segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019
domingo, 24 de fevereiro de 2019
Portnoy's Complaint
Recorda os dias em que o sol dominava a sua consciência e anulava os pensamentos sombrios que recorrentemente surgiam ao anoitecer e que sua mãe acidentalmente tentava mitigar com histórias de encantar e adormecia com a sua voz suave e que sentia de forma cândida e amorosa e sonhava com inúmeras imagens em que as personagens eram seu pai e sua mãe enlaçados sobre uma nuvem e desta relação sobrevinha-lhe uma estranheza que o perturbava porque jamais os havia visto a dar um beijo no rosto ou a darem as mãos quando iam por exemplo a uma geladaria situada numa marina com iates de milionários na reforma e esta frieza inconscientemente causava-lhe uma perturbação recorrente que lhe induziu a paranóia e essa fragmentava-se em si e simultaneamente consolidava-se e promiscuamente anulava os sinais que o poderiam satisfazer algo continuamente negado pela ansiedade que lhe secava a alma e a transformava num objecto que representava o nada e esta angustia de não pertencer ou existir cobriu-o com uma invisibilidade que atingiu o seu ego reduzindo-o a uma forma estranha de adolescência em que era recorrente esconder-se numa máscara transparente; Geek Daddies são inicialmente um duo que passa a trio com a inclusão de um baixista e estes divagam pelo rockabilly e pelo rock and roll o óbice é que as canções sofrem com falta de soluções que os leve a apresentar algo que seja original infectadas por estruturas incipientes quando passam a quinteto ganham poder sónico e o rock é preponderante mas o problema é que estas são similares umas às outras algo que é entediante isto com a agravante dos comentários idiotas do vocalista/guitarrista (somente deprimente); que produzia figuras estereotipadas que serviam para satisfazer a existência dos outros e por efeito de boomerang anulavam-no e a sua baixa auto-estima era cultivada perante a eventualidade de jamais igualar os feitos heróicos de seu pai do qual ansiava ser amado e não pelo seu ego onde era recorrentemente deglutido sem qualquer tipo de ressentimento e esta frieza distanciava-o do seu pai que se comportava como alguém que fazia do super ego um nazi que impedia a livre circulação dos pensamentos algo que lhe incutiu uma perspectiva sobre a realidade de constante rejeição e assim a sua personalidade estava talhada para ser um submisso aos comentários dos outros ou a ter recorrentemente ataques de pânico quando algo que se encontrava fora do lugar que havia pré-determinado nessa obsessão grassava um constante medo de rejeição que lhe impunha uma castração que o impedia de crescer e quando a vida adulta se acercava mais o perturbava e o limitava à solidão do seu quarto com vista para um eucaliptal e perguntava-se se ainda se lembrava de como havia chegado a esse lugar; as canções de Cassete Pirata são predominantemente pop com laivos de um esoterista kitsch que as coloca num passado indeterminado pois os arranjos são de tal forma equilibrados que as tornam quase perfeitas ao instruírem o ouvinte da possibilidade de vivenciar um tempo quase onírico e por isso utópico mas este veio é gradualmente cortado pelo rock que é primeiramente somente referenciado e posteriormente passa a ser dominante e sonicamente portentoso e a prestação é irrepreensível (nos dois vectores) algo que por si só é surpreendente assim como a forma inteligente de comunicar com o público que em pé (a convite da banda) esta na boca de cena galvanizado perante as canções apoteóticas deste colectivo; e a resposta era um silêncio que o angustiava e se ficava a ouvir a rádio a música proporcionava-lhe um bem-estar que lhe recordava a infância em que nada sentia somente vivia e esta livrava-o da tristeza crónica que gradualmente o envenenou em depressões que agudizavam as suas perturbações mentais e o consignou a um negrume que lhe toldava o olhar e o impedia de ver a beleza que o rodeava fosse da mulher ou da filha que por vezes o despertava com as suas brincadeiras de criança mas encontrava-se num túnel que teimava percorrer sem que fosse capaz de ultrapassa-lo com um motor de raiva porque não tinha ferramentas que o libertassem do mal por vezes via-se no porto a acenar um adeus para o navio que era um ponto negro no horizonte no qual aspirava um dia zarpar outras vezes compunha imagens de recorte de jornal e tentava recriar o que julgava que o quebrava por dentro e o impedia de acelerar para fora do escuro se ouvia a mulher que era um fantasma que lhe recordava a mãe e por essa razão respondia-lhe como quando ainda era uma criança e almejava um dia ser normal.
Clap Your Hands And Say F3st! (Cassete Pirata + Geek Daddies), 22 de Fevereiro, Teatro Miguel Franco, Leiria.
Clap Your Hands And Say F3st! (Cassete Pirata + Geek Daddies), 22 de Fevereiro, Teatro Miguel Franco, Leiria.
domingo, 17 de fevereiro de 2019
Elementary Treatise on Chemistry
As demolições prosseguem lentamente porque há órgãos que devem ser preservados para que continue vivo até que surja o reboque e o arraste para a incineradora a sua respiração é lenta e pausada e o seu olhar está preso à inércia apesar da sua pupila brilhar e tentar comunicar que está gradualmente a morrer mas desconhece que tal exista somente instintivamente é que luta pela vida está coberto por um edredão de penas para manter a temperatura tépida e não definhar aos raios de sol duplicado que movimenta a luz intercaladamente sobre os visitantes que se enrolam nas suas sombras que os petrificam e se tentam o movimento sentem um peso no interior que os impede de exprimir a sua natureza que presa se relega para a insensibilidade mas talvez na Primavera floresçam se as suas pétalas forem tão frágeis quanto o vento de cristal e a cobiça por estes figurantes instigue o seu saque por museus onde se coleccionam as cartas de ouros e paus e notas de civilizações fantasmas que tal como a de hoje tinham uma terra movediça que se descolava e se colava aos muros que sustentavam o peso inerte do futuro que é uma divagação presente do que será e o estrume que é defecado por empilhadoras de cadáveres albinos sem rosto ou propriedade que os distinga uns dos outros a pestilência é absorvida pela atmosfera que é constituída por um gás tóxico como em tempos o mostarda que envenenava os guerreiros que a trote se entrincheiravam na fossa comum do além; o duo Lavoisier divide-se por um guitarrista e corista e por uma cantora que em algumas canções usa a precursão e estas soluções minimais jogam de forma intensa já que a guitarra eléctrica remete para o universo da música popular portuguesa acentuada pelas vocalizações da cantora que são de quem conhece o poder da língua portuguesa elevando-as à condição de pertencerem a um território em que impera a portugalidade disso é exemplo o poema do Fernando Pessoa ortónimo mas há também o desespero ou a dor da violência da partida ou a profusão de quadros maioritariamente naturalistas e o resultado é próximo de algo que se arquitecta segundo os princípios de uma excelsa performance que por si só é de uma perfeição arrepiante; e ouve-se uma batida de um ponto distante que se aproxima num eco seco e ameaçadoramente percorre as duas linhas do horizonte que infinitamente espelham o vazio que as rodeia e invertidamente há um resto de algo que é imperceptível para o olhar de um relógio submerso numa alienação refrescante que uma auto combustão transforma em cinzas que bóiam na crueldade de um lençol com um rosto que se sacrificou por um mundo inexistente e à distância de um chamamento de uma gruta que ecoa como um búzio que propaga a tempestade que soturnamente eclipsa o sol em duplicado e o grotesco impera em cada coisa que representa o ser que saltita por entre as pirâmides que limitam o espaço que condicionam as portas da percepção e se consome o inadiável haja sonho que seja cumprido numa tarde especial que dá continuidade a sulfuração do passado e na eventualidade de um derrube dos sintomas que perfazem a felicidade que se desvanece num segundo e o silêncio é a negação que se assoma à clarabóia de onde há vista para o interior de um organismo em decomposição com um plástico a enclausurar o seu coração que se por vezes ainda bate é como se estivesse a dar as últimas badaladas e há idosos que picam o pica-pau num prato de barro fundido que se limitam a olhar para o seu fogo que desde tempos remotos é idolatrado como se fosse um Deus que é tão letal quanto efémero para o qual fazem vénias subservientes e ao fim das quais desaparecem compulsivamente para um domínio onde ainda fazem sentido e cai a noite e o sol duplicado é substituído por um luar de duas luas cheias de contornos enigmáticos apesar da sua geografia representar rostos diversos dos quais é somente possível percepcionar linhas curvas aparentemente rugosas que enaltecem uma abstracção que se vibra é como a corda de um violoncelo que se propaga do espaço advindo de uma galáxia vizinha.
Lavoisier, 15 de Fevereiro, Centro Artes e Espectáculos da Figueira da Foz, Figueira da Foz.
Lavoisier, 15 de Fevereiro, Centro Artes e Espectáculos da Figueira da Foz, Figueira da Foz.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019
terça-feira, 5 de fevereiro de 2019
João Aguardela, esta vida de marinheiro – Dos Sitiados à Naifa, a rasgar a vida
As vozes cantam para um Rei sentado num trono a fumar o cachimbo de ópio para se desenfadar dos dias penosos a emergir dos lençóis de linho e da janela apenas encontrar o casario coberto de neve que o impede de ir à caça da raposa ou de cortejar uma das aldeãs que se remetem para o interior dos seus abrigos para se aquecerem à lareira todas lhe pertencem de corpo e alma assim como os seus filhos mesmo que sejam fruto de uma relação extra conjugal e tenham piolhos e lêndeas a usufruir do seu sangue azul pouco lhe importa quem o irá suceder se a rainha-mãe ou o tio avó se alguém que seja esbelto e de cabelo enrolado à cintura e que toque harpa e faça graça da condição humana e que seja tão insensível quanto obstinadamente egocêntrico e faça de conta que não existe ou somente para si e somente para o espelho onde aparece um rosto enevoado a trautear uma ladainha infantil que secretamente o recoloca no seu leito de bebé robusto a babar-se sobre as notas do cravo que ecoavam pela barriga do seu castelo ao estilo francês onde mãos seguram archotes que iluminam o seu quarto com uma cama que lhe parece estranhamente maiúscula e movediça como uma barca de um trovador de cantigas de amor que é algo que até hoje não sentiu porque a sua mãe sucumbiu à dor quando lhe cortaram o cordão umbilical segreda ao ouvido de um Minotauro um sussurro inaudível e perante a inexistência de tal figura recusa-se a abrir o livro de contas para acertar os ditames deste dia e ao evadir-se para um outro departamento onde se esgrimem diversas sombras sobre a possibilidade de transgredirem a sua natureza e reverter para uma outra condição que lhes dê vida e logra replicar em favor de que tal transformação seja cumprida e se lhe oferecem uma porta de saída recusa-a; noite de festa para o blog A Certeza da Música pois celebra dez anos na Fábrica das Ideias na Gafanha da Nazaré a divulgar especialmente a música portuguesa e como tal homenageia João Aguardela (com uma exposição fotográfica do Jorge Buco ex-Sitiados) que hoje faria cinquenta anos com a agravante de ter sucumbido a um cancro há dez anos; a abertura do palco principal é da responsabilidade dos Lobo Mau que discorrem por um romantismo que liricamente é marcado por inúmeros lugares comuns assim como as canções de protesto (“Há fome nos dias de seca/ Há carne nos dias de festa”) e musicalmente são pobres porque remetem para um universo em que lhes é exigido um dramatismo pop (nas românticas) e uma clareza do uso da palavra para terem consistência e abalarem as consciências (nas canções de protesto); (palco do bar) Tio Rex é um jovem sentado numa cadeira com uma guitarra acústica que obviamente dedilha e a certa altura troca-a pelo banjo mas o resultado com ambas é constrangedor resumem-se às cantadas em português a decalques das canções de intervenção e as de carácter amoroso pecam por versos deste calibre: “Não levo animais comigo/ Só preciso de um abrigo”, e ainda arrisca o inglês e enterra-se numa sequência de temas que carecem de originalidade; (no palco principal) As Señoritas são compostas por Sandra Baptista e Maria Antónia não se sentem intimidadas pelo tamanho grandioso do palco antes através das suas canções expurgam a dor que está alicerçada no fado da saudade mas é apresentado como se fosse uma memória da qual parecem querer retirar as últimas lágrimas e esse dramatismo é cortado por canções acentuadamente pops que têm versatilidade suficiente para fazer dançar os mais incautos e se são sublimes em ambos é porque os seus mecanismos são simples e por isso eficazes e para o encore apresentam “Amanhã” dos Sitiados a banda que deu notoriedade a João Aguardela e da qual fez parte a Sandra Baptista que é sua viúva já Maria Antónia militou na Naifa a última banda do genial Aguardela e esta sublinha: “O João deixou-nos há dez anos e hoje faria cinquenta anos”; em nome dos seus mistérios e de outros superlativos encontros onde terá que intervir a favor ou contra algo que o entedia e tece considerações diversas sobre a sua solidão sem encontrar a justificação para ser um monarca de um reino com pirilampos que piscam à sua passagem iluminando a estrada de terra batida e o rio e os lagos se encham de felicidade quando atira uma flor com espinhos ao seu leito e esta segue para o país vizinho anunciando que os irá anexar para mitigar a sua solidão recebe uma comunicação de um transístor desavindo que cola as palavras umas às outras numa impossibilidade de entender se é um SOS ou um poema escrito por alguém que desconhecia o sentido musical dos versos algo que o deixa especado a tentar se enquadrar no tempo e no espaço e suporta-se nas pernas como se estas fossem umas andas que o agigantam e logra alcançar o céu e rouba-lhe uma maçã que oferece ao Minotauro que a recusa com um gesto agressivo e ri e continua a deslocar-se por entre montes e vales verdejantes onde as ovelhas e as cabras fazem fila para entrar num matadouro julga-se a si através de si mas desculpa-se por alterar a ordem estabelecida pela realidade e incrimina-se segundo as regras que estabeleceu e que não lhe permitem colidir com constelações vizinhas que explodem continuamente e que o cegam e a escuridão fá-lo rejeitar a infância e põe e ou tenta cavar na sua consciência um retorno que lhe indique as coordenadas para uma outra guerra onde não encarne num Minotauro sequioso por sangue.
10 Anos de A Certeza da Música, 2 de Fevereiro, Fábrica das Ideias, Gafanha da Nazaré.
Em memória do João Aguardela.
10 Anos de A Certeza da Música, 2 de Fevereiro, Fábrica das Ideias, Gafanha da Nazaré.
Em memória do João Aguardela.
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019
domingo, 3 de fevereiro de 2019
Sítio do Picapau Amarelo
Na praceta não há sinais que indiquem o caminho a percorrer para sair deste remoinho de casas envelhecidas que perdem restos de cimento ou têm as portas desdentadas o vento dita que o seu hálito gélido e seco movimente a antena vizinha de televisão enferrujada os cães ladram à passagem de um carro que segue para dentro de uma garagem improvisada de placas de amianto e no outro lado da rua mulheres sentadas à soleira da porta sob uma sombra de inverno da igreja observam um homem a passar por entre inúmeras poças de água da noite anterior que reflectem minúsculos raios de sol que por vezes são pisadas num ecoar de terra suja e se a sua caminhada é a de quem segue o trilho para um café fedorento a tabaco fumado por gargantas habituadas a emborcar o bagaço para matar um bicho matinal que nos tempos da infância não os deixava adormecer nem tão pouco a eventualidade de um papão os papar para parte incerta é algo que ainda hoje expurgam depois de mais um bagaço em modo de festa porque há uma vitória no futebol por parte dos encarnados encardidos de um suor de quem está disposto a continuar a correr mesmo que o jogo tenha acabado e ainda se ouvem moscas a suicidarem-se numa grelha suspensa no tecto da sala é mera imaginação de quem as vê como se fossem escravos que se cansaram de chafurdar na merda da civilização e seguiram para a fogueira onde os demos ardem e exalam o odor a enxofre de cadáver esquisito desenhado por anjos e serpentes como um biombo do oriente em madre pérola e pau-preto indo-português falam uns com os outros numa alegria intoxicada que não se transformara em ressaca porque a irão mitigar com o vinho do garrafão que em casa guardam debaixo da mesa de madeira carunchosa que sofre com as panelas a ferver e deixam marcas de buracos negros ladeadas por constelações de estrelas cortadas por um vinco de navalha que é cometa que rompe o céu noctívago; o Festival Clap Your Hands Say F3st! convida o Conjunto Corona e a cantora e guitarrista Carol que discorre esteticamente pela bossa nova e pelo tropicalismo dotada de uma voz melodiosa que faz do seu canto algo quase excessivamente meloso mas tal é somente um pormenor sem importância porque é de uma expressão eloquente de tão bela e a somar a isto a forma desenvolta com que toca a guitarra acústica e somadas remetem para uma urbanidade onde há temperaturas abrasivas e onde (mesmo na pobreza) reina uma felicidade contagiante; o Conjunto Corana são compostos por dois MCs e de um Dj/MC e ainda uma figura que inicialmente é um elemento figurativo e o hip hop é alicerçado num Dub dengoso que serve para pano de fundo para a poesia urbana que é duplamente alicerçada no escárnio e no gozo que este produz porque versam sobre personagens que podem ser gunas ou as famílias que passeiam nos domingos nos shoppings do Porto (de onde são originários) e ainda há uma vincada atitude machista que é retratada e por isso censurada e assim como o tráfico e o consumo de drogas isto pejado de tons irónicos profundamente chungas que esteticamente deve ser substituído pelo kitsch ah e o tal figurante é o representante de um absurdo pois é de tal forma alienado que é o exemplo vivo da consciência do bas fond que os Corona retratam fielmente-- somente arrebatador (sem caírem no erro de traduzir a cultura americana do hip hop para o contexto português algo que é infelizmente lugar comum em Portugal); há quem se sente no balcão e se aproprie do Correio da Manhã com as contas por pagar à Segurança Social e as dívidas aos fornecedores de substâncias licitas como o café e a cerveja drogas que se não os matam vão amiúde marcando o seu território nos diversos órgãos que trabalham segundo os ditames dos seus vícios têm os olhares presos num vazio em que é imperceptível a sua essência aparentemente ou virtualmente virada para um centro que ignoram e que lhes provocam uma contínua submissão aos poderes da igreja católica que tanto adoram porque não têm consciência que há liberdade para além dos seus dogmas e desconhecem o ritmo das cidades ou a realidade do Equador conversam sobre uma casa que alberga uma prostituta num anexo gélido com dois quartos com camas de colchões fatigados de tanto terramoto ou sismos tântricos e um bidé de onde escorre água gélida na qual lava a tatuagem na virilha que é o seu nome em mandarim que poderá ser Joana ou Tânia ou Rita e ainda Daniela fugidas de um mundo exótico onde barragens danificadas encarceram pessoas em barracas de tijolo colado com cimento arenoso e garimpeiros enlameados tentam irromper do lamaçal e animais tão selvagens quanto os índios estão mumificados para que um dia sejam descobertos e estudados para compreender em que tempo existiram e os alarves da tasca estão alheados de qualquer fronteira que os expulse do seu lugar que conquistaram de forma sofrida sob os desígnios de alguém que ainda idolatram por nessa altura terem tanto ouro quanto os ingleses ou os alemães esse era o seu Pai e sem o qual se sentem desamparados numa democracia que consideram hostil por tão corrupta.
Clap Your Hands And Say F3st! (Conjunto Corona + Carol), 1 de Fevereiro, Teatro Miguel Franco, Leiria.
Clap Your Hands And Say F3st! (Conjunto Corona + Carol), 1 de Fevereiro, Teatro Miguel Franco, Leiria.
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