopia-o sobre a sua cabeça exalando o seu sex appeal. Aproxima-se do gradeamento que o separa do público e toca as mãos erguidas para o tocar “Won't someone give me a gun?”. A métrica é uma projecção timbrica digna de uma explosão glam rock, a voz é aguda e angustiada: “Slow down, slow down, you're taking me over”. “Stop taking me over!”. Desloca-se no interior do fosso para a esquerda e invade a plateia, os Suede percorrem os limites da decadência kistch associada ao dandy. E pede: “Won't someone give me some fun?”. Brett Anderson deixa-se tocar, fotografar e filmar, “taking me over”, Richard Oakes através do solo agudo distorcido confere-lhe uma violência dilacerante com a conivência da secção rítmica. “OOOO”. Brett Anderson finaliza “Drowenrs” no meio do público que transmite uma histéria contida por fazerem parte do espectáculo que espelha a alienação de uma sociedade capitalista. Brett Anderson inicia “Can`t get Enough” na plateia; Simon Gilbert introduz um ritmo contínuo e Richard Oakes verte um solo mecânico pigmentando-a com uma máscara weird pop distorcida com origem numa consciência trash. “I feel real”. Brett Anderson sublinha no imperativo: “Shaking that stuff”, sobe para o palco e dança e irradia a sua androgenia: “Singing I can`t get enough”. “OOO”. A sua lírica é um espelho dividido em dois: “I feel real like a man like a woman like a woman like a man”. “Like a woman like a man”. Os Suede aceleram o compasso, Brett Anderson coloca-se frente à frente com o público instigando-o a alimentar a insatisfação como impulsionador da juventude. “Can`t get enough” a guitarra de Richard Oakes incorre num solo agudo distorcido que impõe a progressão. As palmas eclodem e o baixo ganha predominância, a guitarra marca um contínuo mas espaçado compasso, e Brett Anderson rodopia e lança os braços lateralmente e quando salta canta: “I can`t get enough” . “UUU”. Palmas. “Thank you coliseum”. Brett Anderson assume que a décima primeira canção “is a song that we don`t play for many years! But it`s a good song”, “it`s something I can`t remember” e entoa gravemente a melodia de “This Time”. O teclado de Neil Codling insere acordes dolentes, pois remetem para um universo idílico, quando os restantes elementos intervêm transformam-na num slow pop “Oh, day after day, every morning”, “collide”, “train”, “Wash it away”. O recrudescer do ritmo com a intervenção da guitarra eléctrica elevam “This Time” a um drama pop, “AAAA”, e o romantismo sobressai do verso: “Oh,`cos this time is yours and mine”. “AAA”, “in the underground”. “In lazy sun we are the only ones”. O predomínio do rítmo melódico do teclado relega-a para uma paisagem naturalista estillhaçada por Turner. “Oh day after day”. “This grey”, “Watching away". “Station”. “And we wash away this grey”. “AAAA” e a terceira parte da canção corresponde ao somatório das anteriores e o que resulta é a noise pop, “We are the only ones” . O último capítulo corresponde ao domínio da guitarra semi distorcida de Richard Oakes que sobressaí por entre a melódia dark pop assumindo-se como um foco de luz que identifica a presença da alma no ser humano que apenas o habita enquanto durar “this time”. “Lálálá”.“Obrigadoooo! Thank you very much!”. “This Time”, “is one of my favorite songs from that era, it`s writing in 1996 something like that. Here`s another one from that era that should be in that record”. As guitarras acústicas inserem os acordes luminosos de “Wild Ones” por exprimirem o calor de um néon vermelho. A voz de Brett Anderson plana sobre os acordes como se fosse uma premeditação: “There`s a song playing on the radio” a sua voz é tão delicada quanto o vento que se ausenta durante o Verão para parte incerta. Richard Oakes troca a guitarra acústica por uma eléctrica, “Sky high in the airwaves on the morning show”, que insere uma rugosidade blues tétrica com a simultânea intervenção rock da secção rítmica expelem uma coloração glam rock. Sobre a qual Brett Anderson através de uma epifania canta, desce os degraus e encontra-se no fosso e toca as mãos dos seus acólitos, “stay”, a guitarra acrescenta tragédia à melodia e coloca-se sobre a barreira que o separa do público e ergue-se acima deste e estende o seu braço esquerdo à multidão histérica. “OO if you stay”. “I'll chase the rainbow fields away”, “you stay”, solo de Richard Oakes a responder à ansiedade de Brett Anderson. Este põe os braços no ar enquanto é iluminado por um foco branco e a multidão à sua frente delira. Falseto: “We'll be the wild ones, running with the dogs today”. Desloca-se para a esquerda e coloca-se em cima do gradeamento e deixa-se tocar, encaminha-se para a direita e num nível superior ao do público, “And it's a shame the plane is leaving on this sunny day”. Brett Anderson no centro e sobre a plateia atira o seu rosto às máquinas fotográficas empunhadas pelos fãs. “O O if you stay”. A décima terceira canção “Living Dead” é iniciada exclusivamente pelos acordes acústicos de Richard Oakes. A voz de Brett Anderson ganha uma proporção diáfana pela sua invisibilidade: “Where's all the money gone?”, “I'm talking to you” encontra-se fixo no palco onde é iluminado por um foco branco, “is the needle”. Brett Anderson e o público cantam: “But oh, what will you do alone?”. Público: “I have to go”. Brett Anderson desloca-se para a direita e coloca-se ligeiramente curvado para à frente, “Where is this life of fun that you promised me?”, dos acordes agudos sobressai a delicadeza de umas unhas de gato a roçarem na pele humana, palmas, os acordes alteram a sua cadência e timbre para uma gravidade inesperada e a voz de Brett Anderson ganha uma textura angustiante de tão bela: “If I was the wife of an acrobat” . “I`ll look like the living dead, boy?”. Transmite a imagem de um gato preto moribundo “on the wire and can't get back, let's talk about the living dead”, a voz prescreve uma esperança vã: “Could I have a car?”, “could I have had it all?”. “Sky”. E a guitarra acústica de Richard Oakes introduz uma luz projectada por uma vela acesa por uma alma que se esvai do corpo nota após nota, dedilhar após dedilhar. “`Cos I have to go”. A décima quarta canção “For the Strangers” é dominada pela guitarra distorcida em contínua progressão de Richard Oakes, o break de Simon Gilbert coloca-a numa perspectiva rock, o que permite ao guitarrista através de solos (ritmicos) curtos injecta-la com veneno por causa da contínua repetição. O baixo dá entrada à voz de Brett Anderson, que abre os braços a instigar a participação do público, “Lips like semaphore”, “to my heart”. Abandona o palco e instala-se no fosso onde é iluminado por um foco branco, “And nothing compares to this”. Richard Oakes promove um solo melódico distorcido, Brett Anderson encontra-se sobre a barreira que o separa do público que lhe responde com as mãos no ar; e o refrão: “For the strangers the strangers” é cantado como se fosse uma ode às almas confiscadas pelo Inferno. O cantor dirige-se para a direita e toca nas mãos ansiosas que se oferecem em cada verso: “For the all strangers out there” . O domínio da guitarra numa fluência contínua repetitiva de Richard Oakes conferem-lhe um psicadelismo pop, Brett Anderson percorre o fosso para o lado esquerdo. Quando a secção rítmica intercede libertam-na desse reduto aproximando-a de uma utopia inscrita há dois mil anos na Bíblia: “When you delivered yourself to him”. Toca no público: “For the strangers”. “On the train”, sobe ao palco, e a guitarra oblitera-a com uma frequência psicadélica, ajoelha-se à direita “so plain”. A décima quinta canção “So young” tem como centro tímbrico a distorção dos solos (curtos) de Richard Oakes, sustentados por uma frequência rítmica glam-pop-rock—que instalam a histeria generalizada-- e o canto de Brett Anderson assegura uma urgência asfixiante “Because we are”, “Because we are”. Brett Anderson salta sobre um monitor que se encontra na boca de cena, quando o solo minimal eclode canta “So young”, “So young”. E o falseto é subtil: “Let`s chase the dragon”. Desloca-se para próximo da bateria, salta, caminha para o centro e mantém a multidão concentrada na sua silhueta. “We'll scare the skies with tiger's eyes, oh yeah? oh yeah”. O forte pendor da bateria e o baixo pungente de Mat Osman, erguido na boca de cena, conferem a “So Young” um nível rítmico a transpirar testosterona. “Because we are”. Brett Anderson tem o corpo tenso a expurgar “so young” em cada nota distorcida. O solo de Richard Oakes dá balanço a Brett Anderson para saltar sobre o monitor e representar a encarnação de um gato preto em queda livre. Brett Anderson: “So young”, solo de Richard Oakes, “so young”, solo de Richard Oakes, “So young”. Público: “Let`s chase the dragon”. Brett Anderson: “Let`s chase the dragon”. Simon Gilbert impõe um ritmo constante, enquanto se eclipsam os restantes instrumentos, emerge o teclado Neil Codling e surge uma voz suave: “from our home high in the city where the skyline”.“Where the sky line” com um solo subtil mas acutiliante de Neil Codling. Simon Gilbert gradualmente reinscreve-a na angustia que dilacera o corpo de um adolescente que não quer ir para casa dos pais.”UUUA”. E a guitarra de Richard Oakes é o elemento que persegue um ideal de esperança alicerçado na eternidade que o rock and roll promete. Subsequentemente a uma pausa mínima a bateria de Simon Gilbert e o baixo de Mat Osman impõem uma agressividade rock and roll, mas é a guitarra semi distorcida de Richard Oakes, secundada pela de Neil Codling, que tem predomínio sobre a textura melódica de “Metal Mickey”. Brett Anderson que se encontra sobre o monitor na boca de cena salta em direcção à bateria e enfrenta o público que entoa “EiEi”. Brett Anderson: “She well she's show showing it off then”, o retrato da morte espelhada numa “glitter in her lovely eyes”. “And all the people shake their money in time”, os solos acelerados de Richard Oakes contrastam com a frequência ritmica sustenida. Brett Anderson escontra-se na direita do palco a dirigir-se directamente ao público, “C`os she driving me mad”, “oh dad, she's driving me mad, come see”. “Yeayeay”. Richard Oakes executa um solo distorcido, que se instala como um elemento dissonante mas simultaneamente harmonioso, a respectiva persecução acelerada do baixo e da bateria é progressiva; e quando Simon Gilbert desfere sobre os pratos estes transcrevem-na à estéctica rock-glam que é corrompida pela guitarra-solo. Brett Anderson na direita do palco: “in time”, a voz aguda revela um timbre feminino “driving me mad”. Público: “EIEI”. Sobre o ritmo compassado insurge-se a guitarra-solo distorcida de Richard Oakes numa constante decomposição do hard rock. “She sells meat”. “She`s driving me mad”. Richard Oakes insere uma variação ao solo anterior alongando as notas,.“She”. “OO”. “OO”. Ovação. “Thank you!”. Portugal é um “lovely country” e o Porto é uma “lovely city”. E pede: “Can you sing along?”, “We don`t know the words of this song”. Brett Anderson ordena: “and if you don`t know the words, then you can clap” e bate palmas, “or jump or something! Or something!” e salta. O solo semi distorcido de Richard Oakes dá início a “Beautiful Ones”. A plateia pula ao ritmo da agressividade da bateria de Simon Gilbert e dança sob o comando do baixo gingão de Mat Osman. Brett Anderson está a suar, salta e levanta o braço esquerdo mantendo o poder enigmático sobre o público, enquanto há uma progressão dos solos de Richard Oakes, que atingem um falso climax: “High on diesel and gasoline, psycho for drum machine”, “suicide”, “twenty two”, “sex and glue”, “pill”, “time to kill”. Cantado em uníssono com a plateia saltitante: “Here they come the beautiful ones”. “Sing it”. Público: “Lálálá”. Brett Anderson: “Here they come the beautiful ones”. “the beauriful ones”. “Sing it!”. Público: “Lálálá”. Há uma quebra rítmica e a guitarra-solo semi distorcida impõe-se através de uma constante modelação à melodia, e o baixo pontua-a com a vibração pop-funk. “Stoned in a lonely town”. “Shaking their bits to the hits”. Sobre os acordes distorcidos/melodiosos Brett Anderson e o público cantam: “OOOO Here they come the beautiful ones”, e ajoelha-se na direita e repete três vezes: “OOO And if your baby's going crazy that's how you made me”. Desloca-se para o centro e após o break de Simon Gilbert, canta “Lálálá”, o público de braços no ar responde à sua invectiva: “Lálálá”. Encaminha-se para a direita onde encoraja e domina a voz do povo: “Láláláá”. A bateria marca o fim da progressão e as luzes brancas iluminam o palco consecutivamente. Brett Anderson com o punho sobre o coração: “Thank you very much Porto!”. Os Suede, abandonam o palco do Coliseu do Porto, ao regressarem são recebidos com palmas e com a espontânea entoação: “Lálalálálá”. Brett Anderson ri e dança e entusiasma-se com a alegria contagiante do público. A guitarra acústica de Neil Codling marca o ritmo e a de Richard Oakes dedilha a melodia esotérica, e desenham uma revisitação delicada ao slow pop “She`s in Fashion”. A voz de Brett Anderson acompanha-as docemente: “She is the face on the radio”. “She is the color of a magazine”, “She`s in Fashion”. Público: “She ´s in fashion”. Brett Anderson: “OOO”. Brett Anderson/público: “She is in fashion OOO”. Brett Anderson: “And she is in fashion OOO”. Palmas. “Thank you so much!”. “Lovely people”. E em eco despede-se dos portugueses: “Thank you”, “Goodnight”. “New Generation” tem um ritmo pós- Stone Roses a partir do qual a guitarra de Richard Oakes desenha uma melodia conspurcada com a insatisfação que intoxica a juventude. A bateria marca a mudança do ritmo para uma pontuação curta, o baixo configura-se ao seu domínio e surge a voz grave: “I wake up every”, a crescente progressão da secção rítmica e a guitarra-solo relegam-na para uma contida catarse “Screaming my name through the astral plane”. Desce do palco e no fosso toca no público e a sua voz grave “And like all the boys in all the cities” intercalada com a aguda: “I take the poison, I take the pity”, “But she and I, we soon discovered”. Brett Anderson sobre o gradeamento toca as mãos ansiosas, e os solos de Richard Oakes comprometem-se com o domínio da piromania, “OO She is calling here in my head”, “Can you hear her calling?”, “it´s like a new generation calling”. O ritmo encurta-se e Brett Anderson, “I`m losing myself to you”, “I`m losing myself to you”, sobe ao palco. Os Suede progridem rapidamente para uma convergência sustenida (glam rock). Brett Anderson “We take the pills to find each other” e a guitarra de Richard Oakes sobrepõe-se epicamente à de Neil Codling, o ritmo explode progressivamente para emoldurar a profecia: “It's like a new generation rise”, o ritmo aumenta na escala, “we'd take the pills to find each other” , “in my head”, solo de Richard Oakes, “Can you hear her calling?”, “It's like a new generation calling”. Há um escalar de violência rítmica “And I'm losing myself, losing myself to you” violada pelo solo de Richard Oakes, “to You”, solo de Richard Oakes, “to you”, solo de Richard Oakes, “to you”, solo de Richard Oakes, “to you”, solo minimal de Richard Oakes que constrói e desconstrói os acordes pungentes do refrão. Brett Anderson está no cimo de um monitor, bate palmas e o público segue-lhe o rítmo, a guitarra e a bateria impõe uma (in)esperada desaceleração e Brett Anderson assobia como um Beija-flor.
Suede, “Bloodsports”, 08 de Novembro, Coliseu do Porto @ Porto
Em memória do Napoleão.
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